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12/03/2002 - 09h14

Boninho se gaba do poder de "Big Brother" para hipnotizar platéias

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MARCELO BARTOLOMEI
Editor de entretenimento da Folha Online

Responsável pelos maiores sucessos dos últimos tempos na Globo, J.B. de Oliveira, 40, o Boninho, faz qualquer coisa virar ouro na emissora. Ele assina um dos projetos mais caros e audaciosos da Globo numa briga de audiência provocada, especialmente, pela estréia de "Casa dos Artistas", no SBT.

Quando começou, em janeiro, "Big Brother Brasil" era uma incógnita, mas se transformou no maior sucesso da emissora. Agora, ele se gaba do poder do programa, responsável por monopolizar as rodas de assunto nas ruas, por criar gírias que caíram na boca do povo, como "pi", que significa censura, e de ter hipnotizado grande parte da população, que acompanha diariamente a atração, monopolizando a atenção.

Para ele, o sucesso de "Big Brother" é a surpresa e a "tropicalização" do formato, apesar de a atração já ter sido produzida em 40 emissoras de todo o mundo. Boninho garante que não há influência da produção sobre o comportamento e as atitudes dos participantes.

O diretor, filho de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-executivo e atual consultor da Globo, acha que um dos méritos do programa é ser transparente e fiel ao espectador, obedecendo a regras. É aí que ele alfineta a concorrência, já que Silvio Santos deixa claro que "Casa dos Artistas" não tem regras e isso parece estar irritando o público.

No episódio de domingo, por exemplo, o SBT incluiu dois novos participantes na "Casa dos Artistas", desrespeitando a fórmula exibida na primeira edição do "reality show".

Boninho, que já foi responsável pela primeira edição de "No Limite" e por sucessos como o infantil "TV Colosso" e a "soup-opera" "Malhação", também fala de audiência, da concorrência e da acusação de plágio da Globo contra o SBT na questão dos direitos autorais da produção do "reality show".

Confira trechos da entrevista do diretor da Central Globo de Produção à Folha Online, feita por e-mail, de dentro do "Big Brother Brasil".

Folha Online - Qual o objetivo do "Big Brother Brasil"? Ele foi alcançado?

J.B. de Oliveira -
Esse tipo de programa leva para a televisão um misto de voyeurismo, laboratório, exibicionismo e curiosidade. O telespectador cria uma certa afinidade e, mais rápido que possa perceber, acaba tomando uma posição que pode ser positiva ou negativa, mas ele vai até o final para ver no que vai dar.

Tivemos muitas dificuldades para implantar o projeto em um curto espaço de tempo, mas nosso saldo foi superpositivo. O programa é um sucesso e continuamos trabalhando muito para melhorar e entender como contar essa história. Os participantes já cativaram alguns e conseguiram despertar o ódio de outros. Retratar essas pessoas, captar essa loucura durante 24 horas por dia e conseguir fazer com que o telespectador consiga acompanhar o que acontece dentro da casa é o nosso desafio. O Big Brother Brasil é um sucesso de audiência e seu modelo de exibição atual é bem claro.

Renato R. Miranda/Divulgação TV Globo
O diretor J.B. de Oliveira, o Boninho, na edição do "BBB"

Folha Online - O programa alavancou a audiência no horário e venceu duas vezes, em confronto direto, o concorrente, "Casa dos Artistas", do SBT, que tem formato semelhante. Na sua opinião, o que leva o espectador a "espiar" pelas lentes do "Big Brother"?

Boninho -
No início eram 12 desconhecidos, hoje estamos com apenas sete figuras que boa parte do Brasil conhece. Tivemos um pedido de deportação, brigas, intrigas, porres e muitas risadas. Uma de nossas participantes tirou a roupa para uma revista e foi descoberta por internautas, outra fez um filme pouco educativo, que já está rodando por aí. Falamos de bulimia, mostramos a explosão de criatividade de um artista plástico, que para muitos é o "demo" do programa.

Nossa censura eletrônica para os palavrões que rodaram solto, um apito sonoro que faz "pi", virou gíria da galera. A nossa equipe, com mais de cem pessoas, praticamente mora do lado da casa. Muita gente assiste e fala mal, mas muita gente assiste e adora.

