27/03/2001 - 13h50

Transmissão do Oscar pela TV só varia em detalhes

ESTHER HAMBURGER
da Folha de S.Paulo

A cerimônia de entrega do Oscar foi aberta do espaço sideral por uma astronauta flutuando, ao vivo, no interior de uma estação espacial americana. Sua imagem, ao lado de dois colegas, no telão, anunciou as dimensões do evento, que se consolida como uma "experiência global".

Transmitido para 800 milhões de pessoas em 136 países, a festa máxima do cinema americano celebra os deuses do imaginário contemporâneo. Nada melhor para introduzi-los que uma mensagem vinda de um posto avançado no firmamento.

A experiência é global, mas pouco multicultural. Não é na diversidade que a cobertura televisiva do Oscar se afirma. É a força local do cinema americano que suporta a expansão e a experimentação tecnológica do evento.

A cobertura ofereceu opções diferenciadas. No SBT, Babi -mais descontraída desta vez- e Rubens Ewald Filho, guiam o telespectador, em uma versão didática. A tradução simultânea sobreposta à fala em inglês possibilita o acompanhamento, embora o ruído das duas línguas atrapalhe.

Os apresentadores improvisam, anunciando o que vem em seguida, comentando as premiações.

O Telecine inovou ao oferecer um menu de canais dedicados ao assunto, em uma simulação, ainda proto-interativa e que não funcionou plenamente, das possibilidades de leitura múltipla que se abrem com a integração da televisão com a Internet.

Nos intervalos, José Wilker fez os seus comentários do estúdio, pautados por uma interlocução provocativa com telespectadores que enviaram e-mails.

O canal 73 apresentava um painel da premiação por categoria em uma tela fixa que foi sendo preenchida à medida que o evento transcorria. E, ao lado, uma janela que repetia imagens dos principais momentos. A inovação libera o telespectador, que quer ficar informado, mas não deseja permanecer grudado na tela.

A maratona é longa e cansativa. Mas informações básicas constituem o foco das atenções e selam a cumplicidade do público. O gosto duvidoso, a não-ousadia das premiações, a politicagem e a força dos interesses econômicos não abalaram a popularidade do Oscar. A cerimônia é sempre a mesma. Variam só os detalhes.

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