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05/07/2002 - 04h05

Biografia lançada nos EUA revela um Neil Young "do mal'

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IVAN FINOTTI
da Folha de S. Paulo

Desde que Neil Young atingiu o topo da parada americana com a singela canção "Heart of Gold", há 30 anos, o artista vem sendo confundido com essa música.

Neil "Coração de Ouro" Young mantém uma escola para crianças excepcionais. Neil "Coração de Ouro" Young participa de eventos beneficentes. Neil "Coração de Ouro" Young envelheceu sem se vender à indústria fonográfica.

Bem, tudo isso é verdade. O que não se podia imaginar, em se tratando de um hippie da velha-guarda, é que Neil "Coração de Ouro" Young tem um lado escuro. É o que se lê na biografia "Shakey", de Jimmy McDonough, lançada no mês passado nos EUA e que frequentou a lista dos 15 mais vendidos do "New York Times".

O nome da obra, "Shakey", vem de Bernard Shakey, um pseudônimo usado pelo artista. Mas também pode ser traduzido por hesitante, receoso, vacilante, trêmulo. "O nome é mais do que apropriado", diz o biógrafo. "Ele não tem o mais sólido dos caráteres, apesar de eu dizer isso com afeição." Afeição, diga-se, seriamente abalada após a tentativa de Young de barrar o lançamento da biografia, mesmo após conceder 50 horas de entrevista.

Aos 56 anos, 45 álbuns lançados, sem contar uma dezena de compilações, Young admite: "Não é que eu não possa ver os sentimentos das pessoas. Sempre que você vai em frente, deixa um enorme rastro... Muita destruição atrás de mim. Não sou santo! Posso ser tão sacana quanto qualquer um. E tenho sido".

"Shakey" é um tijolo de 786 páginas, finalizado após 12 anos de trabalho, enorme até para fãs. "É maior que as biografias de Mandela e de Mao Tsé-tung", lembrou o jornalista Douglas Cruickshank na revista eletrônica "Salon". E resumiu: "Acontece que nem Mandela nem Mao tocavam uma guitarra que valesse a pena".

A seguir, fala o biógrafo.

Folha - Por que Neil Young quis barrar o seu livro?
Jimmy McDonough -
Eu realmente não sei, para ser honesto. Em dezembro de 98, entreguei ao sr. Young uma cópia do manuscrito. Uma semana e meia depois, recebi um fax dizendo que Young estava fora do projeto. Não foi dada nenhuma razão. Leia o livro. Neil adora mudar de idéia.

Folha - Houve processo?
McDonough -
Um processo foi aberto em meu favor, em torno de US$ 1,8 milhão. Foi desagradável, mas foram anos e anos da minha vida nisso e queria ver o livro publicado _o livro que Neil Young disse que eu poderia escrever. No fim das contas, ele permitiu a publicação e até contribuiu com algumas correções. Sou grato a ele.

Folha - O livro retrata Neil Young como um cara mau?
McDonough -
Não acho. Cruel e implacável, sim. É o hippie bonzinho que os fãs imaginam? Acho que não. É um cara complicado.

Folha - O que dizem os parceiros?
McDonough -
Crosby diz coisas legais sobre Neil. Nash é um tanto pesado. Stills concordou em ser entrevistado, mas não falou.

Folha - Os fãs ficarão desapontados com o "lado escuro" de Young?
McDonough -
Espero que não. Neil Young é um grande artista.

Folha - Conte algumas fofocas. É verdade que ele evita luzes?
McDonough -
Não acho que ele evite luzes (risos). Ele teve alguns problemas de saúde na infância, então talvez por isso esse boato tenha surgido.

Folha - O que mais?
McDonough -
Ele comprou parte da Lionel Trains, uma fábrica de trenzinhos elétricos. Neil nunca me pareceu tão feliz como quando ele está no comando dos trenzinhos. Ele construiu um galpão especial para isso em seu rancho. Lá foi onde eu o vi mais feliz.

SHAKEY
Autor: Jimmy McDonough.
Quanto: US$ 29,95 (786 págs.).
 

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