A audiência confirma o nosso sucesso e a expectativa é que muito caso ainda vai acontecer. Já tivemos uma rainha louca e a conhecida panelinha do quarto azul. Estamos exibindo o que esse tipo de produto propõe: 12 figuras que aceitaram ficar confinados em uma casa, dispostos a tudo, por um prêmio de meio milhão de reais. Temos o Brasil curioso para ver quem vai chegar lá e quem a gente vai poder torpedear.

Folha Online - Qual é a fórmula que o "Big Brother" usa para combater a concorrência? Você acha que a fórmula explorada pelo SBT, de apresentar como é a vida de artistas trancados em uma casa, pode "seduzir" a Globo para um próximo programa?

Boninho -
A "Casa" copiou parte do formato do Big Brother e isso é muito ruim. Os direitos deveriam ser respeitados, mas não existe essa lei no Brasil. O BBB é um formato estudado e aprimorado pela Endemol, totalmente diferente do programa do SBT, que se utilizou apenas do conceito básico. O BBB já tem uma fórmula que deu certo. Além disso, prevalece o respeito pelo telespectador. Quando ele assiste ao programa, sabe o que vai ver e como vai acontecer. Regras de votação, imunidade e comportamento são transparentes.

Folha Online - O programa já teve baixarias como a Cristiana fazendo xixi na piscina, os participantes "pegando pesado" nas brigas e muitos palavrões. O que pode e o que não pode na TV, na sua opinião?

Boninho -
A regra básica do programa é o relacionamento humano, não interferimos nem censuramos. Mas o participante não pode cometer um caso de violência ou agressão, como o que ocorreu no programa americano. Isso implicaria expulsão. Ele não pode fazer nenhum ato que ponha em risco o ambiente ou um dos participantes. Quanto aos palavrões, utilizamos o efeito "pi", que já virou gíria nacional.

A "baixaria" da participante Cristiana foi exibida somente no cabo, onde não temos controle, mas o canal é pago e restrito. Já na TV aberta, seguimos o conceito editorial da Rede Globo de Televisão. As regras do jogo são claras e os participantes têm conhecimento sobre isso, eles são maiores e responsáveis. Isso não quer dizer que aprovamos e exibiremos tudo que eles fazem.

Folha Online - Qual a principal diferença do "Big Brother Brasil" com o de outros países? Aqui, percebemos que há uma preocupação em formar grupos e estabelecer a permanência no programa, fazer conchavos, algo que não era apresentado de maneira tão evidente nos outros países.

Boninho -
O formato original foi "tropicalizado". Tivemos tempo para ver a maioria dos programas já realizados e, baseados nas regras originais, fizemos nossas adaptações. O espaço externo foi praticamente dobrado em relação aos implantados em todo o mundo para dar um "ar" a mais.

Mas a essência do perfil dos participantes é mais forte que as adaptações. O quarto do líder é um exemplo. O que deveria ser disputado, como o ambiente de status da casa, foi "doado" para o primeiro casal de pombinhos se divertir. Não podemos controlar como eles agem. Os conchavos e a formação dos grupos partiu deles. Pode ser que seja uma característica do brasileiro. Esse tipo de produto, "reality show", gera muita repercussão e controvérsia.

Folha Online - Até que ponto a produção influencia no relacionamento dos participantes dentro da casa? No início, os participantes viviam falando seu nome e pedindo para falar com a produção.

Boninho -
A produção não interfere no relacionamento entre os participantes. A produção acompanha o programa 24 horas por dia. Existem algumas funções de rotina, como trocar os microfones ou passar a instrução para alguma prova, que são dadas pelo serviço de som geral. Isso dá margem para que os participantes tentem se comunicar conosco, com a produção, mas não existe retorno. Raramente eles falaram o meu nome.

A voz do sistema de sonorização geral foi apelidada por eles de "Big God" (Grande Deus), mas muitas vezes é outro diretor que dá os comandos. A confusão é tão grande em relação à minha presença e à minha voz, que a Leca já comentou várias vezes, entre eles, que eu devo permanecer monitorando a casa por mais de vinte e quatro horas. Já no confessionário, podemos administrar as tensões dos participantes, que têm entrevistas diárias. Mesmo assim, temos o cuidado para não induzir ou interferir com o que acontece dentro da casa. Eles são imprevisíveis.

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