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21/03/2001
-
04h11
da Folha de S.Paulo
A pesar das evidências todas, é preciso ficar claro: Video Hits e Bidê ou Balde nada (ou pouco) têm de engraçadinhos, menos ainda de parentesco com os esquecíveis Mamonas Assassinas.
Utilizam-se, isso sim, de algum tipo de sátira cáustica que não padece do cansaço da piada repetida.
Nesse sentido, ambas as bandas lembram bem menos a Blitz que o injustamente esquecido Eduardo Dusek.
"Cozinha Oriental", do Video Hits, por exemplo, parece engraçadinha, é claro. Mas fala de assassinato familiar, impulso artístico desaparecido mais ou menos desde o tropicalismo de "Coração Materno" e "Panis et Circensis" ou o cinema marginal de "Matou a Família e Foi ao Cinema".
Também no terreno dos costumes, o Bidê ou Balde sai avacalhando com discursos sexuais ("Sr. Promotor") e com a sagrada família artística nacional (Gal Costa, Roberto & Erasmo, o extinto RPM e as Fernandas Montenegro, Torres e Abreu estão entre as vítimas), em "Me Envergonha" e na fofa "E Por Que Não?".
Engraçadinho? Não é bem assim.
Video Hits, de fato, é mais saltitante. Recobra o iê-iê-iê tropicalista de Ronnie Von, regravando (com ele) "Sílvia 20 Horas Domingo" (68) e canta também com o velho funkeiro Gerson King Combo ("Furacão", sem popozões).
Destaca-se quando é mais melódico, em "Louco por Você" e "Sobras", por exemplo.
Bidê ou Balde pula menos, mas ganha em vigor.
Importa-se com os refrãos, cantados em estilo neo-Blitz e vocais propositalmente afetados.
Diverte, pelo suingue branquelo, em "Tudo Bem", "Sr. Promotor" e "Back to 15".
Diferentes uma da outra, parecem-se em ser bandas polpudas de rock, gênero que tem vivido aos trancos e barrancos.
Mas é meio por aí (e bem longe das "mamonices") em que parece se localizar o calcanhar-de-aquiles das duas bandas.
O rock perfeitinho dos meninos tende ao passadista (é outra marca daquela cena), mas perde aí, em ousadia, para seus antepassados (DeFalla) e seus tios (Júpiter Maçã).
Está por fazer ainda uma identidade própria para cada uma das bandas, que distinguisse plenamente uma da outra, e as duas do rock gaúcho como um todo, e as duas no panorama nacional de pasmaceira. E um olho mais grudado no futuro.
Mas nenhum demérito para eles, que são crianças no cenário e contam, inclusive, com o raro apoio de uma gravadora (a Abril está de parabéns por fazer sua obrigação, compensando a tranqueira funk dos SD Boyz com duas bandas de qualidade).
O futuro é deles, tem que ser.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Registro Sonoro Oficial
Grupo: Video Hits
Lançamento: Abril Music
Quanto: R$ 25, em média
Se Sexo É o Que Importa, Só o Rock É sobre Amor!
Grupo: Bidê ou Balde
Lançamento: Antídoto/Abril Music
Quanto: R$ 25, em média
As duas bandas precisam olhar para o futuro
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A pesar das evidências todas, é preciso ficar claro: Video Hits e Bidê ou Balde nada (ou pouco) têm de engraçadinhos, menos ainda de parentesco com os esquecíveis Mamonas Assassinas.
Utilizam-se, isso sim, de algum tipo de sátira cáustica que não padece do cansaço da piada repetida.
Nesse sentido, ambas as bandas lembram bem menos a Blitz que o injustamente esquecido Eduardo Dusek.
"Cozinha Oriental", do Video Hits, por exemplo, parece engraçadinha, é claro. Mas fala de assassinato familiar, impulso artístico desaparecido mais ou menos desde o tropicalismo de "Coração Materno" e "Panis et Circensis" ou o cinema marginal de "Matou a Família e Foi ao Cinema".
Também no terreno dos costumes, o Bidê ou Balde sai avacalhando com discursos sexuais ("Sr. Promotor") e com a sagrada família artística nacional (Gal Costa, Roberto & Erasmo, o extinto RPM e as Fernandas Montenegro, Torres e Abreu estão entre as vítimas), em "Me Envergonha" e na fofa "E Por Que Não?".
Engraçadinho? Não é bem assim.
Video Hits, de fato, é mais saltitante. Recobra o iê-iê-iê tropicalista de Ronnie Von, regravando (com ele) "Sílvia 20 Horas Domingo" (68) e canta também com o velho funkeiro Gerson King Combo ("Furacão", sem popozões).
Destaca-se quando é mais melódico, em "Louco por Você" e "Sobras", por exemplo.
Bidê ou Balde pula menos, mas ganha em vigor.
Importa-se com os refrãos, cantados em estilo neo-Blitz e vocais propositalmente afetados.
Diverte, pelo suingue branquelo, em "Tudo Bem", "Sr. Promotor" e "Back to 15".
Diferentes uma da outra, parecem-se em ser bandas polpudas de rock, gênero que tem vivido aos trancos e barrancos.
Mas é meio por aí (e bem longe das "mamonices") em que parece se localizar o calcanhar-de-aquiles das duas bandas.
O rock perfeitinho dos meninos tende ao passadista (é outra marca daquela cena), mas perde aí, em ousadia, para seus antepassados (DeFalla) e seus tios (Júpiter Maçã).
Está por fazer ainda uma identidade própria para cada uma das bandas, que distinguisse plenamente uma da outra, e as duas do rock gaúcho como um todo, e as duas no panorama nacional de pasmaceira. E um olho mais grudado no futuro.
Mas nenhum demérito para eles, que são crianças no cenário e contam, inclusive, com o raro apoio de uma gravadora (a Abril está de parabéns por fazer sua obrigação, compensando a tranqueira funk dos SD Boyz com duas bandas de qualidade).
O futuro é deles, tem que ser.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Registro Sonoro Oficial
Grupo: Video Hits
Lançamento: Abril Music
Quanto: R$ 25, em média
Se Sexo É o Que Importa, Só o Rock É sobre Amor!
Grupo: Bidê ou Balde
Lançamento: Antídoto/Abril Music
Quanto: R$ 25, em média
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