04/05/2001
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01h44
Backstreet Boys: Eles cantam? Quem liga?! É um fenômeno passageiro
LAURA PRADO da Folha Online
Houve uma época em que o bom fã era aquele que sabia de trás para frente as letras das músicas de seus ídolos, a ordem das canções nos álbuns e o que cada uma significava na carreira do astro. Hoje, o negócio é ficar numa fila por 15 dias e encher de "I love you" metros e metros de papel.
Essa substituição de devoções ficou bem clara no show dos Backstreet Boys no Maracanã, no Rio de Janeiro.
De doze garotas questionadas, somente uma soube cantar um pedaço de uma música dos garotos e nenhuma delas soube dizer o nome das canções que estavam sendo tocadas.
É o culto à personalidade em seu grau mais elevado.
Não importa quão bem eles cantem, quão inteligentes sejam as letras das músicas. As 70 mil fãs que foram ao estádio ver seus ídolos foram exatamente para isso: ver os meninos, não para ouvi-los.
Ou, se quiserem, foram ouvi-los dizer "obrigado Brasil" e "boa noite, Rio", só pelo gostinho de ouvi-los falando em português. O resto é resto. Fãs de Backstreet não sonham em ser iguais a eles, sonham em CASAR com eles.
Mas não saber a letra não quer dizer que elas desprezem as músicas. Pelo contrário, elas adoram, só não estão ligando muito se as letras são basicamente as mesmas e o ritmo extremamente parecido: o que importa é que eles são lindos.
Se eles são músicos, então as fãs vão comprar os álbuns. Se fossem atores, elas iriam assistir aos filmes e assim por diante, com o produto cultural sempre na retaguarda.
Não posso culpá-las: A.J. realmente é uma graça sem camisa, e Kevin é, pra dizer o mínimo, fofo.
As BSB girls, como já ficaram conhecidas, não são as primeiras e com certeza não serão as últimas. Já houve Menudos e New Kids on the Block. E, claro, o pai de todos, o Beatles, que arrastou multidões de garotas desesperadas por onde passou.
Mas talvez na época dos Beatles o público fosse um pouco mais criterioso, afinal, mesmo após o fim da banda, eles continuam vivendo na memória de fãs antigos e novos, e a qualidade da música é inegável.
Pode ser que seja esse também o destino dos Backstreet Boys. Mas, por enquanto, eles são um fenômeno passageiro, fadado a seguir os passos do New Kids: sucesso instantâneo, carreira meteórica e o anonimato quase absoluto alguns anos depois.
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