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13/07/2001 - 20h43

CD inédito da portuguesa Amália Rodrigues tem músicas brasileiras

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da Agência Lusa, em Lisboa

Temas da música popular brasileira surgem num disco da fadista portuguesa Amália Rodrigues, até então inédito em Portugal, e que será colocado à venda na próxima semana em Lisboa.

"Lua luar", "Trepa no coqueiro" (Ary de Castro) e "Calunga" (Barbosa Capiba) são três desses temas que Amália cantou no Teatro Bobino, em Paris, em 1960, cujo espetáculo é integralmente apresentado em CD.

A ligação de Amália, que morreu em 1999, com o Brasil foi sempre muito forte, já que gravou no Rio os seus primeiros discos, em 1944, para a Continental Records.

"Desde essa época que Amália habituou o público português a trazer do Brasil canções muito animadas, algumas logo se tornando grande sucessos, como 'Nêga maluca' e 'Falsa baiana'", afirma o pesquisador teatral português Vítor Pavão dos Santos. Anteriormente, Amália já tinha gravado "Saudade de Itapoã" (Dorival Caymmi).

"Amália no Bobino" é um disco importante, pois marca uma fase de transição na carreira da fadista que, nesta altura, alcançara já notoriedade internacional.

"Amália Rodrigues já era uma vedete", afirma Pavão dos Santos, que salienta as "apoteóticas temporadas" de Amália em Nova York e Hollywood, nos EUA, e ainda no México, Brasil e Espanha.

O lançamento desse disco na França marca o final da curta passagem de Amália pela gravadora francesa Ducretet-Thomson, para dar início a um repertório que se inicia com o álbum 'Busto', e sob forte influência de Alain Oulman", salienta Jorge Mourinha, coordenador desse lançamento.

Um projeto é coordenado por Jorge Mourinha e já teve os lançamentos de "Amália em Espanhol" e "Amália e Vinicius", que trará "um olhar completamente novo para o catálogo da artista".

Nesse CD, do qual algumas faixas já surgiram em outras edições, como a comemorativa do cinquentenário da carreira artística da fadista, encontramos temas que Amália não voltou a cantar e que poucos conhecem na sua interpretação.

Um deles é "Calunga" (de Barbosa Capiba) ou temas interpretados por outras fadistas, como Hermínia Silva ("Quem o fado calunia"), Deolinda Rodrigues ("Fado da Madragoa"), Moniz Trindade ("Fado Gingão") ou "Casa Portuguesa" que surgiu pela primeira vez numa revista de amadores em Lourenço Marques (atual Maputo).

Por outro lado, esse espectáculo, que "consagrou em definitivo Amália", pois registrou um grande sucesso "numa outra zona mais popular de Paris, a rive gauche", faz notar a vertente iberista de Amália em temas como "Lerele" (Monreal Lacosta/Mu¤oz Acosta) ou "Ole mi morena" (Lopez de Vadillo/Rodriguez Eduardo).

A gravadora Ducretet-Thomson "desportugalizou" o repertório de Amália, acentuando uma vertente internacional com a gravação de temas como "Aie mourir pour toi", "Paris sÈeveille la nuit" ou "CÈest la rose", entre outros.

No Bobino, a fadista é acompanhada por Domingos Camarinha (guitarra portuguesa) e Santos Moreira (viola) e integra no alinhamento das 15 canções "Barco Negro", a composição para a qual o poeta português David Mourão-Ferreira fez propositadamente um poema e a quem Amália atribuiu sempre o seu êxito em França e no resto do mundo.

Só dez anos depois da gravação no Bobino Amália voltou a gravar um disco ao vivo, em Tóquio, em 1970, dando aliás início a uma outra "apaixonada relação", com o público japonês.

Esse CD, agora integralmente editado em Portugal, traz de volta um período pouco conhecido da carreira da fadista. Como frisa Pavão dos Santos, há ainda "uma Amália por descobrir".

Leia mais notícias da Agência Lusa

 

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