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25/03/2001 - 12h02

Chico Anysio volta ao ar "atirando"

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CRISTIAN KLEIN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Acabou a "geladeira". Chico Anysio, 69, que estava suspenso da programação da Globo desde o dia 10 de outubro, volta ao ar amanhã, com a reestréia da "Escolinha do Professor Raimundo". O programa, que será exibido de segunda a sexta, às 17h, marca o fim da punição imposta ao comediante, que havia criticado a direção da emissora, em uma entrevista à revista "IstoÉ".

O humorista teve seu salário reduzido em 42% e chegou a conversar com Silvio Santos sobre uma transferência para o SBT. A multa rescisória de seu contrato, que vai até 2004, é de R$ 15 milhões. Mas o que inviabilizou sua saída da Globo foi, segundo ele, um acordo entre os donos de emissoras, que se comprometeram a não tirar uma estrela da concorrência enquanto estiver vigorando o contrato.

Anysio faz graça ao dizer que inaugurou "esse papo de suspensão". Mas dispara alguns cartuchos. "Ao me suspender, a Globo não puniu apenas a mim, ela puniu também a quem gosta de mim. Talvez tenha punido a ela própria", afirma. Durante o afastamento, ele terminou um livro, "O Canalha", e dois roteiros de filmes que pretende emplacar nos EUA.

O sr. pensou em sair da Globo, durante o período de suspensão?
Isso não pode acontecer porque existe um trato entre eles (os donos de televisão), negócio feito de boca -porque escrito seria ilegal-, de ninguém tirar ninguém de ninguém durante o contrato. E o meu vai até 2004. Eu poderia ir para o SBT. Até encontrei com o Silvio (Santos) em Nova York, e conversamos muito. Ele é meu amigo desde 1947, quando fizemos teste de locutor juntos, na rádio Guanabara. O Silvio ganhou, e eu tirei o segundo lugar. Ele disse: "Anysio, eu não tiro você porque, se eu fizer isso, eles vão lá e me tiram o Gugu (Liberato)". Não pensei em ir para nenhuma (emissora).

Mas houve essa negociação com o Silvio Santos?
É um namoro que existe desde que ele comprou o SBT. Mas é um namoro impossível. Até porque eu gosto muito da Globo, tenho 32 anos de empresa. E inaugurei esse papo de suspensão. Nunca tinha visto isso.

Foram difíceis os dias de suspensão?
Não. Mas eu tive uma redução de 42% no salário. Talvez tenha tido que cortar alguma coisa, mas não sofri.

Como a volta foi negociada?
O Manoel Martins, diretor da Central Globo de Produção, me telefonou, marcou uma reunião, foi lá e pronto. Só disseram que estavam em dúvida se faziam a "Escolinha" uma vez por semana ou diariamente. Preferi diariamente.

O sr. se arrepende das críticas que fez à direção da emissora?
Não fiz nenhuma crítica à direção. Não sei porque fui suspenso. Gosto muito da Marluce (Dias da Silva, diretora-geral da Globo), ela me trata muito bem.

Mas e sua crítica às contratações de Ana Maria Braga, Luciano Huck e Serginho Groisman?
Isso eu tenho direito de fazer, estou numa democracia. Isso não é motivo de suspensão, disponho do direito de ir e vir e de pensar e falar. Já procurei saber os motivos, mas não me interessam, já passou. Só acho que a Globo, ao me suspender, não puniu apenas a mim, ela puniu também a quem gosta de mim.

O que o sr. fez durante a suspensão?
Acabei o livro "O Canalha", que vai sair em abril pela minha editora, Taba, e terminei o roteiro de dois filmes: "Homeless" e "The Man of the Past".

Por que roteiros em inglês?
Só escrevo filme para americano. Não adianta escrever para brasileiro. Porque o Brasil faz oito filmes por ano: três histórias de Nelson Rodrigues, três do Jorge Amado e duas que o diretor já tem.

Para quem o sr. manda esses roteiros?
Depois de amanhã (na última quinta-feira), um deles, "Big Leo", chega ao Spike Lee. Em maio, vou ter um encontro com Robert De Niro, vou entregar para ele "The Analyst". Mas não é para o Robert De Niro filmar. É para dirigir. Eu quero botar na cabeça dele que ele dirija. Outro roteiro, "The Widow", está com a Sally Field. Tenho 35 roteiros.

Algum deles já foi filmado?
Nenhum. Estou esperando o dia de me abrirem a porta. Eu tenho um filme, "The Friar", que está com o Sean Connery, pode ser que ele filme. Ele deu uma entrevista ao Larry King e disse: "Eu acho que vou fazer um filme de um brasileiro". Levei um susto. Ele começou a contar a história -de um frade que chega a uma vila de pescadores na Irlanda-, eu quase morri, era o meu!

E o livro, de que trata "O Canalha"?
Conto a história brasileira recente, desde Dutra até o fim do primeiro mandato do Fernando Henrique. O canalha é um personagem que participou de tudo de errado que aconteceu no país. Deu um revólver de presente ao Getúlio (Vargas) e disse ao Tancredo para não ir a São Paulo, porque os hospitais de Brasília são ótimos. Mas, se você parar para pensar, é um livro didático, porque conta a história do Brasil de 1945 até 1998.

E o período do ex-presidente Collor e da ex-ministra da Economia Zélia Cardoso de Mello, sua ex-mulher?
Está tudo lá. O plano (econômico) da Zélia foi ele (o canalha) quem fez.

O que mudou na "Escolinha do Professor Raimundo"?
Tem muita gente nova, como o André Matos (Fininho), o Athayde Arcoverde (Sivi), a Glória Portela (Dona Darci), a Alice Borges (Dona Neura), a Daniela Valente (Dona Tesinha) e o palhaço Carequinha. Vou poder usar a Claudia Jimenez, embora ela fique só até começar a próxima novela das sete.
 

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