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26/01/2002 - 02h35

Irmã de Cássia Eller diz que ela era alérgica a remédios aplicados

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FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Folha de S. Paulo, no Rio

A irmã de Cássia Eller, Carla Eller, disse que a cantora era alérgica a adrenalina e xilocaína, medicamentos dados a ela na clínica Santa Maria, durante as manobras de ressuscitação depois das paradas cardíacas que a mataram no dia 29 de dezembro do ano passado.

Ontem, a direção do IML (Instituto Médico Legal) confirmou oficialmente que a xilocaína foi a única substância detectada nos exames toxicológicos feitos no instituto do Rio de Janeiro.

Não foram encontradas drogas nem álcool nos exames toxicológicos, cujo resultado foi revelado anteontem pela Folha.

Para a diretora do IML, Sílvia Falcão, é improvável que tenha ocorrido um choque anafilático por alguma reação a medicamentos, porque o choque anafilático é uma reação muito rápida, que seria percebida tanto no hospital como na necropsia.

A Folha apurou que a necropsia de Cássia não encontrou o que se chama de edema de glote _o inchaço e fechamento da glote (abertura existente na laringe).

"Por enquanto, o que sabemos é que ela não morreu pelo uso de drogas nem de álcool", afirmou a diretora do IML. Sílvia Falcão disse que o álcool é a única substância que, por ser metabolizada mais rapidamente, poderia ter sido eliminada do corpo de Cássia, já que ela estava tomando soro.

"Se houvesse drogas ilícitas, elas apareceriam nos exames", afirmou. Na avaliação da diretora do IML, a causa da morte virá dos exames histopatológicos e das informações hospitalares _o que poderá levar a um diagnóstico de morte natural.

Sílvia Falcão disse que o IML guardou o material usado nos exames e está à disposição para que seja realizada qualquer contraprova, como pretende fazer a clínica Santa Maria. A polícia investiga também se houve erro no atendimento dado a Cássia na clínica Santa Maria.

Carla Eller disse saber que a irmã era alérgica a adrenalina e xilocaína porque, quando ia ao dentista, tinha de usar outro anestésico. Ela não quis afirmar, porém, se o uso desses medicamentos poderia ter provocado ou acelerado a morte de sua irmã.

"Não quero falar em erro médico. Não recebi da clínica informação sobre o que ela tomou. Estamos felizes porque os exames toxicológicos deram negativos", afirmou.

Especialistas

O especialista Edson Passos, professor responsável pelo curso de prótese dentária da Associação Brasileira de Odontologia, disse que a adrenalina e vários de seus derivados, como a xilocaína, são utilizados como anestésicos em tratamentos dentários.

"Pacientes alérgicos a adrenalina e seus derivados têm de usar outro anestésico. Não usamos em pacientes com problemas cardíacos, porque, pelo efeito vasoconstritor, essas drogas exigem que o coração trabalhe mais. Isso poderia provocar parada respiratória, parada cardíaca e até morte'', afirmou Passos.

Falta, porém, esclarecer o que teria provocado a parada cardíaca, já que só depois disso Cássia tomou adrenalina e xilocaína. É isso que o IML está tentando descobrir, com o auxílio das informações complementares solicitadas à clínica Santa Maria.

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio) informou que irá abrir uma sindicância para apurar o caso, e que está esperando apenas receber o laudo do IML e uma cópia do inquérito da delegacia para tomar essa providência.

A Folha procurou ontem o diretor da clínica, Mário Heringer, mas ele não foi encontrado nem retornou as ligações. No escritório do advogado da clínica, Luiz Marcelo Lubanco, funcionários informaram que ele estava em São Paulo. Lubanco também não retornou os recados deixados em seu celular.

Saiba tudo no especial Cássia Eller
 

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