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30/10/2001 - 20h58

"Os americanos sabem pouco sobre o Afeganistão", diz atriz afegã

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

A atriz Niloufar Pazira, 28, protagonista do filme "O Caminho para Kandahar", em cartaz na 25ª Mostra BR de Cinema - Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, disse que os norte-americanos sabem pouco sobre o Afeganistão.

Ela falou em entrevista coletiva na noite de segunda, antes da exibição do filme, e comentou a vida no Afeganistão, o conflito que o país vive hoje com os Estados Unidos e criticou a política norte-americana.

Dizendo que este é seu primeiro e, provavelmente, último filme, Pazira afirmou que não se considera atriz. Jornalista de formação, ela mora no Canadá, mas passa o tempo dividida entre as viagens que faz para o Irã e para o Paquistão, países vizinhos ao Afeganistão.

Segundo a jornalista, a idéia do filme nasceu a partir de um convite feito por ela ao cineasta iraninano Mohsen Makhmalbaf, diretor do longa-metragem. Ela contou que queria voltar ao Afeganistão para descobrir o paradeiro de uma amiga e gostaria que ele registrasse seus passos. O convite não foi aceito, mas, dois anos depois, ela foi convidada pelo cineasta para atuar no filme sobre a condição da mulher no país.

No filme, Pazira faz o papel de uma jornalista, mas ao invés de procurar a amiga, volta ao país para salvar a irmã do suicídio.

Segundo a jornalista, o filme mostra não apenas a realidade das mulheres, mas a do país, onde o suicídio entre as mulheres aumentou muito depois que o regime Taleban (que controla 90% do país) assumiu o poder.

O filme, que teve como locação um campo de refugiados afegãos na fronteira do país com o Irã, foi feito, segundo a jornalista, para chamar a atenção das pessoas para o país. "Hoje as pessoas pelo menos sabem onde fica o país por causa dos atentados, mas a imagem passada pela mídia é negativa. Saiu a imagem romântica dos soldados guerreiros e entrou a dos terroristas."

Pazira disse não ter imaginado que o filme fosse atingir repercussão internacional. Segundo ela, devido à condição de guerra com a Aliança do Norte, vivida nos últimos 20 anos, o Afeganistão não se desenvolveu, apenas 15% da população é alfabetizada e não há uma comunidade com identidade no país.

A jornalista criticou os bombardeios feitos pelos Estados Unidos contra o Afeganistão e disse que "o importante é prestar atenção aos motivos dos bombardeios. Para desenvolver e ajudar não é necessário bombardear aquela região".

E para quem imaginou que a jornalista ficaria impressionada com o fato de o presidente dos EUA, George W. Bush, ter solicitado uma cópia do filme para assistir, ela disse que, mesmo que ele veja o filme, não mudará o rumo dos acontecimentos atuais.

"Os americanos sabem pouco sobre o que acontece no Afeganistão. Eu espero que o povo americano assista ao filme porque só ele [povo] pode influenciar para que as coisas mudem", disse a jornalista.

Pazira disse que não encontrou sua amiga durante a realização do filme, mas que recebeu informações de parentes e sabe que ela estaria bem, morando em uma vila onde se sentia um pouco mais livre.

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