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26/10/2001 - 04h10

Desalento de "Corazones Rotos" é ambientado na Cidade do México

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da Folha de S.Paulo

O cineasta mexicano Rafael Montero, 48, define seu filme como um "espelho onde podemos nos reconhecer e pensar sobre quem somos". Para isso, a imagem que "Corazones Rotos" reflete é, mais do que de estados de alma, a dos efeitos que a vida urbana pode provocar nas relações humanas -de família, de amor, de vizinhança.

O espelho de Montero ganha corpo no dia-a-dia dos habitantes de um
edifício em meio aos milhares da Cidade do México, cenário escolhido para ambientar as seis histórias que compõem o filme -em exibição hoje e na próxima quarta-feira, dentro da programação da 25ª Mostra.

"Os habitantes da Cidade do México têm uma relação de amor e ódio com o lugar onde vivem. De amor porque continuamos morando lá e de ódio porque ali estão todos os problemas de viver numa cidade grande. Nos últimos anos temos tido uma série deles, e isso acaba se refletindo também no cinema", afirma o diretor.

No longa, dividem o mesmo apartamento mãe e filho -ela, uma ex-modelo decadente, ele, um adolescente em crise com a própria sexualidade e com a relação materna, à beira do incesto-; um marido desprezado pela mulher por conta de sua filiação marxista; um casal que se acredita escolhido por Deus para levar à frente, na Terra, um plano de irrigação do paraíso.

Compartilham ainda o condomínio um casal que vive de trambiques e sonha sobre um lençol estampado com notas de dólar; uma mulher que trai o marido, preocupado apenas com os vincos de suas camisas; e uma família liderada por um casal de meia-idade, feliz e falido.

Falta de perspectiva
Em comum, além do endereço, têm a mesma enfermidade: falta de dinheiro e de perspectivas, crises pessoais, relacionamentos rompidos.

"A classe média praticamente não existe mais no México. E esse é um fenômeno que vem de dez anos para cá. Na década de 80, ainda havia esperança, as pessoas faziam as viagens que queriam, colocavam os filhos para estudar na escola que escolhiam. Agora não, é necessário sobreviver", diz Montero.

Essa "espécie em extinção" mexicana -que aqui se descobre a reboque da crise econômica e sofre do coração, por vezes literalmente- será pano de fundo novamente para um filme do diretor, "Tempo Fuera", que começa a ser rodado em janeiro, no México, e tratará de relacionamentos entre casais homossexuais.

Janeiro também é o mês em que "Corazones Rotos" estreará no circuito comercial mexicano, para onde levará o diagnóstico de Rafael Montero da saúde emocional de seu país: "Quando não há dinheiro, é difícil que haja histórias de encontro, temos tempo apenas para pagar as contas. Não há tempo para o amor".
(DENISE MOTA)


CORAZONES ROTOS
Direção: Rafael Montero
Produção: México/Brasil/Uruguai/Espanha, 2001
Com: Verónica Merchant, Rafael Sánchez Navarro, Carmen Montejo
Quando: hoje, às 18h, no Cinearte; e dia 31, às 15h, no Cineclube DirecTV

Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
 

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