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17/06/2000 - 02h47

Sétima Bienal de Arquitetura de Veneza abre hoje para "novas visões"

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CELSO FIORAVANTE
da Folha de S. Paulo, em Veneza

Tem um pouco de tudo: instalações artísticas, manifestações místicas, exercícios de futurologia, robôs e computadores. Começa hoje em Veneza a 7ª Bienal de Arquitetura da Cidade. Embora o tema seja dos mais sérios, "Cidade - Menos Estética, Mais Ética", as leituras apresentadas são heterodoxas, mostrando que as propostas para as cidades não se limitam mais aos prédios de grande visibilidade.

A Hungria, que sempre se destacou pela arquitetura exótica, abusou. Ergueu um panfleto místico-religioso, "Em Busca de uma Nova Atlântida". O país evoca o continente perdido como "símbolo da convivência harmônica entre o homem e a Terra e a destruição causada pelo rompimento dessa harmonia". É uma arquitetura repleta de mandalas, cruzes e símbolos alquímicos. É o pavilhão new age da bienal.

Logo na entrada, foi montada uma maquete do projeto de reconstrução de Atlântida, de Géza Maróti, de 1937. Dentro, destacam-se a arquitetura orgânica da Igreja e Museu das Florestas, em Técs, e igrejas de Támas Nagy, dedicadas aos ritos greco-católico, luterano e evangélico. As estruturas remetem ao ovo, símbolo do renascimento pela fé.

As questões éticas pregadas pelo diretor do evento, o arquiteto italiano Massimilano Fuksas, foram levadas a sério pela maioria dos pavilhões, mas nem sempre de maneira previsível.

A Holanda criou o ambiente "NL Lounge". Nele foram colocados colchões, poltronas, água, biscoitos, livros, TVs e computadores para uso dos visitantes. O objetivo é mostrar "como o desenvolvimento da economia e da sociedade deixa vagos os limites entre público e privado".

O Japão optou pela arte e acabou sendo invadido anteontem, quando o pavilhão foi aberto à visitação da imprensa. O motivo foi que, em vez de projetos, o que se via entrar no pavilhão eram centenas de minúsculas margaridas e mesinhas cujos tampos traziam fotografias de meninas em poses sensuais ou cotidianas.

Com exceção das fotografias, tudo é branco no pavilhão, mesmo os troncos das árvores que circundam o prédio. Confeccionado por dois arquitetos e três artistas plásticos, o tema do Japão é "Cidade das Meninas".

Exemplo de utilização ortodoxa do pavilhão foi dado pela Alemanha, que mostrou de forma impecável um painel histórico da evolução arquitetônica da capital, sob o tema: "Transformações Urbanas: Berlim Espaço-Espaço 1940-1953-1989-2000-2010".

Diante de tantas novidades numa mostra antes marcada pelo rigor das propostas, o Brasil corre o risco de não ter a repercussão que merece. Está representado por dois de seus maiores arquitetos: João Filgueiras Lima, o Lelé, e Paulo Mendes da Rocha.

Lelé se destaca pela preocupação social, que o levou a desenvolver um sistema de produção industrializada de escolas, hospitais e equipamentos urbanos.

Com rigor técnico, Rocha discute a relação do homem contemporâneo com o habitat. Dele são exibidos projetos não-realizados, ligados à água: a reurbanização da baía de Vitória (ES); uma cidade-porto às margens do rio Tietê; e a reurbanização da baía de Montevidéu, no Uruguai.

Hoje, na abertura oficial, serão anunciados os premiados. Serão distribuídos dois Leões de Ouro (melhor interpretação do tema proposto e para a carreira de um arquiteto) e cinco prêmios especiais. A bienal vai até 29/10.

O jornalista Celso Fioravante viaja a Veneza a convite da Fundação Bienal, que organiza a participação brasileira

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