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22/08/2002 - 03h27

Alheia à crise, MTV faz entrega de prêmios hoje

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

Aparentemente, tudo está perfeito para a MTV no dia em que acontece a oitava edição de sua maior festa anual, a premiação do Video Music Brasil. A rede musical de TV projeta, até o fim do ano, um crescimento de faturamento de 15% a 20% em relação a 2001. Paradoxalmente, isso acontece em meio a uma das mais fortes crises da história da indústria fonográfica nacional, a mesma que ampara a MTV com clipes, artistas, parcerias etc.

O mercado amarga hoje o crescimento explosivo da pirataria (estimada em 50% da circulação total, em 2001), a derrocada de gêneros populares e um encolhimento progressivo do mercado oficial (entre 2000 e 2001, o consumo de CDs oficiais caiu cerca de 17%, tendência que se agrava em 2002). Para a TV da música, ilha de tranquilidade em meio ao vendaval, tudo isso passa batido.

"Foi um ano de pouca novidade, apareceram poucas bandas. Mas a quantidade de videoclipes é a mesma de 2001. A pirataria não se reflete na MTV. Nosso faturamento vem do mercado anunciante, que cada vez mais percebe o retorno que tem ao aparecer aqui", enumera o presidente da MTV, André Mantovani, 38.

Outro dos assuntos explosivos da temporada -o debate sobre direitos autorais, via polêmica da numeração de CDs- aparece de forma enviesada na rede musical. Há dois anos e meio a emissora não paga direitos devidos ao Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) pela veiculação de músicas na programação. E a MTV acaba de vencer, em primeira instância, ação contra o recolhimento pretendido pelo Ecad, de 2,5% do faturamento total.

O Ecad diz desconhecer a sentença favorável à MTV, mas só quis se pronunciar à Folha por escrito: "O que é de estranhar é que a MTV, uma emissora puramente musical, transmitindo em sua programação 24 horas de música diária, esteja justamente caminhando em direção contrária à maioria das emissoras de TV, que cumprem o devido pagamento".

Do lado dos artistas, o representante da classe no grupo de trabalho sobre numeração, Roberto Frejat (que tem indicações para prêmios e participa hoje à noite da festa do VMB), não se pronunciou até a conclusão desta edição.

Sobra para o franco-atirador Lobão, 44: "Eles têm obrigação, como emisora eminentemente musical, de no mínimo dar o exemplo de colaboração com os artistas, e não de exploração e inadimplência. Quanto a mim, pessoalmente, não perco muito com isso, pois é ruim de eu tocar lá...".

A MTV se defende. "Não deixamos de recolher por vontade nossa, mas porque o tipo de ação que movemos determina isso. Achamos que o Ecad não pode se encarar como um poder público, que cobra imposto e nem precisa negociar. Continuamos pagando as outras editoras normalmente. Os valores referentes ao Ecad estão sendo reservados e são considerados na contabilidade da empresa", afirma o diretor financeiro da empresa, Eder Peres, 46.

Quanto aos artistas: "Temos uma relação clara e limpa com a classe. Eles entendem as razões dessa ação contra o Ecad".

Logomarcas
Se a MTV não se preparou para se posicionar em seu VMB sobre crise, pirataria, numeração ou outras questões candentes da indústria que motiva sua existência, por outro lado se esforça por não passar imagem de despolitizada ou pouco atuante no cenário atual.

O fio condutor imaginado para a cerimônia que começa às 22h é o do universo das logomarcas, sob inspiração aparente do polêmico livro "No Logo", de Naomi Klein.

"As vinhetas farão uma autocrítica da MTV. Será a apoteose das marcas, com o consumismo desvairado como fio condutor", explica Mantovani. Segundo ele, cada artista concorrente terá logomarca específica, numa "crítica ao mundo maravilhoso das marcas, ao próprio sistema".

Ele promete também menção às eleições que se aproximam. "Pirataria é caso de polícia. Não me parece um dos maiores problemas do Brasil hoje, há muita boca para alimentar antes. Prefiro usar a força da MTV para debater assuntos que preocupam os jovens", diz, citando como exemplo as eleições. "Continuamos chamando os candidatos a ir ao programa do João Gordo, até agora só Ciro Gomes compareceu", alfineta.

Quanto ao cenário catastrófico várias vezes pintado pelas gravadoras, Mantovani se volta ao umbigo MTV: "Para a gente acabar tem que acabar a música mundial. Se a música brasileira parar, tocamos música estrangeira".

Bem, mas aí deixaria de existir o VMB, que premia a música nacional e é festejado hoje como ponto culminante da programação anual da rede de TV e música...

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