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Dicas de gramática

Conheça os pronomes pessoais e saiba como combiná-los com os verbos

DÍLSON CATARINO *
especial para o Fovest Online

É muito comum ouvirmos, no Brasil, frases como “O gerente deu permissão para mim sair mais cedo hoje” ou “Esse salário não dá para mim sustentar a família”, ou ainda frases como “Eu lhe amo tanto!” ou “Eu o obedeci cegamente”. Todas erradas.

Qual o problema delas? É o uso dos pronomes pessoais, objeto de nosso estudo de hoje. Comecemo-los, então.

Aliás, esse é outro problema: a combinação de verbos com os pronomes pessoais do caso oblíquo átono: como saber se o certo é comecemos-os, comecemos-los ou comecemo-los? Então, comecemo-los já:

Eu ou mim?

Só se usam os pronomes eu e tu quando funcionarem como sujeito de um verbo. Perceba, então, que o segredo é este: analisar sintaticamente a oração; caso o pronome funcione como sujeito, use “eu” ou “tu”; senão, use “mim” ou “ti”.

Por exemplo:

“Era para eu sair mais cedo hoje”, pois o sujeito de “sair” é o pronome “eu”;

“Ela trouxe o livro para mim”, pois o pronome não funciona como sujeito.

Agora preste atenção a esta frase:

“Foi difícil para mim conseguir o emprego.”

Parece estar errada, não é mesmo? mas está certa, pois o pronome não funciona como sujeito, como à primeira vista possa parecer.

Na verdade, “conseguir o emprego” é uma oração que funciona como sujeito do verbo “ser”. Observe a inversão:

“Conseguir o emprego foi difícil para mim.”

Percebeu como o pronome não funciona como sujeito? Isso ocorre quando surgir “custar, faltar, restar, bastar ou verbo de ligação com predicativo do sujeito”:

“Custou para mim aceitar a situação.”

“Falta para mim conversar com três candidatos.”

“Resta para mim explicar duas teorias.”

“Basta para mim ter você ao meu lado.”

“É necessário para mim aguardar ordens superiores.”



Com nós ou conosco?

Quando, à frente do pronome, surgir uma palavra ou uma expressão que indiquem quem somos nós ou quem sois vós, tem-se que usar “com nós” ou “com vós”.

As palavras que surgem são “mesmos, todos, próprios, alguns, muitos, um numeral, um substantivo ou uma oração subordinada adjetiva”.

Por exemplo:

“Eles conversaram com nós todos.”

“Ela esteve com nós que trabalhamos lá.”

“A paz esteja com vós mesmos.”


Caso não haja qualquer palavra ou expressão que indiquem quem somos nós ou quem sois vós, usa-se “conosco” ou “convosco”. Por exemplo: “A paz esteja convosco”.



Se, si, consigo

Esses pronomes são reflexivos, portanto não podem ser usados com outra finalidade, a não ser para indicar reflexibilidade ou reciprocidade.

Por exemplo:

“Ela só pensa em si mesma.”

“Arrume-se, pois estamos atrasados.”

“Ao vir para cá, traga consigo o disco.”

“Nunca vi duas pessoas se amarem tanto.”


Cuidado com o uso de “consigo”. Não confunda com “contigo”, que é pronome de segunda pessoa do singular. Por exemplo:

“Ao vires para cá, traze contigo o disco”.



O, a, os, as ou lhe, lhes?

Os pronomes “o, a, os, as” funcionam como objeto direto; “lhe, lhes”, como objeto indireto de verbos que exigem a preposição “a”.

Por exemplo:

“Lembra-se daquele carro que lhe mostrei? Comprei-o ontem.”

Usei “... lhe mostrei”, pois “quem mostra, mostra algo a alguém.”

“Comprei-o ...”, pois “quem compra, compra algo.”


Os pronomes “o, a, os, as” serão usados após verbos terminados em vogal. Quando o verbo for terminado em M, ÃO ou ÕE, troca-se o pronome para “no, na, nos, nas”; quando for terminado em R, S ou Z, estas terminações desaparecem, e o pronome se transforma em “lo, la, los, las”.

Por exemplo:

“O carro, eles compraram-nos ontem.”

“As criancinhas, o pastor condu-las com firmeza.”

“Essas músicas, ele produ-las num piscar de olhos.”


É por isso que lá no começo escrevi “comecemo-los”, pois o verbo “começar” é transitivo direto; “comecemos” é terminado em “s”, por isso, “os” transforma-se em “los” e o “s” desaparece.

Até mais ver.

* DÍLSON CATARINO é professor de língua portuguesa e poeta. Ele leciona em Londrina (PR)
 

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