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Medo do apocalipse é medieval

RENAN GARCIA MIRANDA
ESPECIAL PARA A FOLHA

É o fim do mundo! Essa expressão, tão cotidiana, expressa permanência de um temor medieval. Nem sempre como metáfora, ela surge como um medo concreto em muitos cristãos dos mais variados matizes. Testemunhas de Jeová anunciaram o fim do mundo para 1914; os ”Borboletas Azuis“ em Campina Grande, na Paraíba previram um diluvio que marcaria o fim do mundo para 13 de maio de 1980; no Japão um grupo responsável por um atentado no metro de Tóquio previa o fim do mundo para 15 de abril de 1995. Com a chegada do ano 2000, muitos sinais, a exemplo da Idade Média, foram interpretados com indícios do final dos tempos.

No reveillon de 999 muitos europeus aguardavam o apocalipse. A crença no fim do mundo no ano 1000 vinha de uma interpretação literal de um dos mais obscuros textos bíblicos, o Apocalipse de São João. Ali se lê que ‘depois de se consumirem mil anos, Satanás será solto da prisão“ para ”seduzir as nações do mundo“. Um eclipse, um incêndio inexplicável, pragas agrícolas, o nascimento de um bebê monstruoso, a passagem de um cometa no céu, o relato da aparição de uma baleia do tamanho de uma ilha na costa francesa, a grande epidemia de 997; tudo isso era interpretado como sinais claros da proximidade do fim do mundo.

Esse inquietação, denominada milenarismo , apropriou-se dos corações e mentes. Um medo de que chegara o momento de Jesus Cristo trazer a lista dos reprovados no Juízo Final. Muita gente doou todas as suas posses, muitos também se inflingiram cruéis castigos, a título de penitência.

O Reveillon passou. O apocalipse não veio, mas a população só se acalmou em 1033, mil anos após a morte de Jesus Cristo. Esse ”terror milenar“ era uma expressão do caos político que se seguiu à desagregação do Sacro Império de Carlos Magno. Em 954, um Pequeno tratado do Anti-Cristo, de autoria do abade Adson, previa o fim do mundo depois de ”todos os reinos estarem separados do Império Romano, ao qual haviam estado anteriormente submetidos“.

Forte religiosidade, decadência da autoridacentral, invasões, declínio do comércio e da vida urbana. O feudalismo que surgia desta crise não era um sistema elaborado por alguma teoria, mas uma resposta improvisada à falta de uma autoridade central eficiente. As práticas daí surgidas não eram uniformes, diferiam de localipara localidade, e em certas regiões não chea criar raízes firmes.


Renan Garcia Miranda é autor de ”Oficina de História“, pela Editora Moderna, e professor de História do curso Anglo Vestibulares.

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