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28/03/2002 - 09h06

Estela diz que é voyeur, mas não vê o que acontece em "Big Brother"

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CARLA NASCIMENTO
da Folha Online

A videografista Estela Padilha, 23, saiu do "Big Brother" na semana passada com a maior votação de público registrada no programa até agora. Durante sua permanência na casa do "reality show" da Globo, Estela ganhou fama de mandona e de "dona da verdade". A acusação foi feita por Cristiana e causou desentendimentos na casa, levando as duas para o "paredão". O público ficou a favor de Estela mas, desde então, a imagem dela no programa passou a ser a de uma pessoa dominadora.

Na segunda vez em que foi para a eliminação, Estela concorreu com Kleber, e a imagem passada pela videografista foi a de criar intrigas e ser prepotente, já que dizia não se conformar em perder para alguém como o dançarino. O público não gostou das declarações veiculadas no programa e a retirou da atração com 85% dos votos semanas depois. "Um massacre", segundo a própria Estela dizia na época.

Uma semana depois de sua saída, a videografista não coloca a culpa da imagem que passou para o público na edição feita pela Globo, como alguns costumam fazer, mas diz que a Estela do programa estava sobre pressão e cheia de "paranóias".

Esbanjando uma simpatia insuspeitada pelo público que acompanhava seu dia-a-dia no programa, Estela disse, em entrevista à Folha Online, que não faria o "reality show" novamente e que nunca acreditou que ganharia o prêmio. Sobre os concorrentes de programa, ela diz não guardar mágoa de ninguém e que não dá pra julgar as pessoas apenas pela convivência na casa.

Reprodução
A videografista Estela
Leia a seguir trechos da entrevista:

Folha Online - Qual era sua expectativa em relação ao programa ao concorrer para participar do "Big Brother"?

Estela Padilha -
Eu achei que jamais ganharia e nem estava preocupada com isso. Eu estava preocupada com a experiência, com o fato de poder participar do primeiro "reality show" do Brasil e com o fato de que ia ser bom participar porque tudo isso tem a ver com o meu trabalho. Eu via como uma experiência interessante, fora a experiência de conviver com as pessoas e mostrar um pouco da Estela.

Folha Online - Você achou que seria fácil?

Estela -
Eu achei que tudo seria muito fácil. Não foi. Foi muito mais difícil do que eu imaginei. É muita pressão psicológica. Aquilo é feito para te levar ao limite. Quanto mais tempo você permanece ali, menos centrada você vai ficando. Você vai perdendo a sua clareza. É feito pra afetar o teu psicológico.

Folha Online - Foi tão difícil assim? Você faria o programa novamente?

Estela -
Não me arrependo, mas não faria de novo. Achei que eu ia levar numa boa, que eu ia estar sempre com o pé no chão, mas tem umas horas que você entra numa paranóia tão grande que você perde o rumo.

Folha Online - O que você aponta como o mais difícil para permanecer no programa?

Estela -
Comer aquele negócio do liquidificador foi muito ruim [prova imposta pela produção que consistia em misturar no liquidificador alimentos que os concorrentes gostassem. Depois, eles seriam obrigados a ingerir a mistura]. A história que teve com a Leka [Alessandra] e com a Cris [Cristiana]... eu fiquei sentida de verdade. As pessoas falam que é mentira, que eu sou chorona, mas não foi. Eu senti, eu fiquei chateada. Talvez eu tenha sentido muito mais por estar lá dentro porque as coisas parecem muito mais intensas, mas aquilo foi um momento muito ruim pra mim. De resto, eu estava tranquila, relaxada. [Cristiana acusou Estela de ser autoritária. A discussão acabou gerando uma crise na casa e as duas foram para a eliminação. O público escolheu Cristiana para sair]

Folha Online - Deu para fazer amigos durante o tempo de convivência no programa?

Estela -
Tem gente que dá para dar continuidade. O André é muito querido, o Didi [Adriano] é muito querido e eu já o encontrei aqui fora. O Sérgio não precisa nem falar: ele sempre apareceu na hora em que eu mais precisava, muito apaziguador. Tem pessoas que dá para dar continuidade, mas tem pessoas que, se teve algum mal entendido lá dentro, eu acho que você continua daqui de fora, você tenta começar de novo. Eu ouvi falar de muita gente de lá de dentro que saiu falando mal de todo mundo e hoje está aí, todo mundo junto. A Helena, por exemplo, foi muito boa, ela me ajudou muito quando eu estava no "paredão" com a Cris.

Folha Online - Em entrevista à Folha Online, a Helena disse que você tinha um comportamento com o qual ela não concordava, mas não quis dizer o que era. A que ela se referia?

Estela -
Eu também li no site de vocês, mas eu não sei o que é. Na hora em que eu estava lendo, a primeira coisa que eu pensei foi em ligar pra ela. Não tenho a menor idéia. É por isso que eu digo que você não pode sair metralhando todo mundo. No primeiro dia eu até falei algumas coisas que não condiziam com o que vai acontecer daqui para a frente, mas é ridículo você sair acusando os outros. É muito ruim você julgar uma pessoa pelo que ela foi lá dentro.

Folha Online - Você está acompanhando o programa?

Estela -
Não muito...

Folha Online - Por quê?

Estela -
Quando dá eu acompanho um pouquinho. Logo que eu saí eu fiquei vendo todo mundo chorar e desabei. Depois eu comecei a me distanciar. Eu não sei porque, mas não me chamou a atenção. Fora isso, eu estou com um monte de coisas pra fazer e raramente estou em casa na hora do programa.

Folha Online - Isso quer dizer que se você não tivesse participado você não seria uma espectadora do programa?

Estela -
Não, eu acho que eu seria. Eu sou muito voyeur.

Folha Online - E os programas anteriores?

Estela -
Eu não vi muita coisa. O que a Globo me deu foram os dias das eliminações e eu assisti a tudo muito rápido. No dia em que eu saí eu vi que tinha o perfil da Estela e umas tentativas de que eu aparecesse como uma pessoa falsa. Mas isso não foi maldade. A única coisa que eu fiquei chateada foi com a história da meleca. Eu achei depreciativo. Ficou parecendo que eu fico 24 horas por dia com o dedo no nariz. Foi uma brincadeira, não conseguiram resistir. Até eu tinha falado quando entrei na casa que isso é uma grande mania que eu tenho. Eu entendo. Se eu fosse editora, eu jamais conseguiria resistir a isso.

Folha Online - Ao sair, Helena disse que vocês eram obrigados a fazer determinadas coisas. Isso deu a entender que os moradores da casa eram dirigidos para ter certas atitudes visando a audiência do programa. Isso é verdade?

Estela -
As únicas regras do "Big Brother" eram: não quebre nada na casa e não agrida nenhum dos participantes. De resto, ninguém era manipulado a fazer nada que não quisesse. É óbvio que tem aquele fogo, mas que não é a produção que coloca. A produção está sempre ausente. A paranóia toda é nossa. O contato com a produção é apenas por áudio, ninguém nunca viu a cara de ninguém.

Folha Online - E a "bronca" do Boninho [J.B. de Oliveira, diretor do programa] sobre a qual você falou em um dos episódios?

Estela -
Tinha uma história de ficarem me perguntando se estava sendo manipulada, se eu estava me sentindo culpada. Eu saí do confessionário falando. O Boninho chamou a gente e falou que as reclamações deveriam ser feitas no confessionário. Mas isso não foi nenhuma intervenção.

Folha Online - Você disse que um de seus objetivos ao entrar no programa era mostrar quem era a Estela. Colocando na balança hoje, você acredita que a imagem que você conseguiu passar foi positiva ou negativa?

Estela -
Eu não tenho a menor idéia. O que eu vejo na rua é extremamente positivo. Eu saio na rua e vem um menino de 16 anos que me abre um sorriso de orelha a orelha ou uma criança de 10 que fala que eu sou uma pessoa maravilhosa. Acho que a imagem que eu passei lá é um pouquinho "over" do que a Estela é realmente.

Folha Online - Mas você não acha que a edição do programa prejudicou a sua imagem?

Estela -
Quando eu saí eu achei muito engraçado ter levado tudo tão a sério porque tem um monte de coisa que foge ao teu controle. Às vezes pegam uma coisinha que é pinçada de um conteúdo. Aquilo fica extremamente negativo ou positivo, dependendo do lugar em que vai ser inserido. É muito difícil você mostrar quem você é com a edição. A Estela sem edição é um pouco diferente daquilo que eu vi, diferente daquela auto-afirmação. Fora da paranóia, fora da pressão, fora da confusão mental eu não sou essa coisa. Mas eu não acho que a imagem passada para o público tenha sido só culpa da edição ou dos outros participantes. A imagem é o resultado da confusão mental da própria pessoa. Chega uma hora que você não sabe de nada.

O que eu posso dizer é que não era um personagem que estava lá, mas a Estela que está aqui fora está muito relaxada e muito tranquila.

Folha Online - Você teve o maior índice de reprovação na votação do público...

Estela -
Não foi reprovação, foi mérito do Kleber. Quando eu saí eu vi.

Folha Online - Mas como você se sentiu com essa votação ao sair?

