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10/08/2001
-
18h23
RODRIGO MOURA
da Folha de S.Paulo
"Independente de quem seja candidato, eu nunca cogitei entrar na vaga de Jorge Amado", diz o escritor carioca Paulo Coelho, sobre os rumores que surgiram em torno de sua candidatura à Academia Brasileira de Letras desde a morte, nesta semana, do escritor baiano, ocupante da cadeira 23 da casa por 40 anos.
"Isso é coisa para daqui a quatro anos", diz Coelho, que está lançando o livro "Histórias para Pais, Filhos e Netos". Marketing pesado envolve o lançamento do novo livro, 15 anos depois do boom editorial que seu nome iniciou com "Diário de um Mago".
Tomando o Dia dos Pais como mote, "Histórias para Pais, Filhos e Netos" chega às livrarias com R$ 1 milhão investidos em promoção - segundo a editora Globo, o maior montante gasto para divulgar uma obra do escritor.
Como seu autor define, é uma "coletânea" que reúne narrativas de tradições religiosas e culturais -persa, hindu, chinesa, zen -. no que chama de "resgate".
Sempre acossado pela crítica, Coelho devolve as acusações de que faz literatura antiquada ou restrita ao estereótipo da auto-ajuda. "É a coisa mais moderna que existe, é a vanguarda."
Leia abaixo a entrevista com Paulo Coelho, feita por telefone.
Folha - O sr. é candidato à vaga de Jorge Amado na ABL?
Paulo Coelho - Em momento nenhum eu cogitei entrar para a vaga de Jorge Amado, independente de quem seja candidato. Isso é coisa para daqui a quatro anos.
Folha - Por que o sr. resolveu quebrar o silêncio sobre o assunto?
Coelho - Comecei a ver especulações e fiquei calado, mas elas chegaram a um ponto impossível. Dizem que os acadêmicos estão alarmados. Não estão, porque não há candidatura. Eles sabiam internamente que nunca fui e não serei candidato a essa vaga.
Folha - O sr. costuma usar esse tipo de história do seu novo livro nos romances; aqui elas aparecem espalhadas em vários contos pequenos. O que leva a essa mudança?
Coelho - Não é uma mudança. Na verdade, são duas coisas diferentes. O romance pode até ser afetado por pequenas histórias, mas ele tem uma história central, e tudo se desenvolve a partir dali.
Folha - Você acha que esse tipo de operação é um resgate, uma reciclagem ou uma releitura?
Coelho - É apenas um resgate. O que você tem que fazer é o que fizeram com você, contar histórias.E ponto final, no meu caso.
Folha - Você adapta essas histórias ou só se apropria?
Coelho - A maior parte é das tradições, 80%. E tem 20% de experiências minhas. Mas não adapto.
Folha - Como você acha que a sua literatura se relaciona com o tempo em que ela é produzida?
Coelho - É a coisa mais moderna que existe, é a vanguarda.
Folha - Vanguarda em que sentido?
Coelho - Tenho um estilo novo e, por isso, bastante rejeitado. É um estilo ainda não muito bem digerido por um sistema que manipula a dificuldade como instrumento de dominação.
Folha - Quais são suas maiores influências literárias?
Coelho - Henry Miller, Borges, Jorge Amado e William Blake.
Folha - Você considera que faz literatura de auto-ajuda?
Coelho - Evidente que não. Os críticos falam o que quiserem, o negócio é que eles falem.
Livro: Histórias de Pais, Filhos e Netos, 304 págs.
De: Paulo Coelho
Ilustrações: Christina Oiticica
Editora: Globo (tel. 0/xx/11/3767-7486)
Quanto: R$ 35
Leia mais notícias sobre a morte de Jorge Amado
"Nunca cogitei a vaga de Jorge Amado", diz Paulo Coelho
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da Folha de S.Paulo
"Independente de quem seja candidato, eu nunca cogitei entrar na vaga de Jorge Amado", diz o escritor carioca Paulo Coelho, sobre os rumores que surgiram em torno de sua candidatura à Academia Brasileira de Letras desde a morte, nesta semana, do escritor baiano, ocupante da cadeira 23 da casa por 40 anos.
"Isso é coisa para daqui a quatro anos", diz Coelho, que está lançando o livro "Histórias para Pais, Filhos e Netos". Marketing pesado envolve o lançamento do novo livro, 15 anos depois do boom editorial que seu nome iniciou com "Diário de um Mago".
Tomando o Dia dos Pais como mote, "Histórias para Pais, Filhos e Netos" chega às livrarias com R$ 1 milhão investidos em promoção - segundo a editora Globo, o maior montante gasto para divulgar uma obra do escritor.
Como seu autor define, é uma "coletânea" que reúne narrativas de tradições religiosas e culturais -persa, hindu, chinesa, zen -. no que chama de "resgate".
Sempre acossado pela crítica, Coelho devolve as acusações de que faz literatura antiquada ou restrita ao estereótipo da auto-ajuda. "É a coisa mais moderna que existe, é a vanguarda."
Leia abaixo a entrevista com Paulo Coelho, feita por telefone.
Folha - O sr. é candidato à vaga de Jorge Amado na ABL?
Paulo Coelho - Em momento nenhum eu cogitei entrar para a vaga de Jorge Amado, independente de quem seja candidato. Isso é coisa para daqui a quatro anos.
Folha - Por que o sr. resolveu quebrar o silêncio sobre o assunto?
Coelho - Comecei a ver especulações e fiquei calado, mas elas chegaram a um ponto impossível. Dizem que os acadêmicos estão alarmados. Não estão, porque não há candidatura. Eles sabiam internamente que nunca fui e não serei candidato a essa vaga.
Folha - O sr. costuma usar esse tipo de história do seu novo livro nos romances; aqui elas aparecem espalhadas em vários contos pequenos. O que leva a essa mudança?
Coelho - Não é uma mudança. Na verdade, são duas coisas diferentes. O romance pode até ser afetado por pequenas histórias, mas ele tem uma história central, e tudo se desenvolve a partir dali.
Folha - Você acha que esse tipo de operação é um resgate, uma reciclagem ou uma releitura?
Coelho - É apenas um resgate. O que você tem que fazer é o que fizeram com você, contar histórias.E ponto final, no meu caso.
Folha - Você adapta essas histórias ou só se apropria?
Coelho - A maior parte é das tradições, 80%. E tem 20% de experiências minhas. Mas não adapto.
Folha - Como você acha que a sua literatura se relaciona com o tempo em que ela é produzida?
Coelho - É a coisa mais moderna que existe, é a vanguarda.
Folha - Vanguarda em que sentido?
Coelho - Tenho um estilo novo e, por isso, bastante rejeitado. É um estilo ainda não muito bem digerido por um sistema que manipula a dificuldade como instrumento de dominação.
Folha - Quais são suas maiores influências literárias?
Coelho - Henry Miller, Borges, Jorge Amado e William Blake.
Folha - Você considera que faz literatura de auto-ajuda?
Coelho - Evidente que não. Os críticos falam o que quiserem, o negócio é que eles falem.
Livro: Histórias de Pais, Filhos e Netos, 304 págs.
De: Paulo Coelho
Ilustrações: Christina Oiticica
Editora: Globo (tel. 0/xx/11/3767-7486)
Quanto: R$ 35
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