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08/10/2001 - 10h24

Atores contam em livro as melhores cenas da carreira

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LUCIANA PAREJA
da Folha de S.Paulo

Oito atores consagrados, com no mínimo 40 anos de carreira, resgataram a cena teatral mais memorável de sua trajetória. O resultado é o livro "Uma Cena Brasileira", de Samir Yazbek, cujo lançamento acontece hoje, às 18h, no teatro Ruth Escobar.

Segundo o autor, a idéia de fazer o livro surgiu em "uma maré baixa, quando não estava aparecendo muito trabalho". "Foi um pretexto para me aproximar dos atores pelo lado profissional, porque eles poderiam me trazer uma clareza quanto ao meu ofício de dramaturgo em relação ao processo de transformar a cena escrita num momento teatral", diz.

"O ator é a ligação, o elemento que estabelece a ponte direta entre o que se quer dizer e o público. A visão do ator é absoluta em relação àquilo que ele vivencia", explica Yazbek.

Assim, pelo tempo de carreira e atuação significativa, Raul Cortez, Walderez de Barros, Paulo Autran, Maria Alice Vergueiro, Juca de Oliveira, Eva Wilma, Renato Borghi e Laura Cardoso dissecaram os bastidores de cenas de "Rasga Coração" (Cortez), "O Rei da Vela" (Borghi) e "Esperando Godot" (Eva Wilma).

Não só o fato de os atores contarem suas vivências torna o livro interessante, mas também o ponto de partida das narrativas. "A cena é a idéia do instante eternizado no tempo, e o teatro é, por excelência, a arte do instante, do efêmero", define Yazbek.

"Como espectador, é comum a gente ter na nossa memória cênica alguns trechos mais marcantes. Às vezes, você se esquece da peça inteira, mas fica aquele momento mágico. O ator também guarda isso, da mesma forma que o público. Eu queria saber como é esse momento na cabeça do ator", diz.

Assim, os textos se iniciam centrados nas cenas e vão se abrindo para perspectivas históricas, processos de criação, recepção da platéia e mesmo aspectos biográficos de seus narradores.

Segundo Yazbek, "é um caminho inverso". "Eles partem da cena, amplia-se para o espetáculo, para a época, para o mundo, para a visão do artista então", explica.

Além da diversidade dos aspectos abordados, a multiplicidade de visões dos textos garante um panorama complementar ao dos livros tradicionais sobre história do teatro, que sistematizam estéticas e períodos, mas não exprimem a sua dinâmica interna.

Nas palavras do dramaturgo, a obra traça "um mapa de infinitas possibilidades dos caminhos da criação para o artista e para o público, que se sente participante desses processos".

Em "Uma Cena Brasileira", os relatos estão em primeira pessoa, transcritos por Yazbek sem a inclusão das perguntas, que, segundo ele, só eram necessárias "para trazer o ator de volta quando ele fazia uma digressão".

Ainda que calcado na subjetividade, o livro conta com uma apresentação didática o suficiente para torná-lo obra de referência. No prefácio, explica-se todo o processo de criação, desde a idéia inicial até a publicação.

Antes de cada relato, há uma pequena biografia do ator/narrador, do diretor e do autor, além do texto da cena selecionada, o que permite ao leitor se situar no tempo e no espaço.

No fim, há um índice que permite encontrar todos os nomes próprios citados no livro. No entanto é de estranhar a ausência de nomes como Fernanda Montenegro, Walmor Chagas e Gianfrancesco Guarnieri. "Tive dificuldades de conversar com eles por problemas de agenda e de acesso. Mas já penso num segundo volume, só que não agora", justifica Yazbek. Não é para menos. Atualmente ele excursiona com "O Fingidor", pelo qual ganhou o Prêmio Shell de 99 como melhor autor, e tem outro texto em cartaz, "A Terra Prometida".

O quê: Uma Cena Brasileira
Autor: Samir Yazbek
Editora: Hucitec (220 págs)
Lançamento: hoje, a partir das 18h, no teatro Ruth Escobar (r. dos Ingleses, 209, Bela Vista, tel. 289-2358)
 

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