Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/01/2003 - 03h14

"Lov.e por São Paulo" une periferia e clube; 1ª festa será hoje

BRUNO YUTAKA SAITO
da Folha de S.Paulo

Eventos que reuniram milhares de pessoas, como a Parada da Paz e Skol Beats, ou a escolha da música eletrônica para embalar inúmeros comerciais televisivos, deram a dica para a Prefeitura de São Paulo, que procurava uma aproximação maior com o público. Na sua escalada como trilha das jovens massas, o estilo ganha mais um respaldo dos órgãos oficiais. O aniversário da cidade foi a data escolhida para a primeira festa da parceria entre a prefeitura e o clube Lov.e, que acontece hoje na praça da República.

Chamado de "Lov.e por São Paulo", o projeto, idealizado pela Coordenadoria Especial da Juventude, pretende levar a cultura eletrônica aos bairros da periferia da cidade. Em uma espécie de turnê, os DJs residentes da casa irão visitar casas de cultura ou auditórios de regiões carentes, onde estão programados workshops. Além de contar suas experiências como profissionais, os DJs pretendem passar noções básicas de como pilotar um pick-up.

Após o workshop, o DJ convidado toca numa festa que vai acontecer no mesmo local. O projeto, que está previsto para durar este ano inteiro, tem três datas confirmadas: 16/2, em Interlagos; 23/3, Butantã; 20/4, São Miguel Paulista. Os nomes dos DJs e locais exatos dos projetos ainda não foram definidos.

"O jovem da periferia quer frequentar as festas de música eletrônica, mas muitas vezes não consegue ter acesso aos clubes, por questões financeiras. Há uma demanda enorme por eventos gratuitos desse tipo", diz o coordenador, Alexandre Youssef, 27.

Criado em 1998 na Vila Olímpia, o clube Lov.e logo tornou-se referência na música eletrônica, com noites dedicadas ao tecno, drum'n'bass e house, com preços de entrada que variam entre R$ 20 e R$ 30. Alguns dos DJs e produtores mais badalados do exterior passaram pela casa, assim como os principais DJs do Brasil, muitas vezes residentes do Lov.e.

O projeto inclui ainda a criação de uma escola de DJs, prevista para funcionar durante o dia, na própria danceteria. Com turmas de 20 pessoas, o projeto vai dedicar algumas vagas gratuitas aos jovens da periferia.

"Os chamados "cybermanos" são um fenômeno muito importante porque eles possuem uma maneira peculiar de combater o preconceito em relação a classe social. Em eventos gratuitos, como a Parada da Paz, vemos a capacidade democrática da música eletrônica de reunir jovens de diferentes classes", diz. "Talvez esta seja a principal cultura emergente na cidade; em alguns bairros, é um fenômeno ainda maior que o hip hop e o rap."

O surgimento de ídolos como Marky e Patife, casos notórios de DJs que saíram da periferia para fazer sucesso no exterior, também inspirou o projeto. Vale a analogia com a profissão de jogador de futebol como meio de escalada social. "Há na cidade a criação de novos tipos de profissões. O DJ é um desses ofícios. É uma possibilidade de geração de renda, de sobrevivência para muita gente", diz Youssef.

A festa de hoje (sem workshop) terá os residentes do Lov.e Marky, Mau Mau e Renato Cohen, que levam o tecno e o drum'n'bass à praça da República, em frente a Secretaria da Educação.

"No começo dos anos 90, havia muitos clubes na periferia, como o Sound Factory. Naquele tempo, as pessoas tinham acesso porque os preços dos ingressos eram baixos. Com o tempo, a cultura eletrônica ficou restrita ao Jardins", conta o DJ Mau Mau.

"Eles não precisam beber para se divertir: se estão na festa, é porque estão realmente gostando", explica o DJ, quando perguntado sobre as diferenças entre os públicos. "A atitude adolescente deles é algo autêntico, tem a ver com auto-afirmação."

LOV.E POR SÃO PAULO. Festa com discotecagens dos DJs Marky, Mau Mau e Renato Cohen
Onde: pça. da República, s/nº, região central
Quando: hoje, às 15h
Quanto: grátis

Leia mais sobre o aniversário de São Paulo
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página