05/08/2002 - 13h36

"Jazz in Marciac" é um dos mais reservados encontros de jazz

PATRÍCIA KALIL
free-lance para a Folha Online

O público cativo não se importa com a distância da cidade, o que faz do "Jazz in Marciac" um dos mais reservados encontros anuais de jazz na França.

"Vim de Bourdeux e ficarei uma semana em Marciac. Este é um dos poucos eventos de música que me fazem tirar férias", disse Veronique Chandez, 40, que estava no show de Gilberto Gil no sábado passado em Marciac.

Nas próximas duas semanas, artistas como Wynton Marsalis e Ornette Coleman marcam mais um ano do festival. Confira a programação do evento:

04/08 - Dave Douglas/Charles Lloyd

05/08 - Joe Zawinul/ Marcus Miller

06/08 - Kenny Neal/ Buddy Guy

07/08 - Wynton Marsalis/ Lincoln Center Jazz Orchestra

08/08 - Brad Mehldau/ Dee Dee Bridgewater

09/08 - Herve Sellin/ McCoy Tyner

10/08 - Bojan Z/ Ornette Coleman

11/08 - B. Trotignon/ R. Galliano/ Michel Portal/ Jean-Michel Pilc

12/08 - Biréli Lagrène / Didier Lockwood

13/08 - Ray Barreto/ Michel Camilo

14/08 - The Shirley Whals/ Rd J. Dixon

03/09 - N.W.Touissaint/ J-J Milteau

04/09 - Charanga Nueva/ Omar Sosa

05/09 - Ceux Qui Marchent Debout/ Occidentale de Fanfare

A pequena vila de Marciac, no distrito de Gers, é quase um ponto perdido no mapa. Diz o ditado popular francês "ici, il y a plus de vaches que d'habitants" ("aqui há mais vacas que gente"), mas em Gers não são as vacas que reinam. Este papel fica para a Normandia, mais ao norte, e sua produção de queijo Camembert.

A região de Marciac é, sim, o paraíso de "les fins gourmets", aqueles que apreciam a boa culinária francesa, além de ser a principal produtora de fois gras na França.

A maior cidade da região de Marciac, Auch, fica a 50 km do local. Para chegar ao vilarejo, é necessário ir de carro. Não há estação de trem e os ônibus que vão a Marciac não são suficientes para transportar o público atraído pelo evento.

A solução é pedir carona na estrada e contar com a camaradagem dos "colegas de jazz".

François Berthault, 24, viajou de Paris a Lourdes de trem -803 km, uma jornada de 6 horas- e pegou carona em Tarbes. "Em Lourdes, pedi a ajuda da santa e peguei a primeira carona. Todo ano é assim', disse.

Na volta, para quem não vai se hospedar no hotel da cidade ou dividir uma barraca no camping, o jeito é se dirigir a cidades maiores vizinhas e esperar o primeiro trem, que sai às 7h.

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