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27/12/2002
-
05h33
da Folha de S. Paulo, em Paris
O diretor Peter Jackson entra na sala descalço e de bermuda. Os cabelos parecem ter sofrido os efeitos da batalha no abismo de Helm, a mesma do final de seu novo filme, "As Duas Torres". Ele senta diante dos oito jornalistas que vão entrevistá-lo sobre a aguardada segunda parte da trilogia "O Senhor dos Anéis".
O filme conseguiu arrecadar US$ 860 milhões no ano passado com "A Sociedade do Anel", o longa anterior, e já ganhou US$ 62 milhões com "As Duas Torres" apenas no último final de semana, na estréia em 6.500 cinemas nos EUA. Ao todo, a sequência vai ser mostrada em 10 mil cinemas de todo o mundo. No Brasil, o filme chega a 412 salas.
Os números contam bastante em empreitadas cinematográficas como essas. "O Senhor dos Anéis", fantasia adaptada de J.R.R. Tolkien e recheada de mitos e ensinamentos espirituais, é um investimento de altíssimo risco para a indústria do espetáculo. Jackson batalhou bastante até convencer os executivos da produtora New Line de que valeria a pena investir US$ 310 milhões no filme, o custo total da produção.
O principal rival da trilogia "O Senhor dos Anéis" nos cinemas é a série Harry Potter, cujo primeiro filme, "Harry Potter e a Pedra Filosofal", alcançou US$ 966 milhões no ano passado. Mas uma produção e outra estão ligadas como a frente e o fundo de um mesmo anel: a New Line, de "As Duas Torres", é uma subsidiária da AOL Time Warner, proprietária ainda da Warner Brothers Picture, dona dos direitos de "Harry Potter" no cinema.
"No ano passado, achamos que o estúdio não iria sobreviver. Agora estamos mais tranquilos. O efeito psicológico do sucesso do primeiro filme é maior do que o efeito prático", diz Jackson, 41.
A produtora queria que fosse feita uma introdução no filme novo, mas Jackson resistiu à idéia. "Ficaria muito parecido com seriados de TV. Eu fiz o filme como uma trilogia -trata-se de uma só e longa história. Quem não assistiu a parte anterior pode vê-la em DVD ou em vídeo", afirma. O primeiro filme vendeu 35 milhões de unidades em DVD e em vídeo.
O DVD representa também uma pequena esperança para o veterano ator Christopher Lee, 81, que faz o vilão Saruman. Ele ficou chateado com o corte de várias de suas cenas na versão final e espera que o formato volte a incluir as sequências que ficaram de fora.
Segundo Jackson, "As Duas Torres" é um filme "mais sombrio e mais forte" do que o filme precedente. "Nós quisemos tornar tudo o mais real possível."
Para obter mais realismo, ele recorreu bastante à tecnologia. A melhor coisa do filme é o personagem Gollun, esquizofrênico, feio e sinistro, criado digitalmente a partir dos movimentos do ator Andy Serkis. Gollun é uma invenção tecnológica brilhante e também o ator mais interessante do filme, ao qual foram destinadas as melhores cenas dramáticas.
Leia mais notícias sobre "As Duas Torres"
Segundo "Senhor dos Anéis" é mais sombrio, diz diretor
ALCINO LEITE NETOda Folha de S. Paulo, em Paris
O diretor Peter Jackson entra na sala descalço e de bermuda. Os cabelos parecem ter sofrido os efeitos da batalha no abismo de Helm, a mesma do final de seu novo filme, "As Duas Torres". Ele senta diante dos oito jornalistas que vão entrevistá-lo sobre a aguardada segunda parte da trilogia "O Senhor dos Anéis".
O filme conseguiu arrecadar US$ 860 milhões no ano passado com "A Sociedade do Anel", o longa anterior, e já ganhou US$ 62 milhões com "As Duas Torres" apenas no último final de semana, na estréia em 6.500 cinemas nos EUA. Ao todo, a sequência vai ser mostrada em 10 mil cinemas de todo o mundo. No Brasil, o filme chega a 412 salas.
Os números contam bastante em empreitadas cinematográficas como essas. "O Senhor dos Anéis", fantasia adaptada de J.R.R. Tolkien e recheada de mitos e ensinamentos espirituais, é um investimento de altíssimo risco para a indústria do espetáculo. Jackson batalhou bastante até convencer os executivos da produtora New Line de que valeria a pena investir US$ 310 milhões no filme, o custo total da produção.
O principal rival da trilogia "O Senhor dos Anéis" nos cinemas é a série Harry Potter, cujo primeiro filme, "Harry Potter e a Pedra Filosofal", alcançou US$ 966 milhões no ano passado. Mas uma produção e outra estão ligadas como a frente e o fundo de um mesmo anel: a New Line, de "As Duas Torres", é uma subsidiária da AOL Time Warner, proprietária ainda da Warner Brothers Picture, dona dos direitos de "Harry Potter" no cinema.
"No ano passado, achamos que o estúdio não iria sobreviver. Agora estamos mais tranquilos. O efeito psicológico do sucesso do primeiro filme é maior do que o efeito prático", diz Jackson, 41.
A produtora queria que fosse feita uma introdução no filme novo, mas Jackson resistiu à idéia. "Ficaria muito parecido com seriados de TV. Eu fiz o filme como uma trilogia -trata-se de uma só e longa história. Quem não assistiu a parte anterior pode vê-la em DVD ou em vídeo", afirma. O primeiro filme vendeu 35 milhões de unidades em DVD e em vídeo.
O DVD representa também uma pequena esperança para o veterano ator Christopher Lee, 81, que faz o vilão Saruman. Ele ficou chateado com o corte de várias de suas cenas na versão final e espera que o formato volte a incluir as sequências que ficaram de fora.
Segundo Jackson, "As Duas Torres" é um filme "mais sombrio e mais forte" do que o filme precedente. "Nós quisemos tornar tudo o mais real possível."
Para obter mais realismo, ele recorreu bastante à tecnologia. A melhor coisa do filme é o personagem Gollun, esquizofrênico, feio e sinistro, criado digitalmente a partir dos movimentos do ator Andy Serkis. Gollun é uma invenção tecnológica brilhante e também o ator mais interessante do filme, ao qual foram destinadas as melhores cenas dramáticas.
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