Estela -
Lá dentro você toma como verdade essa porcentagem. Então, quando o Didi [Adriano] saiu, eu falei: "nossa, ele foi desaprovado". Quando você está lá dentro, você acha que a porcentagem é sua aprovação ou desaprovação. Você está tão preocupada com o que o público está achando, com o que você está passando para o povo que, de repente, quando você ouve 85%, você acha que você é um monstro, que todo mundo te odeia. Mas na hora em que eu saí da casa eu vi que isso é ridículo. Meu pai me pegou no colo, as pessoas me abraçaram, me beijaram e pediram autógrafo. Depois de dois segundos aqui fora esse medo passou. Aquela votação foi mérito do Kleber.

Folha Online - Qual era o seu maior medo ao sair?

Estela -
Não tinha, porque quando você está vivendo na paranóia, você acredita que tudo o que você está falando é muito sensato. Você acha que tudo o que está acontecendo faz muito sentido. Eu jamais imaginei que estariam falando da minha sexualidade ou do meu relacionamento. Eu não tinha uma preocupação específica. Às vezes, a preocupação era ser aprovada ou não aprovada, mas eu vivia uma paranóia geral.

Folha Online - Você teria dito que a Leka é a bruxa número 1...

Estela -
Cada vez aumentam mais [boatos]. É igual a história do meu casamento. O que aconteceu foi o seguinte: na hora em que eu saí da casa, todo mundo me disse que eu não deveria ter saído e que a Leka estava armando. Aí vieram me perguntar sobre ela e eu disse: "estão me falando que a Leka é uma bruxa". Para todo mundo pra quem eu dei entrevista, eu disse: "eu não vou falar de ninguém, o que eu posso falar da Leka é o que estava lá dentro comigo".

Quando me falaram isso, é lógico que eu me senti traída, porque eu fiz elogios enormes sobre ela na última semana. De repente eu ouço isso. É um choque. Mas eu não sei se é verdade, se ela está jogando mesmo. Se estiver, eu dou os parabéns, porque, lá dentro, não dá para perceber nada.

Folha Online - Mas em algumas horas você dizia que jogava, em outras não...

Estela -
Tudo tentativa fracassada. Em momento nenhum eu disse isso. Foi o que eu te falei. Você pinça uma coisa de um conteúdo e coloca em outro contexto e acaba parecendo uma coisa que não é. Eu posso ter falado alguma besteira em algum momento... Mas sobre o fato de jogar e ser jogadora, eu juro: nunca me preocupei com a história de jogar. Achava muito ruim essa palavra. Isso me incomodava realmente. Se os outros estão jogando eu não os culpo, acho o máximo.

Folha Online - E sobre o seu casamento, o que estão falando?

Estela -
Eu estou chateada porque as pessoas ficam falando que eu sou mentirosa, que eu não sou casada, que eu sou gay. Então, tem um monte de coisa que eu sei que não é verdade e é muito ruim você passar por isso. É ruim ouvir um monte de especulações mentirosas sobre você.

Folha Online - Você continua casada, então...

Estela -
Sempre. Nunca acabou. Enquanto todo mundo falava que tinha acabado ele [o DJ Renato Cohen, 27] estava comigo, no Rio. A gente nunca pensou em acabar e não vive um sem o outro; é grude mesmo. Faz três anos que a gente está junto. Nunca existiu outra pessoa, não tem traição e ele não está há 30 dias com outra pessoa.

Folha Online - Tem alguma coisa que você gostaria de esclarecer para o público?

Estela -
Não quero esclarecer mais nada. A minha grande paranóia foi essa. Quem tiver a chance de me conhecer aqui fora vai ter oportunidade de conhecer uma Estela muito mais relaxada. Não sou horrorosa, não sou um monstro. Cada vez que você tenta se explicar é ridículo.

Folha Online - Você tem mágoa ou raiva de alguém do programa?

Estela -
No começo eu falei que tinha guardado um pouco de mágoa da Van [Vanessa]. Eu até achei que tivesse, mas tudo isso é drama. Na hora que você sai e vê um pouquinho da fita de eliminação, você vê que é um jogo mesmo. Eu achei que eu tivesse guardado mágoa, mas eu estou cada vez mais relaxada.

Folha Online - Quem você acha que ganha e para quem você torce?

Estela -
Eu acho que quem leva é a Vanessa, mas eu torço para o André.

Folha Online - Profissionalmente você pretende continuar atuando atrás das câmeras ou pensa em aparecer no vídeo?

Estela -
De tanto que as pessoas falam que eu sou horrorosa, eu nem penso nisso... Não é que eu não pense em fazer outra coisa, mas eu pretendo continuar fazendo o que eu faço. Mas mudar, toda hora as coisas mudam. Um papel numa novela por exemplo, eu não saberia como fazer, e eu acho que as pessoas são coerentes e ninguém nem me chamaria para fazer um trabalho desse tipo, mas há muitas outras coisas que têm a ver comigo.

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