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20/08/2001 - 03h35

Folha exibe sua memória fotográfica em exposição no Masp

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da Folha de S. Paulo

A foto, em preto-e-branco, é de 1956. Vinte pessoas atravessam o vale do Anhangabaú enquanto três guardas interrompem o trânsito. Há uma novidade sobre o asfalto: a faixa de pedestres -ou, como se dizia à época, o "zebra cross". São Paulo acabara de implantar o sistema, e a "Folha da Noite" dava a notícia, torcendo para que as listinhas tivessem "emprego generalizado pela cidade".

Outra fotografia, agora em cores, exibe um sisudo Fernando Collor de olhos fixos no relógio de pulso. Os ponteiros marcam 10h18 do dia 2 de outubro de 1992. Em Brasília, o então presidente assinava o documento que o afastaria do cargo por força do recém-aberto processo de impeachment.

Entre a implantação do "zebra cross" e o fim do governo Collor, uns poucos metros de distância. Quem visitar a mostra "Imagens de Fato - 80 Anos de Folha", que começa amanhã no Masp, precisará de apenas isto, cinco ou seis passos, para percorrer episódios prosaicos e momentos dramáticos do cotidiano brasileiro.

As 315 fotos expostas ocuparão a galeria Horácio Lafer, no primeiro andar do museu. Foram todas produzidas pelo jornal -ou melhor, pela Folha, mas também pelos títulos que a antecederam: "Folha da Noite", "Folha da Tarde" e "Folha da Manhã".

A cena mais antiga data de 1921 e traz um flagrante "pittoresco" do largo de São Bento. A "Folha da Noite" a editou em 19 de fevereiro, sem nomear o autor. Naquele dia, o vespertino que originou o grupo de comunicação chegava às bancas pela primeira vez.

Sob a foto, um texto de três parágrafos descrevia o largo. Chamava especial atenção para os lampiões, "em cujos braços, os vendedores ambulantes que andam a importunar o público dependuram seus guarda-chuvas".

A imagem mais recente não deixa de ser também pitoresca. Assinada por Sérgio Lima, retrata uma manifestação estudantil diante do Congresso em maio de 2001. Os jovens, que exigiam a CPI da corrupção, estavam de costas para a câmera e sem calças.

"A exposição não pretende abarcar cronologicamente as últimas oito décadas do país. Nem todos os acontecimentos que agitaram a vida brasileira durante o século 20 aparecerão na coletânea", explica o colunista Janio de Freitas, 69, curador do evento. "O que o visitante encontrará no Masp é uma reunião de fotos esparsas."

"Optamos por contar histórias do Brasil, e não a história do Brasil", reitera o coordenador da mostra, Eder Chiodetto, 36, que há cinco anos atua como editor-adjunto de Fotografia na Folha.

Entre abril e julho, o Banco de Dados do jornal se mobilizou para pré-escolher o material da exposição. Quatro pesquisadoras vasculharam os 20 milhões de imagens guardadas em negativo, papel e arquivos eletrônicos.

Como só surgiu na década de 40, o banco não possui filmes ou fotos dos períodos anteriores. Tais registros acabaram sendo extraídos dos próprios exemplares em que circularam impressos.

Outro problema dificultou a peneira: até a década de 80, a Folha nem sempre identificava os autores das fotos. Assim, quando selecionavam imagens "anônimas", as pesquisadoras tentavam descobrir quem as fizera. Às vezes, conseguiam. Às vezes, não. Daí a mostra ter 94 cenas sem crédito.

Do garimpo inicial, resultaram 1.300 imagens, que Janio reduziu às 315 finais. Ele ainda escreveu as legendas de cada uma e os sete textos que, afixados às paredes do Masp, apresentam a exposição.

"IMAGENS DE FATO - 80 ANOS DE FOLHA" - Exposição de 315 fotos produzidas desde 1921 pela Folha
Onde: Masp (Museu de Arte de São Paulo); av. Paulista, 1.578, Cerqueira César, SP
Quando: de 21/8 a 23/9; de ter. a sex., das 11h às 17h; sáb. e dom., das 11h às 18h
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes); grátis para visitantes até 10 anos ou maiores de 60 anos
Informações: 0/xx/11/251-5644

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