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05/11/2001 - 04h29

Artistas fazem intercâmbio com moradores do Capão Redondo

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo

A iniciativa é descrita como "histórica" por Maria de Fátima Neves, coordenadora da Escola de Lideranças do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo.

Desde a semana passada, sete artistas estão desenvolvendo atividades com moradores do bairro, visando a "sensibilização, contemplação e criação artística", segundo o curador do projeto, Sérgio Pizoli. "Com isso, os próprios artistas, hoje fechados em seus ateliês, vão ganhar uma nova visão da cidade."

"Há muitas iniciativas isoladas na região, mas, com esse movimento, toda a comunidade pode ganhar um grande patrimônio", diz Neves. "Espero que o direito à arte seja um deles."

Em junho passado, cerca de 80 artistas foram convidados pela associação BrasilConnects, que criou o projeto, a visitar o Capão Redondo e propor atividades que envolvessem a comunidade.

Segundo Cláudia Taddei, do Núcleo de Ação Educativa da entidade, "a região foi escolhida pela total ausência de equipamentos culturais e pelos altos níveis de carência social". O bairro, com mais de 200 mil habitantes, apresenta algumas das mais altas taxas de violência na capital e tem apenas um centro cultural.

Estão envolvidas no projeto quatro organizações não-governamentais da região. Elas cedem o local onde serão realizadas as oficinas do projeto.
"Os moradores do Capão reclamam, com razão, que têm uma imagem negativa, por causa da violência. Com essa iniciativa esperamos mostrar o lado criativo do que acontece lá", diz Taddei.

"A proposta não visa realizar uma atividade assistencialista de formação em artes plásticas, mas propiciar a troca de conhecimento entre artistas e a comunidade", explica Pizoli.

"Nossa relação com a periferia começou com a visita de comunidades carentes à Mostra do Redescobrimento", diz Edemar Cid Ferreira, presidente da BrasilConnects. "Agora damos o segundo passo, que é deixar de considerá-los apenas assistentes, mas parte atuante de um projeto."

"Começamos modestamente", acrescenta. "Mas é um serviço que faz parte da responsabilidade social da iniciativa privada no Brasil."

Cerca de 30 projetos já foram aprovados, entre eles, o de Mônica Nador e Paulo von Poser. Na primeira fase, que vai até dezembro, será a vez de Alex Cerveny, Hélio Vinci, Liana Bloisi, Eymard Ribeiro, Orlando
Maneschy, Iatã Cannabrava e Danilo Blanco desenvolverem atividades.

Cerveny inicia nesta semana seu trabalho com 90 crianças. Elas irão visitar o Masp, conhecer as esculturas de Degas e ver a mostra sobre arte egípcia. "A partir disso as crianças vão manipular cera de abelha para criar modelos que serão transformados em esculturas de bronze. Com isso vamos colocar dez obras coletivas no parque Santo Dias", diz o artista.

O projeto de Cerveny tem finalização prevista para dezembro, mas o artista já decidiu que irá continuar a trabalhar na região. "É impossível não se envolver. Já estive lá seis vezes para preparar o trabalho e o retorno é emocionante", conta.

Nem todos os artistas precisam realizar trabalhos com a comunidade. Alguns irão usar o Capão Redondo como inspiração para as suas obras.
Para o ano que vem está prevista uma mostra com todos os trabalhos criados por meio do projeto, que serão expostos no bairro. Se o projeto tiver sucesso, já há previsão para que as atividades sejam desenvolvidas também no Jardim Ângela.
 

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