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23/10/2002
-
03h23
da Folha de S.Paulo
O Tribunal de Justiça de Porto Alegre deve julgar nas próximas semanas o caso do músico que invadiu uma rádio, armado, e obrigou o radialista a tocar músicas do CD de sua banda.
Entre uma faixa e outra, o locutor foi obrigado a ler um "manifesto" em que o cantor falava da "injustiça da mídia", que não "deu espaço" para sua carreira.
A polêmica judicial agora é se houve ou não assalto. A acusação diz que sim, que o cantor roubou o espaço de radiodifusão. Para a defesa, não, porque, pela lei, "roubar é subtrair para si, mediante violência, coisa alheia móvel".
Marcus Vinícius Deorristte dos Santos, 27, vocalista do Além do Céu Cinzento, ex-cover do Legião, acabou preso depois de apontar um revólver 38 para a cabeça do locutor da Atlântida FM.
O episódio acaba de completar um mês, e Marcus, hoje em liberdade provisória, já ensaia passos de popstar. Contratou uma produtora em São Paulo e negocia entrevistas no SBT e na Band.
A TV, que leva Belo do céu ao inferno em segundos, não perderá o "drama do cantor que não consegue mostrar seu talento".
Oportunismos de todos os lados à parte, o que nos interessa é outro papo: se tudo der certo para Marcus Vinícius na Justiça, ele pretende incorporar o discurso "pelo fim dos jabás nas rádios".
Lobão já levantou essa bandeira. Denuncia a prática que todo mundo sabe que existe em muitas estações, mas ninguém tem coragem de assumir: gravadoras pagam para que as músicas sejam executadas.
Ou isso é fato ou então alguém terá que estudar o incrível fenômeno de a principal faixa de um CD quase sempre estar entre as mais tocadas na mesma semana em que o disco é lançado.
Antigamente, o acordo era feito mais na surdina, direto com locutores. Hoje, os donos resolveram capitalizar essa "relação" e organizaram o esquema empresarialmente. É o mesmo que aconteceu com a TV.
Antes, o contra-regra recebia um dinheirinho para colocar uma determinada marca de refrigerante na mesa do bar da novela. Agora, emissoras têm departamentos de merchandising.
OK. Não é mole enfrentar a crise do mercado publicitário. Mas não seria mais digno assumir para o ouvinte qual é, na verdade, o critério para a escolha das músicas?
Com a morte do radialista Miguel Dias, na semana passada, a Globo AM (1100 kHz) começa a estudar a reformulação de sua programação. O líder no ibope "Manhã da Globo", que era apresentado por ele, passa a ser temporariamente ancorado por Laércio Maciel (do "Alô, Bom Dia").
Outra Frequência: O músico invasor e o esquema de jabás nas rádios
LAURA MATTOSda Folha de S.Paulo
O Tribunal de Justiça de Porto Alegre deve julgar nas próximas semanas o caso do músico que invadiu uma rádio, armado, e obrigou o radialista a tocar músicas do CD de sua banda.
Entre uma faixa e outra, o locutor foi obrigado a ler um "manifesto" em que o cantor falava da "injustiça da mídia", que não "deu espaço" para sua carreira.
A polêmica judicial agora é se houve ou não assalto. A acusação diz que sim, que o cantor roubou o espaço de radiodifusão. Para a defesa, não, porque, pela lei, "roubar é subtrair para si, mediante violência, coisa alheia móvel".
Marcus Vinícius Deorristte dos Santos, 27, vocalista do Além do Céu Cinzento, ex-cover do Legião, acabou preso depois de apontar um revólver 38 para a cabeça do locutor da Atlântida FM.
O episódio acaba de completar um mês, e Marcus, hoje em liberdade provisória, já ensaia passos de popstar. Contratou uma produtora em São Paulo e negocia entrevistas no SBT e na Band.
A TV, que leva Belo do céu ao inferno em segundos, não perderá o "drama do cantor que não consegue mostrar seu talento".
Oportunismos de todos os lados à parte, o que nos interessa é outro papo: se tudo der certo para Marcus Vinícius na Justiça, ele pretende incorporar o discurso "pelo fim dos jabás nas rádios".
Lobão já levantou essa bandeira. Denuncia a prática que todo mundo sabe que existe em muitas estações, mas ninguém tem coragem de assumir: gravadoras pagam para que as músicas sejam executadas.
Ou isso é fato ou então alguém terá que estudar o incrível fenômeno de a principal faixa de um CD quase sempre estar entre as mais tocadas na mesma semana em que o disco é lançado.
Antigamente, o acordo era feito mais na surdina, direto com locutores. Hoje, os donos resolveram capitalizar essa "relação" e organizaram o esquema empresarialmente. É o mesmo que aconteceu com a TV.
Antes, o contra-regra recebia um dinheirinho para colocar uma determinada marca de refrigerante na mesa do bar da novela. Agora, emissoras têm departamentos de merchandising.
OK. Não é mole enfrentar a crise do mercado publicitário. Mas não seria mais digno assumir para o ouvinte qual é, na verdade, o critério para a escolha das músicas?
Com a morte do radialista Miguel Dias, na semana passada, a Globo AM (1100 kHz) começa a estudar a reformulação de sua programação. O líder no ibope "Manhã da Globo", que era apresentado por ele, passa a ser temporariamente ancorado por Laércio Maciel (do "Alô, Bom Dia").
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