26/09/2001 - 18h01

Novela "O Clone" promete "muita polêmica", diz autora

CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

O lançamento de "O Clone", próxima novela das oito da Globo, em São Paulo, transformou o vão livre do Masp (Museu de Artes de São Paulo), onde foi realizada a festa, em um mercado árabe. No entanto, os detalhes bem cuidados da produção do evento não conseguiram esconder a preocupação dos organizadores com a segurança.

Além dos seguranças particulares, dos 15 policiais que circulavam pelo local, de homens do Corpo de Bombeiros e de dois carros da Guarda Civil em frente ao Masp, na entrada foram instalados detectores de metal e os convidados passaram por revista.

Segundo a Central Globo de Comunicação, as medidas de segurança foram exigência do Contru (Departamento de Uso e Controle do Imóvel, ligado à prefeitura). No "Jornal da Globo" que foi ao ar ontem a noite, a apresentadora Ana Paula Padrão atribuiu o cuidado com a segurança ao fato de a novela retratar a cultura árabe e muçulmana.

A trama da novela começa na década de 80, no Marrocos, e se estende ao Rio de Janeiro dos dias de hoje. Em meio ao romance dos personagens centrais, vividos por Giovanna Antonelli e Murilo Benício, a história abordará dois temas polêmicos: a clonagem humana e uma campanha de combate às drogas.

Durante o lançamento, entre os atores imperou a intenção de esclarecer a distinção entre terrorismo e religião.

Para Stênio Garcia, que vai viver o papel de Ali, o chefe de uma família muçulmana, "a cultura árabe não tem a ver com atos terroristas". O ator disse que a novela chega em um momento importante porque pode ajudar a tornar evidente esta diferença. "Se eu puder ajudar, vou me sentir realizado".

Já Luciano Szafir, que também fará parte do núcleo árabe da novela, disse que não acredita que os atentados que aconteceram nos Estados Unidos no último dia 11 vão influenciar na aceitação da novela pelo público porque as questões políticas não serão abordadas. "A novela vai simplesmente mostrar um romance".

A autora da trama, Glória Perez, também não acredita que os atentados influenciem negativamente na relação do público com a trama. A autora disse não ter feito nenhuma modificação por causa dos atentados e acredita que a novela vem em um momento muito oportuno. "É importante nesse momento falar da cultura muçulmana e árabe pra gente dizer não a esse preconceito absurdo que começa a pintar em certas cabeças, que é o de confundir terroristas com uma religião", disse.

Polêmica

Depois da exibição do primeiro capítulo para os convidados, a autora prometeu emoção e polêmica durante os seis meses em que a novela, que deverá ter 270 capítulos, ficará no ar.

Pelos temas que a novela irá abordar, pelo menos o quesito polêmica está garantido.

Além da cultura árabe, "O Clone" vai falar sobre clonagem humana e consumo de drogas. Em comum, os três temas abordados pretendem traçar um painel contemporâneo sobre a busca da identidade.

A questão estaria, segundo a autora, presente na dualidade vivida por Jade (Giovanna Antonelli), dividida entre as cultura ocidental e oriental, na relação de dependência dos gêmeos Lucas e Diogo (Murilo Benício), na crise existencial do clone Leandro (Murilo Benício), que sofrerá a angústia de tentar descobrir o seu lugar no mundo, e também na fragmentação dos personagens Mel (Débora Falabella) e Nando (Thiago Fragoso), causada pelo envolvimento com as drogas.

A novela estréia no dia 01 de outubro sob a direção de Jayme Monjardim. No elenco estão, entre outros, Stênio Garcia, Nívea Maria, Eliane Giardini, Letícia Sabatella, Antonio Calloni, Osmar Prado, Daniela Escobar, Neuza Borges, Victor Fasano, Beth Goulart, Cristiana Oliveira, Marcos Frota, Cissa Guimarães, Adriana Lessa, Roberto Bonfim, Raul Gazola, Solange Couto, Guilherme Karan, Marcello Novaes, Luciano Szafir, Perry Salles e Thalma de Freitas, entre outros.