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19/06/2000
-
09h16
CELSO FIORAVANTE
da Folha de S. Paulo, em Veneza
A premiação da sétima edição da Bienal de Arquitetura de Veneza, evento inaugurado oficialmente anteontem, foi marcada pela politicagem.
Os italianos devem ter gostado, mas não pega bem para o mais importante evento de arquitetura dar dois dos três Leões de Ouro pelo conjunto da obra para arquitetos italianos: Renzo Piano e Paolo Soleri. E, para não ofuscar a glória dos dois, deu o terceiro Leão de Ouro ao arquiteto dinamarquês Jörn Utzon, que, apesar de possuir uma obra-prima da arquitetura em seu currículo -a Ópera de Sydney, na Austrália-, é relativamente pouco conhecido.
A politicagem continuou com a premiação para o melhor tema, que era "Cidade: Menos Estética, Mais Ética". O prêmio foi dado não a um pavilhão, mas a um comissário, o "top arquiteto" Jean Nouvel, que, talvez para não colocar nenhum arquiteto que não fosse ele próprio dentro do pavilhão da França, resolveu promover uma série de debates dentro de um barco ancorado na cidade durante a Bienal. Nas paredes e em todo o espaço do pavilhão, só escreveu a proposta e a cronologia dos debates.
No comunicado de imprensa, o júri nem disfarçou que o prêmio que deveria ser para o tema estava indo para o arquiteto e ressaltou "a criatividade poética de seus projetos arquitetônicos e urbanos". Nouvel mereceria um Leão de Ouro, mas por sua carreira e não aquele que poderia ter ido para um pavilhão que tivesse realmente discutido o tema proposto.
Mas o cúmulo da politicagem foi a Bienal ter criado um prêmio especial para um empreendedor de obras arquitetônicas e tê-lo dado a Thomas Krens, o diretor da Fundação Guggenheim. Você sabe qual é um de seus próximos projetos? É criar um novo museu de arte contemporânea justamente em Veneza, cidade que já conta com um museu da grife Guggenheim: o Peggy Guggenheim Collection. Segundo o júri, o prêmio foi dado "pela criatividade, energia e tenacidade com que atribui ao cliente um papel de ponta".
Foram ainda distribuídos prêmios especiais para o pavilhão da Espanha, considerado o melhor entre os pavilhões nacionais; ao teórico italiano de arquitetura Joseph Rykwert; ao cubano Eduardo Luis Rodríguez, editor da revista "Arquitectura Cuba"; e ao fotógrafo russo Ilya Utkin.
O pavilhão brasileiro, que não recebeu nenhuma menção, é bastante formal, com fotografias, desenhos e maquetes de trabalhos dos arquitetos João Filgueiras Lima, o Lelé, e Paulo Mendes da Rocha. A curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza é do italiano Massimiliano Fuksas.
O evento prossegue até 29 de outubro.
O jornalista Celso Fioravante viajou a convite da Fundação Bienal, responsável pela participação brasileira no evento
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Crítica: Politicagem marca premiação da Bienal de Veneza
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da Folha de S. Paulo, em Veneza
A premiação da sétima edição da Bienal de Arquitetura de Veneza, evento inaugurado oficialmente anteontem, foi marcada pela politicagem.
Os italianos devem ter gostado, mas não pega bem para o mais importante evento de arquitetura dar dois dos três Leões de Ouro pelo conjunto da obra para arquitetos italianos: Renzo Piano e Paolo Soleri. E, para não ofuscar a glória dos dois, deu o terceiro Leão de Ouro ao arquiteto dinamarquês Jörn Utzon, que, apesar de possuir uma obra-prima da arquitetura em seu currículo -a Ópera de Sydney, na Austrália-, é relativamente pouco conhecido.
A politicagem continuou com a premiação para o melhor tema, que era "Cidade: Menos Estética, Mais Ética". O prêmio foi dado não a um pavilhão, mas a um comissário, o "top arquiteto" Jean Nouvel, que, talvez para não colocar nenhum arquiteto que não fosse ele próprio dentro do pavilhão da França, resolveu promover uma série de debates dentro de um barco ancorado na cidade durante a Bienal. Nas paredes e em todo o espaço do pavilhão, só escreveu a proposta e a cronologia dos debates.
No comunicado de imprensa, o júri nem disfarçou que o prêmio que deveria ser para o tema estava indo para o arquiteto e ressaltou "a criatividade poética de seus projetos arquitetônicos e urbanos". Nouvel mereceria um Leão de Ouro, mas por sua carreira e não aquele que poderia ter ido para um pavilhão que tivesse realmente discutido o tema proposto.
Mas o cúmulo da politicagem foi a Bienal ter criado um prêmio especial para um empreendedor de obras arquitetônicas e tê-lo dado a Thomas Krens, o diretor da Fundação Guggenheim. Você sabe qual é um de seus próximos projetos? É criar um novo museu de arte contemporânea justamente em Veneza, cidade que já conta com um museu da grife Guggenheim: o Peggy Guggenheim Collection. Segundo o júri, o prêmio foi dado "pela criatividade, energia e tenacidade com que atribui ao cliente um papel de ponta".
Foram ainda distribuídos prêmios especiais para o pavilhão da Espanha, considerado o melhor entre os pavilhões nacionais; ao teórico italiano de arquitetura Joseph Rykwert; ao cubano Eduardo Luis Rodríguez, editor da revista "Arquitectura Cuba"; e ao fotógrafo russo Ilya Utkin.
O pavilhão brasileiro, que não recebeu nenhuma menção, é bastante formal, com fotografias, desenhos e maquetes de trabalhos dos arquitetos João Filgueiras Lima, o Lelé, e Paulo Mendes da Rocha. A curadoria da Bienal de Arquitetura de Veneza é do italiano Massimiliano Fuksas.
O evento prossegue até 29 de outubro.
O jornalista Celso Fioravante viajou a convite da Fundação Bienal, responsável pela participação brasileira no evento
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