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24/05/2002 - 03h25

Espetáculo humorístico "Cócegas" chega a SP em julho

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MARCELO RUBENS PAIVA
da Folha de S. Paulo

Depois, dizem que teatro não dá dinheiro. Mas, quando rola, é um rolo compressor.

Há um ano, estreou numa sala de 130 lugares da faculdade Cândido Mendes, Rio de Janeiro, o espetáculo "Cócegas" -uma sequência de nove esquetes humorísticos escritos e atuados por duas atrizes cômicas, Ingrid Guimarães, 29, e Heloísa "Lolô" Périssé, 35.

No início da temporada, elas ficavam intrigadas com a quantidade de gente que disputava um ingresso. Perguntavam se ainda eram os convidados da estréia. No segundo mês, para assistir ao espetáculo, exibido de segunda a segunda, exceto às quartas, havia uma espera de um mês.

Em cinco meses, mudaram-se para o Teatro das Artes, de 500 lugares, onde ainda segue em cartaz e continua lotando, de quarta a domingo. "Cócegas" estréia em São Paulo no final de julho no Tom Brasil. E tem mais.

O texto, indicado para o Prêmio Shell e Governador do Estado, será publicado em forma de contos, "Os Melhores Momentos de Cócegas", pela Objetiva. Uma versão será filmada, com roteiro das autoras e de Joaquim Assis e Domingos de Oliveira. No dia 26 de maio, a peça ganha no Rio uma versão infantil, "Cosquinhas". Quer mais?
A Globo licenciou a marca "Cócegas" e lançará brinquedos inspirados na peça. Heloísa vê uma de suas personagens, a Adolescente, entrar no "Fantástico". Uma de suas peças, "A Saga da Senhora Café", na gaveta há anos, será encenada por Marília Pêra.

Ingrid -que escreveu com Maria Mariana o bem-sucedido "Confissões de Adolescente", no qual atuou e que está em cartaz até hoje- foi indicada ao Prêmio Shell e Coca-Cola pelo texto do espetáculo "Duas Mãos", de 1997, escrito em parceria com Carol Machado. Atualmente, escreve para "Batalha de Arroz num Ringue para Dois", programa dominical da Globo [a estrear, com Miguel Falabella e Cláudia Jimenez].

Folha - "Cócegas" virou uma holding. Vocês estão milionárias?
Ingrid Guimarães -
Não, você está?

Folha - Como não? Se eu fizer as contas de quanto vocês ganham...
Heloísa "Lolô" Périssé -
E de quanto a gente paga?

Ingrid - A gente tem uma equipe grande, abriu um escritório que cuida de tudo, fecha contratos, fala com nosso advogado, responde cartas e e-mails, cria nosso site. "Cócegas" era um pequeno aparato, que ficou enorme. Estamos ganhando bem pelo nosso trabalho, mas não temos nem tempo de curtir o que está acontecendo.

Heloísa - Eu sabia que ia dar samba. Não sabia que ia dar uma escola de samba. Glória a Deus.

Ingrid - Já fiquei com dívida no banco um ano e meio, e meu pai falava "eu não acredito que você ainda insiste com esse negócio".

Heloísa - Temos que apostar na gente. As pessoas perguntam: "Por que você não faz uma novela?".

Folha - Por que você não faz uma novela?
Ingrid -
Eu fiz uma novela, que fez um baita sucesso ["Por Amor", de Manoel Carlos". E é engraçado, porque a sina da comediante é a seguinte: ou faz programa de humor ou entra na novela para fazer um papel que, em princípio, é pequeno, uma empregada ou uma secretária...

Folha - Qual papel era o seu?
Ingrid -
Era o de uma empregada. Se o público gosta, aumentam o seu papel.

Folha - O quadro "Pastora, a Perua de Deus" choca o público?
Heloísa -
Choca, porque religião é um assunto delicado. Na realidade, a Ingrid está falando de pessoas que usam isso [a religião] como um artifício para poder chegar aonde querem. Quando a gente foi no Jô Soares [programa em que Ingrid representou parte do quadro], recebemos vários telefonemas depois: "Suas cachorras, ficam falando o nome de Deus em vão". Mas o quadro não diz se ela é católica, espírita, protestante. Ela não se define.

Folha - Quem teve a idéia de fazer a versão infantil ["Cosquinhas""?
Heloísa -
Um dia, compraram o teatro para uma festa de aniversário, e a gente não sabia. Quando entrei em cena, só vi crianças. Ô, caracolas, como é que vou falar o texto cheio de palavrões? A gente começou a adaptar na hora. Em vez de falar: "Você tem maconha?", a gente falava: "Você solta pum?". Coisas assim, infantis, e as crianças piraram, morreram de rir. Eu trabalhei a vida inteira com teatro infantil. A primeira coisa que escrevi foi uma peça infantil ["Uma Viagem Encantada"".

Folha - O nome, "Cócegas", veio de onde?
Ingrid -
Eu que bolei. A gente tinha várias ceninhas, mas uma não tinha nada a ver com a outra. O nome da peça era "Procura-se". A gente pensou: vamos falar sobre as profissões do terceiro milênio. Mas a adolescente.

Folha - Uma vez, você me contou que queria alguma coisa que tivesse "riso" no nome.
Ingrid -
É, alguma coisa assim: é uma peça para rir. Todo mundo tem um pouco de preconceito contra peça cujo nome seja cômico. Adorei este código, "Cócegas", que é uma coisa que faz rir, mas ao mesmo tempo incomoda.

Folha - Vocês se conheceram como?
Ingrid -
Nos encontramos na Oficina de Humor, na Rede Globo, a única que teve, que deu errado, por sinal. Quase todos os comediantes do Rio fizeram esse teste estilo Broadway: tinha que cantar, dançar e representar em cinco minutos.

Heloísa - Era para o programa do Chico Anísio, em que iriam lançar novos comediantes.

Ingrid - A gente se reencontrou num projeto que teve aqui no Rio, que também fez sucesso, chamado "Laboratório de Humor". E eram vários comediantes.

Folha - O Rio tem essa tradição de performance de humor muito mais forte do que outros lugares, não?
Ingrid -
São Paulo não tem isso?

Folha - Tem pouco.
Ingrid -
Eu conheço gente que já fez performance aqui em ônibus. Tenho uma amiga que tinha um grupo de metrô.

Folha - Vocês acham que vai rolar "Cócegas 2"?
Ingrid -
Não sabemos. A gente tem muitas idéias juntas. Nós vivemos um casamento.

Heloísa - Eu chamo todo mundo de Ingrid, bicho. Até a minha irmã eu chamo de Ingrid.

Folha - Vocês começaram cedo?
Ingrid -
Fiz uma peça infantil, a única da minha vida: "O Jardim das Borboletas". Eu era uma abelha, e foi a minha primeira crítica positiva. Depois, fiz uma peça com o Domingos de Oliveira chamada "Testemunha da Criação", e foi por isso que ele me chamou para fazer "Confissões". Até escrevi no início, mas, para mim, eu era uma adolescente na época.

Folha - Você ainda ensaia suas peças na sala de sua casa?
Ingrid -
Na sala da minha casa e na dos meus pais, quando morava com eles. E a vizinha que morava embaixo falava assim: "Vem cá, do que é que vocês riem tanto?".

Heloísa - A gente se reunia e ficava viajando.

Ingrid - A gente sabe quando a coisa é boa, quando a gente ri. Outro dia, criamos uma coreografia, e eu fiquei três dias rindo.

 

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