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24/03/2002 - 05h06

Portugueses fazem protesto contra minissérie da Globo

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RODRIGO RAINHO
free-lance para a Folha

A Federação das Associações Portuguesas e Luso-Brasileiras enviou uma carta-manifesto à TV Globo acusando a minissérie "O Quinto dos Infernos" de deturpar a história e denegrir a imagem dos personagens. "Não podemos admitir, sem repúdio, a distorção de fatos marcantes da história e o enxovalho de personagens que, na versão do produtor, aparecem como glutões e devassos, fêmeas incontroláveis e garanhões compulsivos", diz a carta, assinada pelo presidente da entidade, Antonio Gomes da Costa.

A federação, que congrega 150 instituições culturais, esportivas e assistenciais de origem lusa, acusa ainda a emissora de ser irresponsável e simplista. "Deve haver, principalmente por parte de uma televisão com a influência e o alcance da TV Globo, a responsabilidade de impedir que se distorça a verdade histórica e se reduza a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, no início do século 19, à caricatura ou à pornochanchada."

A entidade, fundada em 1931, entende que a minissérie contribuiu para a má formação dos estudantes. "Os jovens poderão guardar uma boa imagem da sensualidade de Marcos Pasquim ou admirar os olhos azuis da Bruna Lombardi... mas não ficarão com a mínima idéia do papel que tiveram D. João 6º e D. Pedro 1º para a grandeza e o desenvolvimento do país. Amputou-se a verdade e deu-se asas ao estereótipo e à coscuvilhice."

Para Costa, a carta-manifesto da entidade deveria influenciar a emissora nas próximas produções de época. "Que no futuro a Globo leve em conta o tratamento depreciativo de "O Quinto dos Infernos", diz. "Os meios de comunicação não devem fazer que as pessoas sintam vergonha do passado. Os valores culturais e éticos devem ser preservados."

Luis Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, rebate as críticas da carta. "Em praticamente todas as culturas são comuns manifestações irônicas com relação à sua história. A minissérie não se trata de uma brincadeira com personagens portugueses, há sátira também com brasileiros, ingleses, franceses, com toda a história, enfim", diz. "Na teledramaturgia, onde prevalece a liberdade de criação, como foi dito antes do lançamento da série, nunca se procurou retratar uma realidade. É uma farsa assumida, até nas músicas contemporâneas usadas na sonoplastia. Certamente está estimulando o estudo da verdadeira história do Brasil", completa.

A minissérie, que termina sexta, foi marcada por polêmicas. A Justiça condenou a presença de menores em cenas picantes, o ator Ewerton de Castro abandonou o elenco por achar seu papel pequeno, e o autor, Carlos Lombardi, não gostou das mudanças no horário.
 

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