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31/12/2002 - 06h26

Portinari tem quase toda sua obra mapeada em mostras pelo país

ALEXANDRA MORAES
da Folha de S.Paulo

Candido Portinari (1903-62) costuma provocar discussões sobre seu estatuto de "modernista", em um apreço pelo cubismo que não conseguiu abandonar a perspectiva, e sobre suas relações com políticos do Estado Novo, ao mesmo tempo em que não deixava de ser ligado ao Partido Comunista Brasileiro. Mas entre contradições estéticas e políticas, é inegável a importância do pintor para o cenário artístico brasileiro desde os anos 20, seja como objeto de ovação ou de crítica.

Sem maiores conflitos, os cem anos do nascimento do pintor das cenas e traços brasileiros, que serão completados em 30 de dezembro próximo, começaram já a ser lembrados. Em outubro, o governo do Rio instituiu 2003 como o "Ano Portinari" e, em novembro, os Correios iniciaram a emissão de selos comemorativos com imagens pintadas pelo artista.

Para o ano do centenário, estão previstos a inauguração de um memorial em Brodósqui (SP), cidade natal do pintor e o lançamento de um catálogo raisonné.

As iniciativas estão sendo capitaneadas pelo Projeto Portinari, sob direção de João Candido Portinari, filho do artista. "A missão do centenário é, metaforicamente, entregar uma carta aos brasileiros. Olhando a obra de Portinari, são quase 5.000 trabalhos que retratam os mais diversos aspectos da sociedade brasileira. É um grande retrato -emocionado e ao mesmo tempo crítico- do Brasil", diz João Candido.

"Mais de 95% desses trabalhos, no entanto, estão inacessíveis ao público. É como uma grande carta que não foi entregue aos brasileiros. Nossa função é entregar essa carta a cada brasileiro, onde quer que ele esteja, e mobilizar o que for preciso", explica o diretor do Projeto Portinari.

Uma mostra retrospectiva, prevista para setembro, está sendo preparada e será dividida entre o Museu Nacional de Belas Artes, a Academia Brasileira de Letras e o Palácio Gustavo Capanema. Caracterizada por João Candido Portinari como "um momento central nas comemorações", a exposição terá ao todo 400 obras e ocupará os três espaços com enfoques diferentes. No MNBA, cerca de 200 obras ilustram a trajetória do pintor de Brodósqui desde o primeiro trabalho, feito quando tinha 11 anos, até o último, inacabado, "Índia Carajá" (1962).

No palácio, vão estar documentos e os estudos feitos pelo pintor para os afrescos do prédio, que foi projetado por Le Corbusier para abrigar o MEC. Já na ABL, o enfoque vai ser a relação de Portinari com a sua geração, em retratos de escritores, poetas, intelectuais, políticos etc., num panorama, segundo João Candido, da "atmosfera que havia entre aqueles criadores, como eles pensavam o Brasil, o que estava acontecendo naquele momento".

O Masp, em São Paulo, volta a lembrar o pintor em julho, sediando "Visões Múltiplas - Portinari Revisitado", uma exposição de releituras da obra "O Lavrador de Café", de 1934. A proposta do curador Felipe Taborda é "convidar 30 artistas consagrados, entre pintores, escultores, músicos, poetas, escritores, entre outros, para a produção de leituras contemporâneas e a investigação detalhada sobre uma única obra de Candido Portinari", indo de Lygia Pape a Arnaldo Antunes, de Waltércio Caldas a Gringo Cardia.

Prevista para setembro, uma exposição na sede da ONU, em Nova York, pretende apresentar esboços e maquetes dos painéis "Guerra" e "Paz", realizados por Portinari entre 1952 e 1956. A exposição ocorre na época da abertura da Conferência Geral. A exposição vai ser levada também à sede da Unesco, em Paris.

Para o mês do aniversário do pintor, está programada a mostra "A Cidade É o Museu", com reproduções em outdoors e projeções de 20 obras de Portinari em ruas de 12 cidades brasileiras. E vale lembrar que, até 25 de janeiro, a Pinakotheke, em São Paulo, sedia mostra dedicada ao artista.
 

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