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05/05/2002 - 22h12

Sexóloga diz que "amor de reality show" não dura na vida real

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CARLA MENEGHINI
free-lance para a Folha

NA PRIMEIRA edição de "Casa dos Artistas", do SBT, um casal conquistou a simpatia do Brasil: Bárbara Paz e Supla, que ganharam respectivamente o primeiro e o segundo prêmios do "reality show".

Em seguida, vieram novos "reality shows" e mais casais: Xaiane e Kléber e Vanessa e Serginho, do "Big Brother Brasil", da Globo, Cynthia Benini e André Gonçalves, Vitor Belfort e Joana Prado e Syang e Gustavo, da "Casa 2".

Mas o tempo vem mostrando que a maioria das relações iniciadas em "reality shows" não sobrevive fora do confinamento. "Sabíamos que aquilo era uma vida irreal e que terminaria; quando saí da "Casa", tive a sensação de que nem nos conhecíamos de verdade", diz Supla.

"Dificilmente esses casais continuarão juntos, pois os relacionamentos se prestam à realidade do show, não à da vida", afirma a psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, 53, que acredita que os participantes buscam nada mais do que proteção e cumplicidade nos envolvimentos.

"É uma situação de competição, ninguém é amigo de ninguém; namorar ali é ter certeza de que pelo menos aquela pessoa não vai se voltar contra você", diz.

"O bom é que os dois se ajudam e criam uma cumplicidade nas eliminações; além disso, a troca de carinhos faz o tempo passar mais rápido", afirma Supla.

O cabeleireiro franco-angolano Sergio, ex-"BBB", acredita que seu namoro com Vanessa "foi o que deu equilíbrio para enfrentar o confinamento".

Eles não estão mais juntos, mas ambos dizem planejar uma reaproximação no futuro. "Vamos ter de nos conhecer de novo, ver como somos fora daquele ambiente artificial", diz a modelo Vanessa, segunda colocada do programa e que agora terá um papel numa das próximas novelas da Globo.

Segundo ambos, o que impede o namoro no momento é a falta de tempo dos dois e o processo de deportação que Sérgio está enfrentando. "Primeiro vou resolver meus problemas com a Polícia Federal; não quero fazer a Vanessa sofrer", diz o estrangeiro, que não tem garantida sua permanência no Brasil por muito tempo.

Cynthia Benini, eliminada da "Casa dos Artistas 2", diz pretender recomeçar a namorar André Gonçalves quando ele sair do programa e que não teme o envolvimento dele com outra participante.

"Conheço o André muito bem; nossa afinidade vai continuar independentemente do programa", diz. Depois da saída de Cynthia, o índice de rejeição a André na votação pelo UOL disparou. "Muita gente deve ter achado que, com a minha saída, o André tinha perdido sua graça.

Não só nos "reality shows", mas também nas novelas, as pessoas têm interesse por casais românticos, uma forma de identificação natural", diz Cynthia, para quem André ainda é o concorrente mais forte aos R$ 400 mil. "Claro que pode acontecer de um casal continuar, mas eles teriam de se redescobrir, o que é muito difícil, porque pensam que se conhecem", avalia Regina.

"O programa é um recorte da realidade, um ambiente em que tudo conspira para que os participantes se envolvam e se toquem, por isso podem vir à tona aspectos distorcidos da personalidade, que nunca viriam do lado de fora", diz.

Energia negativa Envolver-se com outro participante também pode atrapalhar os competidores dos "reality shows". "Depende da energia que o casal passar, se o público sentir que não é verdadeiro, elimina mesmo", diz Sérgio.

Foi o que aconteceu com Xaiane e Kléber, também do "BBB". Após duas semanas de um fogoso "affair" debaixo do edredom, os dois foram para o paredão e Xaiane acabou eliminada.

"Não fiz aquilo para chamar atenção nem para imitar a "Casa dos Artistas'", diz a ex-participante. Depois da saída dela, Kléber, o vencedor do prêmio de R$ 500 mil, melhorou seu entrosamento com os outros e ganhou a simpatia do público.

As brigas de casal também podem gerar antipatia no telespectador. O lutador Vitor Belfort acredita ter sido eliminado da "Casa 2" devido ao excesso de brigas que teve no ar com Joana Prado, a Feiticeira. Ambos já haviam namorado e reataram ao se reencontrar no "reality show". "Em relação ao jogo, nosso namoro acabou prejudicando.

O público está acostumado com romances de novela, e num show de realidade o romance nem sempre é bonito, tem brigas e ciúmes", diz Belfort, que pediu Joana em casamento durante o programa do último domingo, quando empresas se ofereceram para patrocinar a festa.

Separação Mesmo efêmeros, os romances podem atrapalhar relações sólidas. A união do apresentador Daniel Sabbá e da roqueira Syang terminou depois que ela cedeu às investidas do modelo Gustavo Mendonça na "Casa 2".

Após tentar invadir o SBT para retirar a namorada do programa, Sabbá anunciou o rompimento unilateral. Syang, eliminada há uma semana, se disse "confusa".

Para Regina Navarro, a falta de privacidade tende a tornar a relação tensa e as brigas, inevitáveis. "Eles ficam naquele tesão e não podem transar, um mal-estar terrível", diz. Vanessa concorda: "A falta de privacidade me irritava, a intimidade era limitada pelas câmeras".



 

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