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30/12/2002 - 02h48

Morte de Joe Strummer promove reunião de tríade do punk rock

LÚCIO RIBEIRO
da Folha de S. Paulo

A máxima "o punk não morreu" precisa ser rediscutida depois do trágico evento de dois domingos atrás, quando um passeio com o cachorro se transformou no último ato em vida do senhor Joe Strummer, ex-líder da seminal banda punk inglesa The Clash, que entre tantos outros atos ajudou a forjar uma das mais significativas manifestações culturais, sociais e políticas da história.

Desde a tarde do último dia 22, Strummer está em companhia de Sid Vicious (1957-1979) e Joey Ramone (1951-2001). Já há, assim, a representação divina de Clash, Sex Pistols e Ramones, as três principais bandas da movimentação sonora dos anos 70 que extrapolou a música, virou tendência de comportamento, moda e influi no pensamento jovem até hoje.

A autópsia confirmou na semana passada: Joe Strummer morreu em decorrência de um repentino e fulminante ataque cardíaco. O músico, então com 50 anos, vivia em Somerset, Inglaterra.

Até o último dia 22 de novembro, Strummer estava em cima do palco. Com sua banda de "world rock" Mescaleros, encerrava em Liverpool uma bem-sucedida turnê pelo Reino Unido. Dias antes, em show beneficente em Londres, reuniu-se com o ex-companheiro e guitarrista Mick Jones pela primeira vez desde o fim do Clash.

Em Liverpool, na derradeira apresentação ao vivo de Strummer, o guitarrista tocou seis canções de seu lendário ex-grupo.

Corre no rock que, se você respirou música jovem nos anos 70/ 80 e não tem o Clash como uma de suas três bandas prediletas desde sempre, você tem sérios problemas com a cena pop.

A medida disso é dada na repercussão da morte de Strummer. O crítico do jornal "The Independent" disse que, para a geração dele, a perda do vocalista do Clash é tão ruim quando as de John Lennon ou Bob Marley.

Chocado, o megastar irlandês Bono disse que o Clash ditou as regras pelas quais o U2 traçou sua carreira. O DJ americano Moby defendeu que "Joe e o Clash fizeram música emotiva e política e desafiante e experimental e excitante e maravilhosa".

O guitarrista Steve Jones, dos fundamentais Sex Pistols, disse que Joe Strummer foi uma grande parte de todo o movimento punk.

No Brasil, nos anos 80, uma das principais bandas punk do país, a baiana Camisa de Vênus, copiava descaradamente o Clash. Hoje, correntes de e-mails pilotadas por roqueiros teen, que não eram nem nascidos quando a banda acabou, lamentam a morte.

O quarteto londrino Libertines, a banda nova mais festejada da Inglaterra, surgiu fazendo barulho em 2001 com um som que pode ser definido como uma continuação de onde o Clash parou.

O caso Libertines pode ser tratado como geração espontânea dentro do rock inglês. O líder da banda, o cantor e guitarrista Pete Doherty, 22, jura que começou mesmo a prestar atenção em Clash de uns tempos para cá.

A ligação Clash-Libertines chega ao ponto de a produção do álbum de estréia do jovem grupo, o elogiado "Up the Bracket", lançado em outubro, ser assinada por Mick Jones, parceiro de Joe Strummer no Clash.

O filme "007 - Um Novo Dia para Morrer", que estréia no Brasil no dia 10 de janeiro, presta um tributo involuntário a Strummer. Em cena que o agente secreto regressa a Londres, um longo trecho do hino "London Calling" enche o som das salas de cinema.

A Folha conversou com Joe Strummer em julho deste ano, por telefone.
 

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