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06/09/2002 - 02h39

Afonso Brazza, o pior cineasta do mundo, estréia em São Paulo

IVAN FINOTTI
da Folha de S.Paulo

"O pior cineasta do mundo? Sou eu mesmo. Mas sabe por que dizem isso? Porque não tenho dinheiro para superproduções. Esse que está estreando em São Paulo, por exemplo, fiz com rolos de filmes vencidos. O próximo vai ser com negativo novo. Como se pode ver, estou melhorando."

Esse é Afonso Brazza, 48, o bombeiro-cineasta de Brasília, que, enfim, estréia comercialmente em São Paulo. Após dirigir seis fitas _todas elas com custo inferior a R$ 100 mil, como o bangue-bangue "Índios Navarros em Trevas de Pistoleiros entre Sexo e Violência" (1985)_, Brazza estréia hoje "Tortura Selvagem - A Grade". O filme está no Cine Arte Lillian Lemmertz, na zona oeste, e, surpresa, na sala 8 do ultracomercial Cinemark do shopping Aricanduva, na zona leste.

Ao custo de R$ 180 mil, "Tortura Selvagem" é o filme mais caro do pior cineasta do mundo. Nele, os bandidos gordos correm a pé por Brasília e se esgueiram por arbustos e palmeiras. Por causa dos negativos velhos, as cores mudam dramaticamente de uma cena para outra. E a dublagem não é boa.

A fita foi lançada no ano passado em Brasília. Em cinco semanas, fez 1.700 ingressos, o que é considerado bom pela Cinemark.

"Brazza fez 750 expectadores na semana de estréia em sua cidade", conta Ricardo Szperling, gerente de programação nacional da rede. "Naquela semana, "Bridget Jones" estreou lá com 3.700. O nacional "Memórias Póstumas" fez 900."

Outra boa razão é a cota obrigatória: a rede precisa colocar filmes brasileiros 200 dias por ano em suas 14 salas no Aricanduva. "Também não temos tantas estréias agora. Não será como lá, mas estimo que teremos 300 pessoas na semana", diz Szperling.

Quanto ao Cine Arte Lillian Lemmertz, ele é propriedade da Polifilmes, distribuidora de filmes nacionais, europeus de arte e também da produção do pior cineasta do mundo. "Brazza é amigo antigo", diz o sócio Luiz Câmara.

Nascido no Piauí, Brazza iniciou sua carreira aos 14 anos, na escolinha de atores de Zé do Caixão, que em 1969 funcionava no Brás, em SP. Trabalhou na Boca do Lixo por 10 anos. "Quando o sexo explícito acabou com nosso cinema, lá por 1980, resolvi conseguir uma garantia de vida", conta Brazza. Foi para Brasília, onde sua mãe era lavadeira, e prestou concurso para ser bombeiro.

Combateu o fogo pelos 20 anos seguintes _há três, faz trabalho interno_, mas não abandonou sua antiga paixão. "Sou inteligente: sou cineasta, mas ganho salário todo mês", diz Brazza.

"Hoje tenho uns 600 colaboradores que, para ajudar nas produções, vendem vídeos e camisetas. Entre eles, está Liliane Roriz, filha do governador do DF. Encomendas no 0/xx/61/385-6539", avisa.

Até hoje, o diretor só tinha tido duas sessões especiais em SP, uma no Espaço Unibanco (2000), e outra na Mostra Internacional de Cinema 2001. Leon Cakoff diz por que programou Brazza em sua mostra chique: "Para que a gente possa se enxergar um pouco".
 

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