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A incerteza do rumo da pesquisa arqueológica no Brasil foi o ponto central
do debate "As perspectivas da arqueologia brasileira", promovido pela Folha
e pela 'Revista USP' na segunda-feira (17/4), para lançar o nº 44 da revista,
que tem como tema "Dossiê Antes de Cabral: Arqueologia Brasileira".
Ao final do debate, o público pôde fazer perguntas aos professores - dirigidas
ou não - mediadas pelo jornalista Marcelo Leite, editor de Ciência da Folha.
As professoras Solange Caldarelli, doutora em ciências humanas pela USP,
especializada em pré-história e em arqueologia, e Irmhild Wüst, professora-titular
de arqueologia do Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás,
dizem acreditar que o futuro da arqueologia no Brasil está na arqueologia
de contrato - financiada por empresas e instituições privadas.
"O grande problema da arqueologia é o fato de ela ter tido suas primeiras
gerações de pesquisadores, algumas décadas atrás, eminentemente técnicas
e não científicas", diz a professora Solange Caldarelli. Para Irmhild Wüst,
"se pegarmos os projetos da arquelogia de salvamento (pesquisa acadêmica),
podemos jogar fora 99% deles".
Na opinião de Walter Alves Neves, professor livre-docente do Laboratório
de Estudos Evolutivos Humanos do Departamento de Biologia do Instituto de
Biociências da USP, o mesmo acontece com a arqueologia de contrato. "A arqueologia
de contrato é escandalosa, muito ruim. Mas não vejo como aumentar o nível
dos projetos sem mexer na pesquisa acadêmica", afirma.
Pedro Paulo Funari, professor livre-docente do Departamento de História
do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, se diz otimista
em relação à arqueologia acadêmica. "Eu vejo que esses jovens arqueólogos
que fazem pelo menos um estágio no exterior percebem que existe um universo
de pesquisa muito maior do que estão vendo aqui. E estão produzindo bons
artigos científicos."
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