06/05/2001
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03h01
Backstreet Boys impressiona, mas não sabe se chega aos 16
CARLA NASCIMENTO da Folha Online
Atire a primeira pedra quem nunca parou para ver um show pirotécnico e com efeitos especiais. Se ele vier acompanhado de uma coreografia em perfeita sincronia, aí nem se fala. Pois o show do Backstreet Boys tem tudo isso e não há como não se impressionar com a superprodução trazida pela "boys band" para os shows dos dias 3 e 5, no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Mas a produção, tão pensada em todos os detalhes para ser impactante, não consegue esconder a previsibilidade. Conforme os minutos vão se passando o espectador mais atento começa a ver retalhos de referências que os cinco rapazes fazem com competência, mas sem nada de originalidade.
A imagem dos cinco amigos que brincam no palco dando a idéia de serem quase irmãos - como os Jackson Five -, as coreografias e a sonoridade de uma música de Michael Jackson que aparece em um ou outro momento e a idéia de fazer com que cada um dos rapazes corresponda a um modelo de comportamento - A.J. como um "bad boy" ou Nick como o irmão mais novo - não esconde: Backstreet Boys foi pensado em todos os detalhes para ser um fenômeno. E conseguiu!
O show reforça, do início ao fim, a imagem criada para o grupo. Eles abrem o espetáculo como se fossem heróicos cavaleiros, reforçando a imagem de bons moços. Em seguida, encarnam a figura do príncipe encantado fazendo crer que qualquer fã pode ser eleita por eles. Entre um papel e outro, eles executam passos de coreografias que podem fazer corar mesmo as mais desinibidas. E, para que não restem dúvidas, eles reforçam todas essas idéias textualmente. Os textos, previamente pensados, conquistam de vez o público feminino com coisas do tipo, "vocês gostaram da minha roupa?", ou "agora são só vocês e eu".
Como se tudo isso não fosse mais do que suficiente, eles esbanjam simpatia. Abraçam os bichinhos de pelúcia atirados pelas fãs no palco e fazem outras gentilezas que acabariam com qualquer resistência, se houvesse alguma entre os que foram assistir aos shows da banda.
Por que então, depois de estar mais do que comprovado que, apesar da previsibilidade, eles são um fenômeno, ainda se coloca em dúvida se os Backstreet Boys vieram para ficar? Talvez a resposta esteja no fato de que uma banda de música só resiste ao tempo se tiver algo mais do que uma coreografia ensaiada.
No show que eles fizeram ontem, em São Paulo, Nick, um dos integrantes, estendeu uma faixa que fazia referência aos oito anos de existência da banda e disse "esperamos continuar por mais oito anos". A pergunta é: será que eles conseguem?
Backstreet Boys Quando: dias 3 e 5 de maio, às 20h Onde: Estádio do Maracnã, no Rio de Janeiro, e Centro de Convenções do Anhembi, em São Paulo
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