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01/05/2002
-
21h30
CARLA NASCIMENTO
da Folha Online
A discussão sobre a política de cotas nas universidades para negros, realizado hoje na arena de debates montada no estande das editoras universitárias, transpôs para a Bienal do Livro um tema que tem gerado muita polêmica: esta política acirra o preconceito contra os negros ou ajuda a reparar uma dívida da sociedade brasileira com relação a esta população?
Assim como em diversos fóruns de discussão que têm se formado para discutir a questão - desde que instituições como as universidades estaduais do Rio de Janeiro, alguns órgãos do Governo Federal e prefeituras adotaram o sistema -, as opiniões estiveram divididas entre os palestrantes e o público que participou do debate.
Para a professora Yvonne Maggie, diretora da editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora do livro "Raça como Retórica", a principal preocupação em se adotar o sistema de cotas está no fato de se "enfatizar a desigualdade no lugar da igualdade". Para Maggie, deve-se pensar duas vezes antes de aprovar este tipo de política.
"Esta é a primeira vez na história que o Brasil estabelece uma política onde se coloca claramente uma divisão entre negros, brancos e pardos. Não sabemos onde o efeito das cotas nos levará", disse a professora que chegou a citar a construção do nazismo em sua explanação.
Maggie também falou de sua preocupação com a "marca que o sistema de cotas oferecerá aos estudantes negros" e disse que o Brasil não deve tomar como exemplo os sistemas adotados nos EUA e na África do Sul.
A professora apontou como ideal que o número de vagas fosse ampliado, contemplando a negros e não negros, e que o país adotasse políticas públicas que não fossem racilamente neutras, ou seja, que também levassem em conta o problema racial.
Na outra ponta da discussão se posicionou o professor Marco Frenetti. Para ele, o sistema de cotas não é a solução ideal, mas é a única forma de atacar o problema no Brasil.
Frenetti alertou para o fato de o sistema não ter resolvido o problema nos EUA, mas disse que, em decorrência, foi formada uma classe média que traz benefícios para a população negra de uma forma geral.
O professor disse não acreditar que uma solução espontânea, sem a imposição de leis, seja possível e que a população negra no Brasil já vem esperando por muito tempo por políticas públicas que a levem em consideração.
Entre os benefícios apontados pelos palestrantes para adoção do sistema, Maggie disse que a "vantagem foi trazer o tema para discussão". Para Frenetti é a "visibilidade" que o negro passará a ter na sociedade.
Saiba tudo sobre a Bienal do Livro
Cota para negros em universidades gera polêmica na Bienal do Livro
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da Folha Online
A discussão sobre a política de cotas nas universidades para negros, realizado hoje na arena de debates montada no estande das editoras universitárias, transpôs para a Bienal do Livro um tema que tem gerado muita polêmica: esta política acirra o preconceito contra os negros ou ajuda a reparar uma dívida da sociedade brasileira com relação a esta população?
Assim como em diversos fóruns de discussão que têm se formado para discutir a questão - desde que instituições como as universidades estaduais do Rio de Janeiro, alguns órgãos do Governo Federal e prefeituras adotaram o sistema -, as opiniões estiveram divididas entre os palestrantes e o público que participou do debate.
Para a professora Yvonne Maggie, diretora da editora da Universidade Federal do Rio de Janeiro e autora do livro "Raça como Retórica", a principal preocupação em se adotar o sistema de cotas está no fato de se "enfatizar a desigualdade no lugar da igualdade". Para Maggie, deve-se pensar duas vezes antes de aprovar este tipo de política.
"Esta é a primeira vez na história que o Brasil estabelece uma política onde se coloca claramente uma divisão entre negros, brancos e pardos. Não sabemos onde o efeito das cotas nos levará", disse a professora que chegou a citar a construção do nazismo em sua explanação.
Maggie também falou de sua preocupação com a "marca que o sistema de cotas oferecerá aos estudantes negros" e disse que o Brasil não deve tomar como exemplo os sistemas adotados nos EUA e na África do Sul.
A professora apontou como ideal que o número de vagas fosse ampliado, contemplando a negros e não negros, e que o país adotasse políticas públicas que não fossem racilamente neutras, ou seja, que também levassem em conta o problema racial.
Na outra ponta da discussão se posicionou o professor Marco Frenetti. Para ele, o sistema de cotas não é a solução ideal, mas é a única forma de atacar o problema no Brasil.
Frenetti alertou para o fato de o sistema não ter resolvido o problema nos EUA, mas disse que, em decorrência, foi formada uma classe média que traz benefícios para a população negra de uma forma geral.
O professor disse não acreditar que uma solução espontânea, sem a imposição de leis, seja possível e que a população negra no Brasil já vem esperando por muito tempo por políticas públicas que a levem em consideração.
Entre os benefícios apontados pelos palestrantes para adoção do sistema, Maggie disse que a "vantagem foi trazer o tema para discussão". Para Frenetti é a "visibilidade" que o negro passará a ter na sociedade.
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