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07/08/2001
-
05h01
INÁCIO ARAUJO
da Folha de S. Paulo
Graciliano Ramos deu sorte no cinema. Além das adaptações de Nelson Pereira dos Santos -"Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere"-, Leon Hirszman realizou um belo "São Bernardo".
Nelson Rodrigues, então, nem se fala. Ainda que o diretor tivesse lá suas reservas, "Boca de Ouro", de Nelson Pereira, é um belo filme. Depois vieram Arnaldo Jabor, com "Toda Nudez Será Castigada", Braz Chediak, com toda uma série, Haroldo Marinho Barbosa... Nem sempre era obra-prima, mas nunca deu de todo errado.
Com Jorge Amado, a coisa nem sempre se passou tão bem. É verdade que "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976, de Bruno Barreto) é, até hoje, o maior sucesso do cinema brasileiro em todos os tempos, com mais de 11 milhões de espectadores.
Mas Nelson Pereira dos Santos parece não ter se dado bem com o escritor baiano. "Tenda dos Milagres" (1977) e "Jubiabá" (1987) foram dois solenes fracassos.
Mesmo Bruno Barreto, quando voltou a Amado, embananou-se em "Gabriela" (1983): trouxe Marcello Mastroianni da Itália para o papel de Nacib, num dos casos de "miscasting" mais dramáticos do cinema moderno, e ainda ambientou a Bahia em Paraty, com resultado mais que precário.
Mastroianni, consta, fez o filme porque queria namorar Sônia Braga. Mas aparentemente o namoro dos dois foi o que deu mais certo no filme.
Existe ainda o recente e discutido "Tieta" (1996), de Carlos Diegues. Aqui, a visão do romance é muito particular -há muito mais de Diegues do que de Jorge Amado no filme, inclusive a estilização a la escola de samba característica do cineasta.
Embora o filme marcasse o retorno de Sônia Braga ao Brasil, o resultado na bilheteria foi decepcionante: nem chegou a meio milhão de espectadores.
Bem diferente foi a sorte do escritor na televisão. "Gabriela", adaptada em 1975 por Walter George Durst, é uma espécie de marco na teledramaturgia da Rede Globo.
Não só fez de Sônia Braga a atriz mais popular do país, como tinha uma grande riqueza de ambientação.
O gênero ainda não estava inteiramente desenvolvido, era um momento em que se descobria, e o diretor Walter Avancini fez um trabalho memorável, inclusive na direção do elenco (mesmo o sotaque baiano foi preparado com esmero, o que talvez não fosse prática corrente na época). Se "Terras do sem Fim" pode ter sido menos marcante, "Tieta" (1989-90) fez por Betty Faria quase o mesmo que "Gabriela", a novela, fizera por Sônia Braga.
Talvez por isso, toda vez que a situação aperta no setor ibope, a Globo puxa um Jorge Amado da gaveta. Há não muito tempo, foi a vez de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", em versão minissérie.
A TV, muito mais que o cinema, colaborou com as vendas dos livros de Jorge Amado, que pulavam para a lista de best-sellers cada vez que uma novela baseada em seus romances entrava no ar e só saíam depois do fim da novela.
Seis meses, ou mais. Em todo caso, muito mais tempo do que um filme costuma ficar em cartaz. Nesse meio, vendiam-se livros a rodo. Na ponta do lápis, a TV foi não só o veículo por excelência para a obra de Jorge Amado como um ótimo negócio para seus editores.
Leia mais notícias sobre a morte de Jorge Amado
"Dona Flor" e "Gabriela" marcaram adaptações
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da Folha de S. Paulo
Graciliano Ramos deu sorte no cinema. Além das adaptações de Nelson Pereira dos Santos -"Vidas Secas" e "Memórias do Cárcere"-, Leon Hirszman realizou um belo "São Bernardo".
Nelson Rodrigues, então, nem se fala. Ainda que o diretor tivesse lá suas reservas, "Boca de Ouro", de Nelson Pereira, é um belo filme. Depois vieram Arnaldo Jabor, com "Toda Nudez Será Castigada", Braz Chediak, com toda uma série, Haroldo Marinho Barbosa... Nem sempre era obra-prima, mas nunca deu de todo errado.
Com Jorge Amado, a coisa nem sempre se passou tão bem. É verdade que "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (1976, de Bruno Barreto) é, até hoje, o maior sucesso do cinema brasileiro em todos os tempos, com mais de 11 milhões de espectadores.
Mas Nelson Pereira dos Santos parece não ter se dado bem com o escritor baiano. "Tenda dos Milagres" (1977) e "Jubiabá" (1987) foram dois solenes fracassos.
Mesmo Bruno Barreto, quando voltou a Amado, embananou-se em "Gabriela" (1983): trouxe Marcello Mastroianni da Itália para o papel de Nacib, num dos casos de "miscasting" mais dramáticos do cinema moderno, e ainda ambientou a Bahia em Paraty, com resultado mais que precário.
Mastroianni, consta, fez o filme porque queria namorar Sônia Braga. Mas aparentemente o namoro dos dois foi o que deu mais certo no filme.
Existe ainda o recente e discutido "Tieta" (1996), de Carlos Diegues. Aqui, a visão do romance é muito particular -há muito mais de Diegues do que de Jorge Amado no filme, inclusive a estilização a la escola de samba característica do cineasta.
Embora o filme marcasse o retorno de Sônia Braga ao Brasil, o resultado na bilheteria foi decepcionante: nem chegou a meio milhão de espectadores.
Bem diferente foi a sorte do escritor na televisão. "Gabriela", adaptada em 1975 por Walter George Durst, é uma espécie de marco na teledramaturgia da Rede Globo.
Não só fez de Sônia Braga a atriz mais popular do país, como tinha uma grande riqueza de ambientação.
O gênero ainda não estava inteiramente desenvolvido, era um momento em que se descobria, e o diretor Walter Avancini fez um trabalho memorável, inclusive na direção do elenco (mesmo o sotaque baiano foi preparado com esmero, o que talvez não fosse prática corrente na época). Se "Terras do sem Fim" pode ter sido menos marcante, "Tieta" (1989-90) fez por Betty Faria quase o mesmo que "Gabriela", a novela, fizera por Sônia Braga.
Talvez por isso, toda vez que a situação aperta no setor ibope, a Globo puxa um Jorge Amado da gaveta. Há não muito tempo, foi a vez de "Dona Flor e Seus Dois Maridos", em versão minissérie.
A TV, muito mais que o cinema, colaborou com as vendas dos livros de Jorge Amado, que pulavam para a lista de best-sellers cada vez que uma novela baseada em seus romances entrava no ar e só saíam depois do fim da novela.
Seis meses, ou mais. Em todo caso, muito mais tempo do que um filme costuma ficar em cartaz. Nesse meio, vendiam-se livros a rodo. Na ponta do lápis, a TV foi não só o veículo por excelência para a obra de Jorge Amado como um ótimo negócio para seus editores.
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