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23/09/2001 - 03h02

Muçulmanos ganham destaque em "O Clone"

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RODRIGO DIONISIO
da Folha de São Paulo, no Rio

Mostrar que os muçulmanos "são pessoas como nós", nas palavras de Glória Perez, autora de "O Clone", virou questão fundamental na próxima produção das 20h da Globo.

A presença de personagens seguidores do islamismo na trama ganhou visibilidade após os ataques terroristas aos EUA no dia 11 deste mês.

Extremistas islâmicos são apontados como prováveis autores dos atentados, e a clonagem humana, verdadeiro tema da produção que estréia no próximo dia 1º, foi ofuscada.

Essa questão chegou a irritar Glória, que abriu a entrevista sobre a novela, na última terça, no Rio, dizendo: "Eu e o Jayme (Monjardim, diretor do núcleo do qual faz parte "O Clone") já respondemos isso umas cem vezes, e, antes que alguém pergunte de novo, a trama não será alterada.

Você só querem saber se o Marrocos [país islâmico onde foi feita parte das cenas da fase inicial da novela] foi diminuído, só vieram com essas perguntas para uma novela tão bonita".

Após os atentados, surgiram rumores de que haveria diminuição da presença dos personagens muçulmanos ou que a novela nem seria exibida.

A autora argumenta que é oportuno ter no ar, agora, a imagem de uma família muçulmana: "Nós temos de dizer não ao preconceito, parar de alimentar essa ignorância mostrando pessoas comuns.

Terrorismo há em todos os países e entre todos os povos, e os muçulmanos são pessoas como nós".

Esse espírito também permeia a falas de integrantes do elenco. Stênio Garcia, que vive o patriarca da família muçulmana, diz que tem "a grande chance de trabalhar a consciência do público e dissociar a imagem do povo árabe da do terrorista".

"No Marrocos, fui tratado muito bem e quero mostrar que uma coisa não tem nada a ver com a outra", diz.

Luciano Szafir, outro ator que interpreta um muçulmano, afirma: "Sou judeu e faço esse papel com o maior orgulho e prazer".

À Folha, a autora de "O Clone" afirmou que a opção por islamitas só se deveu ao fato de eles terem uma "forte ideologia de submissão total a Deus", fato que seria contraposto na trama à criação de uma vida humana por meio da clonagem, uma forma de "o homem dominar a própria Criação".

Para Jayme Monjardim, há a possibilidade de uma equipe voltar a Marrocos para realizar outras sequências antes do final da novela. Enquanto isso, as cenas "marroquinas" são feitas numa réplica cenográfica de parte do centro comercial de Fez (norte de Marrocos).

Segundo a emissora, cada capítulo de "O Clone" custa aproximadamente R$ 100 mil só em produção, sem contar os salários dos atores.

A novela "Pícara Sonhadora", do SBT, por exemplo, tem custo total de US$ 43 mil por capítulo (cerca de R$ 116 mil, segundo a cotação do dólar na última quarta).

A história

Em "O Clone", Jade (Giovanna Antonelli) é uma jovem brasileira descendente de marroquinos muçulmanos. Com a morte da mãe, Sálua (Walderez de Barros), fica sozinha no Brasil e vai morar com os parentes no país africano.

Lá, encontra Lucas Ferraz (Murilo Benício), cristão que passa as férias em Marrocos com o irmão gêmeo, Diogo, o pai Leônidas (Reginaldo Farias) e a madrasta Yvete (Vera Fischer). Jade e Lucas vão se apaixonar e contrariar os desígnios de Ali (Stênio Garcia).

Líder da família islâmica, ele havia programado o casamento de Jade com Said (Dalton Vigh) e verá na união dela com Lucas uma desonra para seu nome.

O casal termina por se separar, Lucas se casa com Maysa (Daniela Escobar), e Jade, com Said. A mulher de Lucas é ex-namorada de Diogo, que morre em um acidente de helicóptero.

O cientista Augusto Albieri (Juca de Oliveira) tentará recriar Diogo, usando para isso células vivas de Lucas e a "barriga de aluguel" de Deusa (Adriana Lessa), que não sabe da clonagem e acredita que seu filho, Leonardo, é fruto de uma inseminação artificial comum.

A história de amor será retomada anos depois, quando Jade e Lucas se reencontram. Nesse período, ele já terá uma filha, Mel (Debora Falabella), que será, junto com Lobato (Osmar Prado) e Nando (Thiago Fragoso), o pivô do debate sobre uso de drogas e dependência química.

Outros personagens importantes na trama: Kadija (Carla Diaz), filha de Jade e Said; Mohamed (Antonio Calloni), irmão de Said e marido, segundo as leis islâmicas, de Latiffa (Letícia Sabatella) e Ranya (Nívea Stelmann); Zein (Luciano Szafir), uma espécie de Dom Juan que atravessará o caminho de Jade e Lucas.

Escobar (Marcos Frota) e Clarice (Cissa Guimarães), pais de Nando, verão seu casamento chegar ao fim com o envolvimento do filho com drogas.

Aliás, esse é o terceiro mote de "O Clone" (além da clonagem e do islamismo).

Como em "Explode Coração", também de Glória Perez, na qual foram ao ar depoimentos reais de mães que perderam seus filhos, a nova produção contará com ex-dependentes químicos.

 

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