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08/08/2001 - 05h05

ABL declara a cadeira de Jorge Amado vaga amanhã

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da Folha de S. Paulo

Às 16h de amanhã, o Salão Nobre da Academia Brasileira de Letras (ABL), localizado no prédio conhecido como Petit Trianon, vai iniciar uma "sessão da saudade" em homenagem ao escritor baiano Jorge Amado.

Prática comum em casos de morte na casa do Castelo, centro do Rio, o evento vai contar com pronunciamentos de imortais, que, em homenagem ao escritor baiano, vão comentar sua obra e sua figura literária.

Ao fim dos discursos, na mesma oportunidade, o presidente da ABL, Tarcísio Padilha, vai declarar vaga a cadeira de número 23, criada por e para Machado de Assis -fundador da casa, mas que preferiu não ocupar a cadeira nº 1- em 20 de julho de 1897 e ocupada por Jorge Amado desde 6 de abril de 1961.

"Aspirações são subjetivas. Mas nenhum pleito pode ocorrer antes da sessão da saudade. É uma descortesia que as pessoas querem evitar. Até agora ninguém está falando em candidatura", diz Padilha, sobre os sucessores que eventualmente já se precipitam a ocupar a cadeira.

"Até agora não se está falando em candidatura. Ou seja, não há, ainda, candidato a candidato."

Nos 60 dias seguintes, estarão abertas as inscrições para a vaga. Quando elas se fecharem, em mais 60 dias, em torno do dia 8 de dezembro, os imortais vão se reunir e decidir quem será o sucessor da cadeira que foi ocupada primeiramente pelo maior e, em seguida, pelo mais famoso escritor brasileiro -Machado e Amado, respectivamente.

Nos seus 40 anos como imortal, o escritor não esteve entre os mais ativos da ABL, segundo Padilha. "É preciso considerar que Amado viveu muito tempo fora do país. E, mesmo morando no Brasil, foi sempre um cidadão do mundo. Essa vivência externa não o isolou do Brasil, ao contrário. Mas certamente o afastava da Academia fisicamente", comenta o presidente da casa.

Padilha cita, entre outros motivos para essa ausência, o envolvimento político de Amado e sua saúde abalada nos últimos anos. "Mesmo assim, ele sempre esteve em contato por meio de telefonemas ou de cartas. Participava de votações, inclusive."

A última vez que Amado esteve presente nos trabalhos da academia, lembra Padilha, foi em 97, numa sessão ordinária da casa. "Compareceu com Zélia Gattai, que sempre o acompanhava."

Na sua vivência entre os companheiros de fardão, Amado era tido como um colega extremamente cordial. Se na política foi apaixonado, na Academia a falta de preconceitos e a convivência pacífica com todas as correntes políticas internas foram suas marcas.

"Amado era cordial, no sentido de que seu comportamento vinha do coração. E, quando as pessoas se dão, elas passam por cima das ideologias. Isso era patente no Jorge Amado. É difícil encontrar um membro da Academia que fosse mais querido do que ele."

Sempre lembrado na casa como candidato ao Prêmio Nobel de literatura, Amado não teve, na visão de Padilha, suficiente apoio oficial para alcançar o prêmio. "Ninguém vence o Nobel só por reconhecimento. Isso depende do governo, da diplomacia, de uma preparação e de um engajamento sérios. Nunca houve isso com nenhum escritor brasileiro, e Amado seria o mais indicado."

Padilha afirma, ainda sem falar em datas, que a Academia Brasileira de Letras vai realizar uma série de conferências e de exposições dedicadas a Jorge Amado.

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