19/10/2001
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09h00
Em "Réquiem para um Sonho", sonho americano vira pesadelo
CÁSSIO STARLING CARLOS editor do Folhateen
"Cinema é a melhor diversão." Se você concorda com esse slogan, mantenha-se à distância de "Réquiem para um Sonho", segundo filme do celebrado Darren Aronofsky.
O ponto de partida é um romance de Hubert Selby Jr., o mesmo de "Noites Violentas no Brooklin". Dois pólos da vida -juventude e velhice-, afastados emocional e afetivamente, reencontram-se tragicamente sob o signo (destrutivo) das drogas.
Um pós-adolescente mergulha nas "delícias" da cocaína e da heroína e embarca na manjada trajetória do vício. Do outro lado, sua mãe afunda-se no "pesadelo" das anfetaminas quando resolve fazer de tudo para emagrecer.
A premissa é boa: o sonho americano é transformado em pesadelo sob o impacto de drogas, tanto ilícitas quanto lícitas. Poderia render mais, não fosse a insistência em sobrecarregar as imagens. Como o filme é uma tradução visual das "alterações de consciência", situa-se frequentemente no limite do "insuportável".
O filme é ruim? Não, graças aos atores, que toparam uma parada dura e conseguiram não cair no "overacting". Ellen Burstyn dá um show no papel de "senhora anfetaminada".
O filme é bom? Não, porque não dá ao espectador a oportunidade de pensar por conta própria, oferece "lição de moral" disfarçada de cinema e regula o visual pela fórmula "quanto mais, melhor".
Como os personagens, Aronofsky acredita que tem uma droga "da boa" nas mãos. Mas, para seus espectadores, a sensação é de ter recebido uma overdose.
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Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream) Direção: Darren Aronofsky Produção: EUA, 2000 Com: Marcia Gay Hardem, Ellen Burstyn Quando: dia 21, às 21h30, no Cinesesc; dia 22, às 15h50, no Unibanco Arteplex; dia 31, às 21h30, no Cinemark Market Place
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