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16/12/2001 - 09h30

"Casa dos Artistas" e "No Limite 3" chegam ao fim

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MARCELO MIGLIACCIO
da Folha de S.Paulo

Sai do ar hoje o maior fenômeno de audiência off-Globo. Com um ibope dominical digno de jogos da seleção brasileira -50 pontos de pico na semana passada, a sexta seguida em que venceu o "Fantástico"-, "Casa dos Artistas" chega ao fim, para tristeza dos aficionados e alegria da concorrência e dos cinco remanescentes da gincana, trancafiados na mansão do Morumbi há 49 dias. Um deles vai acordar amanhã R$ 300 mil mais rico. O segundo colocado leva R$ 100 mil, mas Silvio Santos, bem ao seu estilo, fez suspense sobre como será a escolha dos vencedores esta noite.

Pelos índices de popularidade dos finalistas -que podem ser aferidos na pesquisa do Datafolha, Supla é o mais bem cotado. Em seguida, surge o surpreendente Alexandre Frota, que pode tirar o segundo lugar de Bárbara Paz, a atriz que se envolveu com o filho da prefeita e do senador. Por fora, como azarões, correm a lacrimosa modelo Mari Alexandre e a espevitada cantora Patrícia Coelho, que nos últimos dias se aproximou bastante de Frota.

Quem já deixou a "Casa", no entanto, sabe que a ressaca do confinamento não é brincadeira. "Fiquei quatro noites sem dormir, saí de lá com o sono todo atrapalhado, nem relógio tinha", diz o ator Taiguara Nazareth, eliminado no domingo retrasado. Saturado e estressado pelas dezenas de entrevistas, ele evitou até acompanhar o programa pela televisão.

Excluído no último domingo, o modelo Mateus Carrieri comparou a "Casa dos Artistas" a um presídio de luxo. Enquanto esteve na gincana, ele sentiu a pressão: foi um dos primeiros a precisar dos préstimos da psicóloga do programa, que se apresenta aos concorrentes e aos parentes deles como Débora e cujo sobrenome o SBT se recusa a revelar.

Pouco antes de sua saída, Mateus explodiu em nervosismo e discutiu asperamente com Patrícia, a quem pediu desculpas depois.
A psicóloga Débora "atende" os participantes atrás de um espelho. Eles só ouvem sua voz. E, segundo informações dos que já deixaram a "Casa", não é fácil obter uma consulta. "Eu só consegui falar com ela dois dias antes de sair", diz a modelo Nana Gouvêa, desclassificada do programa depois de 21 dias.

Nana, que também teve insônia após sua saída, acha que o método utilizado não é eficaz. "Você nem vê os olhos da psicóloga." E reclama também da edição das cenas feita pelo SBT. "Só me mostravam quando eu estava de perna de fora. A mulher brasileira é muito insegura, fiquei antipatizada e acabei saindo. Teve uma pergunta sobre ter um filho homossexual e cortaram a minha resposta; meus amigos gays me cobraram depois."

Para a psicóloga Ana Cristina Limongi França, a atuação de sua colega de profissão no programa serve apenas para monitorar o estado emocional dos competidores, sem valor terapêutico.

Ana adverte que a participação na "Casa dos Artistas" pode trazer sequelas para alguns. "Vai depender da reintegração, da reação dos amigos e das pessoas nas ruas. Se a atuação na "Casa" for valorizada pelos que assistiram, tudo bem; mas, se houver censura ou discriminação pelo comportamento adotado, será ruim."
O fato de a audiência ter identificado a modelo Núbia Ólive como maquiavélica, Frota como grosseiro, Nana como mulher-objeto, por exemplo, mereceria mais atenção da emissora, segundo Ana Cristina.

"Isso pode se tornar uma ferida. Eles deveriam ter um acompanhamento posterior. Será que houve uma avaliação prévia para saber se todos tinham condições de se submeter a esse experimento humano?"

Outra psicóloga, Rosa Maria Melloni, também acha que a atuação de Débora no programa é ineficaz. "É charlatanismo, não é correto o profissional se esconder. Qual o sentido de uma relação de ajuda se você não vê o analista?" Rosa não crê em sequelas. "Eles não vão endoidar, só vão custar um pouco a engolir a raiva."

O professor de psicologia experimental César Ades diz que "Casa dos Artistas" foi na contramão da ciência. "No Instituto de Psicologia da USP, estamos montando uma comissão de ética para que nossos experimentos não magoem ou maltratem as pessoas. Até com animais é preciso manter o bem-estar numa experiência", diz ele, bastante incomodado com o que viu na TV.
 

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