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28/05/2001 - 11h41

Paço das Artes faz mostra paralela aos 50 anos da Bienal

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

Quando o artista plástico Artur Lescher criou "Blecaute", em 1994, e apagou 3 km na rua Augusta, seu objetivo era "desestabilizar o que é seguro".

Ao inaugurar a programação de "Rede de Tensão", no espaço do Paço das Artes, com uma nova versão de "Blecaute", Lescher vê-se surpreendido pela realidade no país. "A arte deve gerar crises, enquanto o governo deve resolver as crises, mas no Brasil os políticos não cumprem sua função", afirma o artista. "Rede de Tensão", no Paço, é uma mostra paralela e com mesmo tema da comemorações dos 50 anos da Bienal de São Paulo, em cartaz no parque Ibirapuera.

Em sua nova versão, "Blecaute" fará com que a iluminação pública da rua do Paço das Artes, na USP, fique piscando. A obra foi programada antes da crise de energia do país e torna-se, por isso, ilustração das mazelas do governo. Além de "Blecaute", Lescher apresenta também uma série de fotos manipuladas em computador, nova incursão do artista que costuma trabalhar em suportes tridimensionais.

Além de Lescher, outros 18 artistas foram convidados por Daniela Bousso, diretora do Paço e curadora da mostra -também uma das quatro curadoras de "Rede de Tensão", na Bienal.

A mostra, que tem como tema a metrópole (assim como na Bienal), vem em forma concentrada, sem fazer concessões às áreas de arquitetura e design, que polemizam a exposição no Ibirapuera.

"Na Bienal, há trabalhos de arquitetos e designers que ingressam agora no campo de uma poética artística. Por isso, é natural a dificuldade que apresentaram na incursão de uma nova linguagem", afirma Bousso.

A seleção da curadora no Paço aposta em novos artistas, a maioria desconhecidos em São Paulo. Há algumas exceções, como Lescher, José Spaniol e Regina Silveira com suas imensas projeções de uma mosca para a abertura.

Entre os novos artistas, um dos destaques é a presença de Caetano Dias, que traz imagens captadas pela internet e transpostas para imensas fotos - que lhe valeram um prêmio no 7º Salão de Artes da Bahia, no ano passado.

Vale também ressaltar a instalação dos irmãos Adriano e Fernando Guimarães, em "Luz Obscura: O Metrônomo de Samuel". Desde 97, os irmãos fazem um intenso diálogo com a obra do dramaturgo Samuel Beckett, cuja última versão pode ser vista no Paço.

Segundo a curadora, "a forma de apresentação das obras, quase sem divisões, é o aprimoramento de um modelo que iniciamos em 98, quando também fizemos uma mostra paralela à Bienal, denominada "City Canibal'".

Ao montar a programação da mostra, Bousso optou também por apresentar linguagens que não estão abordadas na Bienal, como a dança e a música. Além de presentes em performances, como a que a coreógrafa Lara Pinheira criou especialmente para a abertura, essas áreas fazem parte da série de oficinas programadas por Bousso. "Busquei representar a diversidade da metrópole em suas várias manifestações", conta.

Exposição: Rede de Tensão - Mostra com obras de 19 artistas sob o mesmo tema da exposição "Bienal 50 Anos - Uma Homenagem a Ciccillo Matarazzo"
Curadoria: Daniela Bousso
Onde: Paço das Artes (av. da Universidade, 1, USP, tel. 3814-4832)
Quando: abertura hoje, a partir das 20h; de ter. a dom., das 11h às 17h. Até 29/7
Quanto: entrada franca
 

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