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22/01/2003
-
04h33
da Folha de S.Paulo
Banho de água fria nos defensores de rádios comunitárias: em 14 de janeiro, foi fechada uma estação na cidade de Itabaiana, na Paraíba, pela Polícia Federal e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Depois da blitz, a Vale do Paraíba FM ganhou o título de "a primeira rádio fechada no governo Lula".
A notícia caiu como uma bomba para operadores de comunitárias e ecoou por bate-papos na internet carregada de perplexidade: mas o PT não ia mudar isso?!
Esse susto todo, aliás, era tragédia anunciada. Muita gente que trabalha com rádio comunitária acreditava cegamente que Lula, presidente, iria resolver todos os seus problemas. E mais: que mudaria tudo da noite para o dia.
Na internet, logo após as eleições, os comentários em blogs de discussão de rádio eram recheados de inocência, para dizer o mínimo. O clima era de "agora vai".
Uma das razões, claro, é a ligação histórica entre o PT e os primeiros movimentos de defesa das rádios comunitárias do país. Mas aí veio o fechamento da Vale do Paraíba FM. E de outra rádio em Brasília e três em Campos (RJ).
Essas primeiras "baixas" e, principalmente, a perplexidade que acabaram causando serão os principais focos de discussão do setor no Fórum Mundial Social, em Porto Alegre, a partir de sexta.
"Existia uma grande ilusão em torno do governo Lula e agora muitos estão desiludidos, por conta da repressão e, principalmente, em razão da falta de posicionamento do governo sobre essas questões. No fórum, nossa idéia será tentar canalizar esse descontentamento para aumentar a mobilização", diz Taís Ladeira, representante da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) no Brasil.
No fórum, será lançado o movimento "Liberte nossos Presos", que defende a liberação de equipamentos de rádios apreendidos pela PF e pela Anatel. Amarc, Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias), a rádio Muda de Campinas, entre outros, pedirão também anistia para pessoas que foram indiciadas por operar rádios sem licença do governo. Haverá ainda uma pressão para que o Ministério das Comunicações agilize os pedidos de autorização para comunitárias.
São debates relevantes, principalmente em início de governo. Mas seria bom que o fórum servisse também para questionar por que alguns chegaram a se assustar com o fato de uma rádio ser fechada no governo Lula. E 14 dias depois da posse. Será que não é hora de buscar um amadurecimento, inclusive, para admitir que nem toda rádio chamada de comunitária é "do bem"?
Polícia Federal e Anatel fecham rádio comunitária na Paraíba
LAURA MATTOSda Folha de S.Paulo
Banho de água fria nos defensores de rádios comunitárias: em 14 de janeiro, foi fechada uma estação na cidade de Itabaiana, na Paraíba, pela Polícia Federal e pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Depois da blitz, a Vale do Paraíba FM ganhou o título de "a primeira rádio fechada no governo Lula".
A notícia caiu como uma bomba para operadores de comunitárias e ecoou por bate-papos na internet carregada de perplexidade: mas o PT não ia mudar isso?!
Esse susto todo, aliás, era tragédia anunciada. Muita gente que trabalha com rádio comunitária acreditava cegamente que Lula, presidente, iria resolver todos os seus problemas. E mais: que mudaria tudo da noite para o dia.
Na internet, logo após as eleições, os comentários em blogs de discussão de rádio eram recheados de inocência, para dizer o mínimo. O clima era de "agora vai".
Uma das razões, claro, é a ligação histórica entre o PT e os primeiros movimentos de defesa das rádios comunitárias do país. Mas aí veio o fechamento da Vale do Paraíba FM. E de outra rádio em Brasília e três em Campos (RJ).
Essas primeiras "baixas" e, principalmente, a perplexidade que acabaram causando serão os principais focos de discussão do setor no Fórum Mundial Social, em Porto Alegre, a partir de sexta.
"Existia uma grande ilusão em torno do governo Lula e agora muitos estão desiludidos, por conta da repressão e, principalmente, em razão da falta de posicionamento do governo sobre essas questões. No fórum, nossa idéia será tentar canalizar esse descontentamento para aumentar a mobilização", diz Taís Ladeira, representante da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc) no Brasil.
No fórum, será lançado o movimento "Liberte nossos Presos", que defende a liberação de equipamentos de rádios apreendidos pela PF e pela Anatel. Amarc, Abraço (Associação Brasileira de Rádios Comunitárias), a rádio Muda de Campinas, entre outros, pedirão também anistia para pessoas que foram indiciadas por operar rádios sem licença do governo. Haverá ainda uma pressão para que o Ministério das Comunicações agilize os pedidos de autorização para comunitárias.
São debates relevantes, principalmente em início de governo. Mas seria bom que o fórum servisse também para questionar por que alguns chegaram a se assustar com o fato de uma rádio ser fechada no governo Lula. E 14 dias depois da posse. Será que não é hora de buscar um amadurecimento, inclusive, para admitir que nem toda rádio chamada de comunitária é "do bem"?
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