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23/03/2001 - 05h30

Steven Soderbergh acha que a partir de agora vai sempre piorar

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RUI PEDRO TENDINHA, da "Planet Syndication"

É o homem das duas indicações para o Oscar de melhor diretor, uma por "Erin Brockovich" e outra por "Traffic". Steven Soderbergh vive dias de glória. Seu discurso lembra o de um menino entusiasmado pelas boas notas. Leia trechos de sua entrevista.

Pergunta - 2000 é o seu ano...
Steven Soderbergh -
A partir de agora vai sempre piorar... Estou brincando, nem penso na pressão do próximo filme. Aconteceu por acaso e em parte porque achava mesmo que tinha de fazer "Traffic". Fiz força para que o filme estivesse concluído agora. A questão da guerra às drogas estava no ar, e estivemos num ano de eleições. Se tivesse esperado para filmar em abril de 2001, a janela teria se fechado... Não podemos esquecer que os EUA tiveram dois candidatos que consumiram droga na universidade e que se recusaram a falar dessas experiências e de suas idéias no combate ao tráfico. Enquanto o filme estiver em exibição, o presidente estará escolhendo o novo czar antidrogas.

Pergunta - Você diz que gostaria que este filme irritasse muita gente no combate à droga...
Soderbergh -
É verdade. Mas as reações têm sido positivas. Mostramos ao pessoal da DEA (agência antidrogas norte-americana) e todos gostaram. O pessoal de esquerda também gostou, achou que era pró-liberação das drogas. Não há uma resposta simples. Era fácil dizer para legalizar as drogas e depois o governo controlar a situação com impostos, como se faz com o álcool e o tabaco, mas isso nunca vai acontecer. É uma violação de todos os nossos tratados internacionais. Os EUA iriam se tornar um centro de atração para as pessoas de todo o mundo virem comprar drogas. Por mais que tentássemos que todos os países legalizassem as drogas, isso nunca seria possível. A única coisa que se pode fazer é deixar de prender viciados em droga não-violentos. Não sei porque prendemos os drogados quando não fazemos o mesmo com os alcoólicos. As pessoas têm de olhar para essa questão como um problema de saúde pública, não como uma questão criminal.

Pergunta - Você já experimentou drogas?
Soderbergh -
Claro. Cheguei às drogas com um ponto de vista diferente, pois eu já era adulto, tinha 25 anos. Já tinha noção do que estava em jogo, já tinha visto outras pessoas jogarem suas vidas fora devido à droga. Fui um jovem que sempre soube o queria fazer. Não experimentei drogas como forma de escape. Na adolescência não é nada aconselhável experimentar drogas. Além disso, há certo tipo de drogas das quais não sou capaz de chegar perto. Experimentei drogas leves, como maconha, cogumelos... E sempre dentro das circunstâncias mais controladas... Não as experimentei como pretexto de festa, foi apenas curiosidade. Estou mais interessado em experiências que nos façam expandir de forma consciente.

Pergunta - Como conseguiu convencer Michael Douglas a fazer este filme, já que ele teve problemas de droga na família?
Soderbergh -
Só soube depois de convidá-lo (risos). Tivemos uma longa conversa, quando ele mencionou o assunto. Aí ele disse que o filme era relevante, pois compreendia as emoções do personagem. Ficamos sempre com os atores certos para os papéis.

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