Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/02/2001 - 03h36

Músico tentou vôo rasante, diz especialista

Publicidade

LUIZ ANTÔNIO RYFF, da Folha de S.Paulo

O ultraleve Fascination D-4 dirigido por Herbert Vianna não foi construído para acrobacias como "loopings", mas poderia fazê-las. Dois especialistas ouvidos pela Folha, no entanto, acreditam que o cantor tenha perdido o controle da aeronave ao tentar fazer um rasante sobre a água.

"Ele entrou voando dentro d"água. Não tenho dúvida. Ele não caiu. Veio voando. O nariz do avião está praticamente inteiro. Quando entra de bico nessa velocidade, não sobra nada", afirma César Nepomuceno, presidente do CEU (Clube Esportivo de Ultraleve) -no qual o músico é filiado-, que viu os destroços do avião ainda no local.

"O Fascination é o ultraleve mais rápido de todos. Voando baixo é preciso ter um pouco mais de cautela, porque qualquer movimento brusco, vento forte, turbulência ou mesmo o reflexo da água do mar pode confundir. E qualquer mexidinha de comando você está dentro d"água", diz.

Fundador do CEU, o piloto e comerciante Sérgio Pedra, que conversou com testemunhas e também viu no local o avião destruído, concorda com essa hipótese e acha que Vianna entrou na água voando. "Ele deveria estar fazendo um vôo rasante. E, qualquer falha, não dá para administrar. Um erro de profundidade... Um golpe de vista... Acabou", afirma Pedra, que foi quem vendeu o avião para Vianna.

"Segundo informações que levantei, ele passou em frente à casa em que estavam amigos dele e fez umas gracinhas. O que todo mundo faz, não é nada anormal", diz.

Nepomuceno descarta a possibilidade de que Vianna tenha feito um "looping" (rotação em que o aparelho fica de cabeça para baixo). "Esse avião não foi projetado para ser acrobático", explica. "Para fazer um vôo invertido, o motor tem um sistema de lubrificação e alimentação de combustível preparado para isso", diz Pedra.

Isso não significa, porém, que o "looping" não possa ser feito pelo Fascination. "Com qualquer avião é possível fazer um "looping", até com um Boeing 747. Mas, se errar o "looping", você é um homem morto", diz Pedra. "Naquela altura não dava para fazer nunca um "looping". Ele teria que ir a uns 700 metros de altura senão você não consegue ganhar velocidade", diz Nepomuceno.

Vianna tirou o certificado para pilotar ultraleves há três anos. De lá para cá, o músico teve três aeronaves diferentes. O primeiro foi um Fox V5, o segundo foi um Echo. Vianna comprou o Fascination D-4 por US$ 70 mil. Ele recebeu a aeronave há dois meses e meio. De origem alemã, é um tipo de ultraleve avançado (os mais modernos). Ele é importado por uma fábrica em Fortaleza e montado lá. Vianna foi até o Ceará para pegar sua aeronave. "Nós trouxemos o avião juntos de lá", diz Pedra, que avalia que Vianna tivesse cerca de 40 horas de vôo com o Fascination -duas vezes o tempo mínimo para se tirar o certificado de piloto. Pedra salienta que o Fascination é relativamente mais fácil de pilotar do que outros modelos de ultraleve avançado.

Pedra e Nepomuceno afirmam que Vianna é um piloto pouco arrojado e seguidor das normas do CEU, no qual o pai, o brigadeiro Hermano Vianna, era vice-presidente. "O Herbert é uma cara muito conscencioso. Eu não sei o que aconteceu em Mangaratiba. Não seria do feitio dele fazer uma manobra mais esquisita", diz Nepomuceno. "É um cara calmo, disciplinado, tranquilo. Tem responsabilidade e é bom piloto."
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página