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06/08/2001
-
23h19
da Agência Folha
O cantor e compositor Tom Zé lembra os conselhos que recebeu de Jorge Amado:
"Em 68, eu havia ganhado o festival de MPB da TV Record e lançava o meu primeiro disco, e fomos jogar pôquer na casa dele, no Rio Vermelho. No disco eu falava de Marcelino Dias de Carvalho, que era o cronista social da moda. Ele me disse que assim eu diminuía meu auditório, porque só as pessoas que conhecessem Marcelino iriam compreender a blague.
Disse que se eu falasse de personagens do povo aí sim estaria falando uma linguagem universal, para o mundo todo. Lembrei a minha impressão quando fui ler um livro dele pela primeira vez, motivado por encontrá-lo nas reuniões do Partido Comunista.
Eu antes lia livros muito complicados, de períodos longos, e fiquei espantadíssimo com o tamanho dos períodos do Jorge. Eram dez palavras e um ponto, os comunistas tinham aquele compromisso de falar diretamente com o proletariado. Ele comentou aquilo como quem me ajudava, como quem contava um segredo. Nunca segui o conselho dele direito".
Leia mais notícias sobre a morte de Jorge Amado
Tom Zé diz que Amado o ensinou a falar diretamente com o povo
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O cantor e compositor Tom Zé lembra os conselhos que recebeu de Jorge Amado:
"Em 68, eu havia ganhado o festival de MPB da TV Record e lançava o meu primeiro disco, e fomos jogar pôquer na casa dele, no Rio Vermelho. No disco eu falava de Marcelino Dias de Carvalho, que era o cronista social da moda. Ele me disse que assim eu diminuía meu auditório, porque só as pessoas que conhecessem Marcelino iriam compreender a blague.
Disse que se eu falasse de personagens do povo aí sim estaria falando uma linguagem universal, para o mundo todo. Lembrei a minha impressão quando fui ler um livro dele pela primeira vez, motivado por encontrá-lo nas reuniões do Partido Comunista.
Eu antes lia livros muito complicados, de períodos longos, e fiquei espantadíssimo com o tamanho dos períodos do Jorge. Eram dez palavras e um ponto, os comunistas tinham aquele compromisso de falar diretamente com o proletariado. Ele comentou aquilo como quem me ajudava, como quem contava um segredo. Nunca segui o conselho dele direito".
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