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17/01/2003 - 07h11

Missionário Romildo Ribeiro tem estilo "bossa nova" de pregação

XICO SÁ
Crítico da Folha

O missionário Romildo Ribeiro Soares, que assina apenas R.R. Soares, praticamente mora na televisão. Ele está em quase todos os canais, em todos os turnos. Sua onipresença agora chegou ao horário nobre da rede Bandeirantes. Lá, mantém o "Show da Fé", com horário comprado pelos fiéis evangélicos.

"O que são R$ 30 por mês, um real por dia", clama, ao final, para arrecadar fundos destinados, segundo R.R., ao pagamento das despesas com a atração na TV. O combate ao demônio não tem preço, como prega.

O concorrente nunca foi desprezado nas pregações de R.R.: "O diabo faz, mas cobra com juros e correção monetária".

O "televangelista", como se tratam os pregoeiros da TV, ajudou o cunhado Edir Macedo a fundar, no final dos anos 70, a Universal do Reino de Deus. No começo dos 80, rompeu com Macedo. O cisma deu origem à Igreja Internacional da Graça de Deus, que já tem emissora própria, a RIT (Rede Internacional de TV) que funciona em UHF e parabólicas com retransmissoras em quase todo o país.

Mas para tentar manter a onipresença, R.R. tem alugado horários também na CNT, Gazeta e outras emissoras estaduais.

Além do "milagre" diário - os fiéis são convocados a levar as mãos sobre dores que "desaparecem"- R.R. causou estrago nas afiliadas da Band. Algumas teimam, sob alegação de baixa audiência, em não retransmitir o "Show da Fé". O programa de Marcos Mion, "Sobcontrole", arrastado para as 21h15, também perdeu telespectadores por causa da proximidade com a pregação.

O pior, para Mion, é que R.R. não possui aquela histeria pentecostal própria do gênero. Não faz exorcismos na linha "xô capeta". Se assim agisse, poderia até esquentar a grade para a entrada dos anões e do circo do "Sobcontrole". O missionário prega em uma frequência "cool", tudo muito bossa nova, muito natural.

A aparente frieza, fuga da caricatura, talvez amplie a credibilidade. O tom sobe um pouco apenas nas dramatizações levadas ao ar. Essa semana mostrou, com atores, uma farra de jovens góticos - "tomados pelo demônio"- nos cemitérios.

Uma garota tatuada, ex-heavy metal, ex-gótica, havia se convertido à graça de R.R. Esse foi o motivo da dramatização. "Era um demônio e virou um anjinho", celebrou o missionário a chegada da nova ovelha.


Show da Fé
Quando: ter. a sáb. às 20h30, na Bandeirantes
 

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