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01/07/2001 - 16h29

Falta mais audácia na moda brasileira, diz representante francesa

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

O auditório do MAM (Museu de Arte Moderna) de São Paulo abrigou um evento inédito ontem, dia 30, com a realização de um debate reunindo os diretores das semanas de moda de Paris, Milão, Nova York, Londres e São Paulo.

O evento, que fez parte do calendário da São Paulo Fashion Week, contou com a participação de Simon Ward, da British Fashion Council (Londres); David Caruso e Fern Mallis,da CFDA (Nova York); Francine Piron, do Institut Français de la Mode (Paris) e Cristiano Tagliabue, da Camera Nazionale della Moda Italiana (Milão)e Paulo Borges e Graça Cabral, da São Paulo Fashion Week.

Depois do debate, Francine Piron concedeu uma entrevista à Folha Online na qual falou sobre os desfiles que assitiu nesta edição da semana de moda de São Paulo e sobre a relação da moda com o processo de globalização.

Leia a seguir alguns trechos da entrevista:

Folha Online - Discute-se muito por aqui a necessidade de se imprimir uma marca de "brasilidade" na moda que é feita no país. Isso é fundamental quando, ao mesmo tempo, vive-se um processo de globalização da cultura?
Francine Pairon -
É verdade que hoje se fala muito da internacionalização. É necessário que os estilistos saibam a quem eles vão se dirigir. Se eles se voltam para a mulher brasileira, é necessário que eles falem a linguagem da mulher brasileira. Eu acredito que muitas mulheres se reconhecem na mulher brasileira porque elas são muito belas e têm uma bela postura e isso é o que as mulheres em geral procuram em qualquer lugar do mundo. Então eu acho que se há estilistas que têm o poder de transmitir e realizar uma moda internacional casada com as características dessa mulher brasileira, o resultado deverá ser muito interessante.

Folha Online - O Brasil é um país de contrastes, com uma realidade socioeconômica bem diferente do que se vê nos centros internacionais de moda já consagrados, como França, Inglaterra, EUA e Itália. A senhora acredita na consolidação de São Paulo como um grande centro deste setor tendo uma realidade tão diferente?

Pairon -
Em primeiro lugar, eu acredito que a beleza não depende de dinheiro. Quanto ao poder aquisitivo, provavelmente o de uma mulher brasileira é diferente do de uma francesa, mas o que deve ser destacado é que o poder de compra está associado à qualidade da roupa e não à expressão da moda. Você pode, com pouco dinheiro, usar uma moda muito original e bonita. Há muitas pessoas com imaginação para criar um conjunto interessante. Quanto maior o poder de compra das pessoas, mais próximas elas estão da moda internacional estereotipada, ligada apenas a uma imagem de poder. Na maioria dos países, o número de pessoas com esse poder aquisitivo é pequeno. Isso é assim no Brasil ou na França. A maior parte das pessoas comunica seu estilo através de produtos de diversos valores.

Folha Online- A senhora disse que uma das coisas que mais lhe impressionou aqui foi a beleza das pessoas no Brasil. O que a senhora achou do casting de modelos para esta semana de moda?

Pairon-
A impressão que eu tenho é que o critério adotado é mais o internacional, aquele das modelos loiras. Eu acho que falta o charme da beleza brasileira. Talvez, assim como está seja mais internacional, mas o que está faltando é justamente o que faria a diferença.

Folha Online - E essa diferença é bem-vinda no exterior?

Pairon-
Extremamente.

Folha Online - Qual sua opinião sobre o trabalho apresentado pelos estilistas brasileiros na SP Fashion Week?

Pairon -
Acho que as coleções são bem diferentes entre si e gostei de 40% do que já vi.

Folha Online - Há alguma coleção que a senhora tenho gostado mais?

Pairon-
Não posso falar muito ainda por que não assiti a todos os desfiles, mas gostei muito de uma parte da coleção de Lino Villaventura. Outra coleção que eu apreciei bastante foi a de Reinaldo Lourenço.

Folha Online- O que falta na moda brasileira?

Pairon -
Volto para Paris antes do final da semana de moda, mas, do que já vi até o momento, senti falta de mais cores e, talvez, de alguma coisa mais audaciosa e menos global. Acho que é importante que os estilistas brasileiros fiquem mais próximos agora de suas raízes. Acredito que é necessário primeiro imprimir uma personalidade mais brasileira e depois pensar em como conquistar o mercado internacional.

Folha Online - Como a senhora define a moda?

Pairon -
Em primeiro lugar, a moda é a expressão de uma emoção. Depois vem o aspecto da roupa como forma de comunicação, como mercado e como técnica.

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