Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/12/2002 - 15h27

Possível ministro da Cultura é "pai" da Tropicália, canta forró e reggae

Publicidade

da Folha Online

Aos 60 anos completos em junho passado, Gilberto Gil, o possível novo ministro da Cultura brasileiro, é um dos "pais" da Tropicália, o movimento que revolucionou a música nos anos 60 e 70. Em sua carreira, sempre sólida e com uma visão empresarial comandada pela mulher, Flora Gil, ele já experimentou o sucesso com o forró, em 2000, e mais recentemente, com adaptações da música de Bob Marley.

Gilberto Passos Gil Moreira nasceu em Salvador, em 26 de junho de 1942. Com três meses, foi morar em Ituaçu, no interior baiano, onde passou a infância. Desde cedo, se interessou por música, fascinado pelos sons de bandas locais, dos sanfoneiros, dos cantadores e dos violeiros.

Em 52, Gil foi para Salvador, onde estudou no Colégio dos Irmãos Maristas. No mesmo ano, matriculou-se em uma escola de acordeon.

Aos 18 anos, formou com amigos o conjunto Os Desafinados, onde se revezava no acordeon e no vibrafone. Influenciado por João Gilberto, no final dos anos 50, Gil abandonou o acordeon e passou a tocar violão.

No início dos anos 60, ele começou a compor e a cursar administração de empresas na Universidade da Bahia. No ambiente musical efervescente da universidade, entrou em contato com a música erudita contemporânea. Em 62, a música "Bem Devagar", de sua autoria, foi gravada pelo grupo As Três Baianas.

Carreira

Em 63, gravou e lançou dois compactos. No final do mesmo ano, conheceu Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. Em junho de 64, os quatro, com Tom Zé e outros músicos baianos, fizeram o show "Nós, Por Exemplo", que inaugurou o Teatro Vila Velha em Salvador.

Quando terminou a universidade, Gil, que desde 62 trabalhava como fiscal da alfândega em Salvador, passou a trabalhar na Gessy Lever, em São Paulo. Em maio, casou com Belina, sua musa e namorada há três anos. Poucos dias depois o casal se mudou para São Paulo.

Em São Paulo, em 65, Gil se dividia entre as atividades na Gessy Lever e a vida musical. Compôs com Capinan e Torquato Neto, conheceu Chico Buarque e reencontrou Caetano, Gal, Bethânia e Tom Zé no espetáculo "Arena Canta Bahia", do diretor Augusto Boal.

Na época, lançou um compacto (com "Procissão" e "Roda") por uma grande gravadora, a RCA. Na TV, se destacou no programa "O Fino da Bossa", apresentado por Elis Regina, que consagrou a sua "Louvação".

Com o sucesso e um contrato para fazer um LP pela Philips, Gil abandonou o emprego na Gessy. Mudou-se para o Rio com Belina e a recém-nascida filha Nara. Em 66, Gil concorreu como compositor em dois festivais: o 1º FIC (Festival Internacional da Canção), da TV Rio, com "Minha Senhora", na voz de Gal, e no 2º Festival de MPB, da Record, com "Ensaio Geral" (classificada em quinto lugar), cantada por Elis.

"Ensaio Geral" deu nome ao programa que por algum tempo Gil apresentou na TV Excelsior. Em maio, saiu o seu primeiro LP, "Louvação". Gil teve mais uma filha, Marília, se separou de Belina e passou a viver com a cantora Nana Caymmi.

Com "Domingo no Parque", Gil ficou em segundo lugar no festival da Record. Caetano ficou em quarto com "Alegria, Alegria". Foi o início do movimento tropicalista.

Em 68, lançou o LP "Gilberto Gil", dando início ao Tropicalismo, em que ele e Caetano Veloso eram as principais figuras. Com uma proposta de antropofagia de valores culturais estrangeiros baseada em idéias de Oswald de Andrade, o tropicalismo se concretizou com "Tropicália ou Panis et Circensis", disco que trazia Caetano, Gil, Os Mutantes, Torquato Neto, Capinam, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão e arranjos do maestro Rogério Duprat.

Regime militar

Em 69, Gil foi preso pelo regime militar e lançou a irônica "Aquele Abraço". Partiu para o exílio, em Londres, com Caetano. Voltou em janeiro de 72, para um show em que lançou músicas como "Oriente" e "Back In Bahia", do seu disco seguinte, "Expresso 2222".

Desde o final dos anos 60, Gilberto Gil se consolidou como uma das mais criativas e influentes personalidades da música brasileira. Seus discos são lançados em diversos países e sua carreira internacional já lhe rendeu inclusive um Grammy na categoria Melhor Disco de World Music em 1998, pelo álbum "Quanta Ao Vivo".

Sensibilizado pelas questões ambientais, Gil foi eleito vereador pelo Partido Verde, em 88, e criou o Movimento OndAzul, depois transformado em ONG, além de protagonizar as campanhas educativas "Não deixe o mar morrer na praia" e "Praia Linda - Praia Limpa".

Gil lançou várias canções que já fazem parte da história da MPB, como "Palco", "Refazenda", "Punk da Periferia", "Sítio do Picapau Amarelo", "Drão" e "Se Eu Quiser Falar com Deus", entre outras.

Em 94, gravou o "MTV/Unplugged" e "Tropicália 2", com Caetano Veloso. Em 2000 teve seu maior sucesso radiofônico em vários anos com o xote "Esperando na Janela", da trilha sonora do filme "Eu, Tu, Eles", interpretada por Gil. No mesmo ano lança com Milton Nascimento o CD "Gil e Milton".

Neste ano, reuniu-se novamente com Caetano, Gal e Bethânia para o show "Doces Bárbaros", grupo que os quatro formaram em 1976, com shows em São Paulo e no Rio, marcando a história da MPB.

Como quase todo músico baiano, Gil participa, anualmente, do Carnaval de Salvador. No ano passado, experimentou um trio elétrico sem cordas, de acesso gratuito para toda a população. Em cima do "Expresso 2222", lançou sua filha Preta Gil na música, cantando com outros talentos jovens como Gabriel, o Pensador, Daniela Mercury, Tony Garrido, Margareth Menezes e Ivete Sangalo, entre outros.

Leia mais:
  • Gilberto Gil confirma oficialmente que ocupará pasta da Cultura

  • Gilberto Gil aceita ser ministro da Cultura, afirma PV

  • Frei Betto ataca escolha de Gil para a Cultura


  • Dê sua opinião:
  • Você concorda com a indicação?

  • Discuta o assunto com outros internautas


  • Veja também o especial Governo Lula
     

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade