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01/11/2001
-
11h00
JOSÉ ROCHA M. FILHO
especial para a Folha de S.Paulo, em Viena
Os chamados dias de cão em Viena são de fato insuportáveis: o ar fica seco e a temperatura pode chegar até 38 graus. É num fim de semana desse período que seis histórias se entrecruzam. Foi com esse mote que o austríaco Ulrich Seidl, 49, tomou de assalto o Festival de Veneza deste ano, recebendo o Grande Prêmio do Júri por seu primeiro filme de ficção, "Dias de Cão" ("Hundstage").
Com formação de documentarista, Seidl vem despertando as mais acaloradas opiniões desde "Good News" (1990).
O diretor falou à Folha sobre seu método e a atual política do governo austríaco para o cinema.
Folha - Em "Amor Animal" (1995), a mistura de atores profissionais e leigos, ficção e documentário é surpreendente. Como o sr. desenvolve esse estilo em "Dias de Cão"?
Ulrich Seidl - "Dias de Cão" é meu primeiro filme de ficção, feito parcialmente com método documental. A diferença é que nele os atores e os não-atores não interpretam a si mesmos.
Folha - Qual seria a parcela de influência dos documentários?
Seidl - Não estabeleço uma diferença entre documentário e ficção. Comecei a fazer documentários porque eram mais fáceis de serem financiados. Mas o limite entre a atuação e entre o documental é meu maior interesse.
Folha - O material coletado para o roteiro veio de seu acervo pessoal. Como foi vertido para o cinema?
Seidl - Essa espécie de arquivo já me acompanha há anos. Coloco numa pasta reportagens que me despertem interesse, anotações pessoais, fotos e lembranças.
Folha - Em "Dias de Cão" o corpo recebe um olhar brutal. Como descreveria essa política do corpo?
Seidl - Meus filmes não mostram beleza, mas corpos como eles são: pessoas idosas desnudas, assim como os jovens.
Folha - A dor é um tema frequente. Estaríamos diante de um "cinema da dor"?
Seidl - Para mim, o cinema vai além do prazer frugal e passageiro. Não se trata do limite ao que se pode submeter o espectador, mas do quanto de realidade é precisa ser para contar uma história. Mas meus filmes podem ser engraçados, sob determinado aspecto.
Folha - Como o sr. analisaria a atual política do governo austríaco em relação ao cinema?
Seidl - É paradoxal... O governo austríaco cortou o orçamento do cinema quase a zero, embora fale-se da Áustria como um país que incentiva a cultura. Mesmo assim, o cinema austríaco está sendo bem-sucedido como nunca foi nos últimos 30 anos.
Leia notícias e programe-se para a 25ª Mostra Internacional de Cinema
"Dias de Cão" marca estréia de diretor austríaco na ficção
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Os chamados dias de cão em Viena são de fato insuportáveis: o ar fica seco e a temperatura pode chegar até 38 graus. É num fim de semana desse período que seis histórias se entrecruzam. Foi com esse mote que o austríaco Ulrich Seidl, 49, tomou de assalto o Festival de Veneza deste ano, recebendo o Grande Prêmio do Júri por seu primeiro filme de ficção, "Dias de Cão" ("Hundstage").
Com formação de documentarista, Seidl vem despertando as mais acaloradas opiniões desde "Good News" (1990).
O diretor falou à Folha sobre seu método e a atual política do governo austríaco para o cinema.
Folha - Em "Amor Animal" (1995), a mistura de atores profissionais e leigos, ficção e documentário é surpreendente. Como o sr. desenvolve esse estilo em "Dias de Cão"?
Ulrich Seidl - "Dias de Cão" é meu primeiro filme de ficção, feito parcialmente com método documental. A diferença é que nele os atores e os não-atores não interpretam a si mesmos.
Folha - Qual seria a parcela de influência dos documentários?
Seidl - Não estabeleço uma diferença entre documentário e ficção. Comecei a fazer documentários porque eram mais fáceis de serem financiados. Mas o limite entre a atuação e entre o documental é meu maior interesse.
Folha - O material coletado para o roteiro veio de seu acervo pessoal. Como foi vertido para o cinema?
Seidl - Essa espécie de arquivo já me acompanha há anos. Coloco numa pasta reportagens que me despertem interesse, anotações pessoais, fotos e lembranças.
Folha - Em "Dias de Cão" o corpo recebe um olhar brutal. Como descreveria essa política do corpo?
Seidl - Meus filmes não mostram beleza, mas corpos como eles são: pessoas idosas desnudas, assim como os jovens.
Folha - A dor é um tema frequente. Estaríamos diante de um "cinema da dor"?
Seidl - Para mim, o cinema vai além do prazer frugal e passageiro. Não se trata do limite ao que se pode submeter o espectador, mas do quanto de realidade é precisa ser para contar uma história. Mas meus filmes podem ser engraçados, sob determinado aspecto.
Folha - Como o sr. analisaria a atual política do governo austríaco em relação ao cinema?
Seidl - É paradoxal... O governo austríaco cortou o orçamento do cinema quase a zero, embora fale-se da Áustria como um país que incentiva a cultura. Mesmo assim, o cinema austríaco está sendo bem-sucedido como nunca foi nos últimos 30 anos.
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