23/06/2001 - 17h24

Acostumado a explorar cegonha na TV, Gugu "esconde" paternidade

SÉRGIO RIPARDO
da Folha Online

Acostumado à exploração dominical dos ângulos mais ginecológicos de dançarinas, "modelos" e outras popozudas, o apresentador do SBT, Gugu Liberato, decidiu decretar uma cruzada tardia pela "ética" ao comentar notícias sobre sua paternidade insuflada em uma clínica de reprodução.

Folha Imagem

Sempre hostil aos boatos maldosos envolvendo sua solteirice e masculinidade, Gugu, 42 anos, saiu, mais uma vez, atirando contra a imprensa, acusando-a de invadir sua privacidade:

"Não esperem que o assunto seja tratado com boletins periódicos. Não se trata de um assunto profissional nem de um programa de TV, um novo empreendimento ou atração a ser lançada. Trata-se, sim, de um fato que só diz respeito ao casal, familiares e amigos verdadeiros."

A reação de Gugu é até compreensível. Quanto mais "se esconde" uma coisa, mais se infla uma expectativa. Nada melhor do que o próprio "Domingo Legal" matar essa curiosidade e vencer mais uma vez a guerra suja pela audiência.

No entanto, a "indignação", vindo de quem vem, torna-se risível e infundada. Afinal, todo domingo, Gugu capitaliza sua audiência apelando para os assuntos mais íntimos das pessoas. Transforma, por exemplo, em show o parto da cantora Simony. Ou seja, explorar a cegonha alheia pode, a própria é "falta de ética".

Entre um merchandising e outro, Gugu recheia a tela da família brasileira com flagras de "celebridades" de pijamas acordando ou fingindo, e outras baixarias do gênero.

Vale lembrar o quadro da "Banheira do Gugu" proibida pela Justiça ou a competição vergonhosa de colocar crianças dançando a boquinha da garrafa.

Gugu segue a receita da apresentadora Xuxa, que transformou o anúncio de sua gravidez com o modelo Luciano Szafir em arma da audiência do "Domingão do Faustão".

Quando Gugu fala no "respeito aos amigos verdadeiros", vale também lembrar o episódio do incêndio durante as gravações do programa de Xuxa, na Globo. Amigo de Xuxa, Gugu não pensou duas vezes em explorar as imagens do incêndio, contrariando, inclusive, o pedido da empresária de Xuxa, Marlene Mattos, de que poupasse a amiga.

Uma prova de que a busca desenfreada pela audiência cega Gugu ao ponto de preferir Xuxa como inimiga.

O lamentável disso tudo é que celebridades obcecadas pelo sucesso, como Gugu, acabam incluindo seus filhos em suas estratégias de marketing.

A simples menção ou aparição de seus rebentos já é suficiente para mobilizar a audiência. Basta lembrar o tempo ocupado pelo nascimento de Sasha no "Jornal Nacional".

Prepare-se para cenas de batismo do futuro herdeiro do louro bom-moço, com direito, inclusive, à benção do midiático padre Marcelo Rossi, que já se prestou ao papel de "batizar" Gugu nas águas do rio Jordão, em Israel, numa encenação infame do que seria o batismo de Jesus Crito. Tudo devidamente fotografado para a revista "Caras".

Como diria o diretor norte-americano Woody Allen, cada país tem as celebridades que merece.

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