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20/04/2000
-
15h27
LEON CAKOFF, da Folha de S.Paulo
'Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento' parece um filme extremamente convencional. O seu roteiro de fato é, com a ridícula situação de abandono de lar em papéis invertidos.
O vizinho (Aaron Eckhart) apaixonado por nossa heroína (Julia Roberts) e que cuida de seus três filhos menores faz as malas e diz que não brinca mais de namorar com ela.
Enquanto isso, a desbocada e gostosa Erin Brockovich/Julia Roberts, sob a direção obediente e generosa de Steven Soderbergh, prova que ainda sabe escolher papéis a dedo e que merece deter o mais alto salário da constelação de Hollywood. A fórmula do sucesso parece simples. Parece. Mas só funciona com ela.
Uma mulher luta para criar três filhos depois de dois divórcios. O seu talento é limitado num mercado de trabalho altamente machista e competitivo. Ótimo para o mercado de cinema em que mulheres arrastam maridos e namorados.
Brockovich consegue ser apenas arquivista num escritório de advocacia dirigido por um tipo (Albert Finney) mais preocupado com sua aposentadoria que com as grandes causas.
É esse advogado quase aposentado que vai perder o seu processo de vítima em uma batida de carros. E logo no começo do filme. O que parecia uma barbada como causa vira um pesadelo.
Estamos no ponto nevrálgico que tantos fetiches e sonhos alimenta na sociedade americana: os advogados e suas causas milionárias. Erin Brockovich luta por um emprego subalterno.
Quando pensamos que esta nova Cinderela vira office-girl para vingar a sua própria causa perdida, a sua inocente obstinação em fazer bem o trabalho de classificar os arquivos vai desencadear o caso real de um processo de US$ 333 milhões, o registro mais caro de indenização coletiva na história jurídica americana.
O caso que ela resgata é o de uma comunidade inteira contaminada pela água despejada sem tratamento por uma poderosa indústria química.
Na sequência de chavões, não vão faltar, no escritório, no tribunal e mesmo na cúpula do escritório de advocacia (Peter Coyote), vilões de todas as matizes para roubar o papel esperto e obstinado de Brockovich.
Vermes, vilões e ridículos atrevidos que serão facilmente derrotados pela bela heroína, para a tranquilidade da sua legião de espectadores.
Soderbergh, que obriga todo mundo a escrever em caixa baixa o título de seu mais famoso filme, 'sexo, mentiras e videotape', cumpre burocraticamente esta encomenda.
Estamos diante de um caso título de filme de estrela e não de diretor. Não por acaso, 'o filme de Julia Roberts', expoente do 'star system', conta aqui com a adesão do comediante Danny DeVito como produtor, outro ator que consegue se destacar sem a lembrança dos que o dirigiram.
Julia Roberts sabe escolher seus papéis
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'Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento' parece um filme extremamente convencional. O seu roteiro de fato é, com a ridícula situação de abandono de lar em papéis invertidos.
O vizinho (Aaron Eckhart) apaixonado por nossa heroína (Julia Roberts) e que cuida de seus três filhos menores faz as malas e diz que não brinca mais de namorar com ela.
Enquanto isso, a desbocada e gostosa Erin Brockovich/Julia Roberts, sob a direção obediente e generosa de Steven Soderbergh, prova que ainda sabe escolher papéis a dedo e que merece deter o mais alto salário da constelação de Hollywood. A fórmula do sucesso parece simples. Parece. Mas só funciona com ela.
Uma mulher luta para criar três filhos depois de dois divórcios. O seu talento é limitado num mercado de trabalho altamente machista e competitivo. Ótimo para o mercado de cinema em que mulheres arrastam maridos e namorados.
Brockovich consegue ser apenas arquivista num escritório de advocacia dirigido por um tipo (Albert Finney) mais preocupado com sua aposentadoria que com as grandes causas.
É esse advogado quase aposentado que vai perder o seu processo de vítima em uma batida de carros. E logo no começo do filme. O que parecia uma barbada como causa vira um pesadelo.
Estamos no ponto nevrálgico que tantos fetiches e sonhos alimenta na sociedade americana: os advogados e suas causas milionárias. Erin Brockovich luta por um emprego subalterno.
Quando pensamos que esta nova Cinderela vira office-girl para vingar a sua própria causa perdida, a sua inocente obstinação em fazer bem o trabalho de classificar os arquivos vai desencadear o caso real de um processo de US$ 333 milhões, o registro mais caro de indenização coletiva na história jurídica americana.
O caso que ela resgata é o de uma comunidade inteira contaminada pela água despejada sem tratamento por uma poderosa indústria química.
Na sequência de chavões, não vão faltar, no escritório, no tribunal e mesmo na cúpula do escritório de advocacia (Peter Coyote), vilões de todas as matizes para roubar o papel esperto e obstinado de Brockovich.
Vermes, vilões e ridículos atrevidos que serão facilmente derrotados pela bela heroína, para a tranquilidade da sua legião de espectadores.
Soderbergh, que obriga todo mundo a escrever em caixa baixa o título de seu mais famoso filme, 'sexo, mentiras e videotape', cumpre burocraticamente esta encomenda.
Estamos diante de um caso título de filme de estrela e não de diretor. Não por acaso, 'o filme de Julia Roberts', expoente do 'star system', conta aqui com a adesão do comediante Danny DeVito como produtor, outro ator que consegue se destacar sem a lembrança dos que o dirigiram.
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